Páginas

Tradutor - Translate

sábado, 19 de novembro de 2011


Boa matéria do Merval do dia 19/11/2011 no Globo, vale ser lida.
Mas a raiz da questão me parece clara: a dependência indesejada e podemos dizer até inconstitucional dos poderes do estado brasileiro.
O legislador é um fisiológico nato desde a vinda do nosso indesejável D.João. Trabalha com olhar interesseiro para o executivo e não para o povo. Depois da República, com a possível alternância de poder passam a se dividir em dois grupos, polares, dos prós e dos contra. Hoje temos muitos partidos, mas ainda só os dois grupos. A paixão mediocrizante só enxerga polos, não tem a sutileza de ver os intervalos entre eles.
O Presidente da vez se comporta mais como um rei que como um funcionário público cuja delegação de poder fora conquistada com votos, infelizes na maioria das vezes. Não vê a coisa pública como seu objetivo maior, mas a sua sustentabilidade política ameaçada sempre pela mesma falta de interesse público que se instala nos outros dois poderes. É um tal de cada um pra si e ninguém para todos, pois nós, a maioria do tal "todos" somos abandonados por esses que se dizem líderes. Delegamos a eles poderes pelo nosso voto infeliz, e somos corresponsáveis pelas mazelas nacionais.
A Justiça então, ao ter seus mais altos escalões nomeados pelo Presidente-Rei, já tem em cada um de seus membros uma conduta de fiel-escudeiro, claro que não declarado, mas são todos tendenciosos pois tiveram sua boquinha no poder perpetrada por este ou aquele mandatário. É, perpetrada pelo forte interesse dos que deixaram o poder em ter alguém por lá que os defenda, que esconda suas falcatruas.
Nossos 3 poderes, mesmo que republicanos, estão na inconstitucionalidade pois mantem uma interdependência que os empurra ao fisiologismo, ao favorecimento pessoal e à corrupção quando se trata de atores externos (por vezes nem tanto externos assim) ao estado.
Isto se comprova em todas as esferas do estado brasileiro.
Não existe município ou estado que esteja livre desses males.
São cidades querendo aumentar o número de vereadores e em muitas delas o povo se reunindo para impedir esse aumento de seu número. Prefeitos, presidentes de Câmaras Municipais e Secretários de pequenas, médias e grandes cidades a sendo cassados, muitos sendo (claro que temporariamente) presos, mostrando muitas vezes cúmplices familiares. Quadrilha que se reúne cotidianamente ao jantar. Um descalabro. Quadrilhas às vezes permanentemente no poder como o clã dos Sarneys que deve o desplante de dizer que é normal um helicóptero do estado maranhense (o pior nível salarial do país segundo pesquisas publicadas ontem) leva-lo a sua ilha particular e deixar um moribundo à espera. É definitivamente o Rei do Maranhão, ou seria Acre?
Estados como o  Distrito Federal, com um governo imundo, cujos governantes se mantem relativamente impunes com a ajuda das quadrilhas montadas no congresso que conseguem ter a cara de pau de inocentar a Sra. J.Roriz, argumentando que fora sim indecorosa e desonesta, mas antes de ser deputada. Céus é uma afronta à cidadania pensante, que acredito estar em franca extinção.
Resumindo, um povo muito mal acostumado com a ideia de Corte aceita tudo de forma pacífica. Corte que acredito resuma bem esse estado promíscuo e atrasado em que vivemos no Brasil.

Reverter esse quadro é missão para novas gerações, hoje os atores estão todos muito comprometidos.
Mas depois do resultados divulgados sobre nossas universidades fico na dúvida de quando teremos novas gerações com força e competência necessárias.

É definitivamente somos o país do futuro... longínquo futuro pelo andar da carruagem.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Roçando a Rocinha

A ocupação da Rocinha e do Vidigal teve um planejamento que não sei dizer se estratégico ou midiático apurado.
Na introdução a prisão do Nem e mais alguns chefões.
Prisão sem querer?
Por sorte.
O cara já havia fugido dezena de vezes, é safo e foi pego num portamalas, numa mera blitz?
A história do delegado que chega para redirecionar o destino do comboio também é para lá de estranha.
A morte da funcionária do afroregae (que frequentemente entra nas intermediações tráfico-sociedade) também pouco divulgada não terá algo a ver com todo esse show.
Achei um tanto midiática essa ocupação, não acham?
As casas dos chefões vazias (mudancinha rápida essa)!
Nenhuma resistência.
A mim parece que estava tudo combinado previamente entre os principais atores, ou seja a polícia e seus coadjuvantes, a imprensa, os traficantes e os políticos envolvidos.
Saiu todo mundo bonitinho na foto, salvo engano meu até o Nem esboçou um sorriso sarcástico numa daquelas tomadas maravilhosas de algum repórter cinematográfico.
Ah! sim, o resto da população, aqueles que realmente deveriam contar para o poder público, esses ficaram à mercê da própria sorte… será isso!
E enquanto a UPP não se instala eles, os favelados (ops desculpem o termo politicamente incorreto), ficam subjulgados aos homens truculentos que fazem a segurança e a limpeza da área.
Algo muito temeroso.
Em tempo, o que está sendo feito não tem nada de excepcional, só corrige um erro de atuação do poder público que se inicia, décadas atras, com a tolerância à ocupação destas áreas de risco da cidade antes Maravilhosa, por favelas que não permitem um vida digna para seus ocupantes, um poder público que, apesar de tolerar a ocupação irregular, não as reconhece como espaço urbano sujeito a muitos dos serviços obrigatórios que este deve ofertar. Algumas excessões audaciosas me permitiram ver um prédio do tempo dos CIEP´s lá instalado. Mas é pouco.
Está bem, melhor não ter tido que usar a força.
Melhor um acordo que uma boa demanda.
A mídia agradece, e com ela a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016.
Mas e depois?
Será como na África do Sul?
Quem viver verá...

domingo, 16 de outubro de 2011

Protestos lá e cá, a causa é comum?

O homem é um péssimo observador de seu cotidiano.
Enxergasse um pouco mais veria que estamos afundados em um caos em que as pretensas lideranças estão se mostrando incapazes de resolver.
Com essa tendência direitista que ocorreu nos países líderes da Europa e sua cumplicidade com o estelionato que o poder econômico (principalmente os bancos mas não só estes), se acirraram as contradições de um modelo econômico que menospreza o ser humano no seu equacionamento.
Nós, os cidadãos normais, somos designados como consumidor, força de trabalho, capital humano e tantas outras denominações técnicas que camuflam nossa característica básica: ser a força motriz que faz as coisas acontecerem.
Sem nós, idiotizados por esse modelo, não haveria economia esse é o fato.
Ontem, dia 15/10/2011 nós os cidadão "idiotas" começamos a colocar a boca no trombone para reclamar. Na maioria dos países contra a associação entre os governos (inclua-se aí toda a classe política) e os bancos, numa ação no mínimo criminosa.
Para supostamente superar a crise começada com o estelionato dos bancos americanos no financiamento dos títulos podres de lá, todos os governos do primeiro mundo ofereceram dinheiro para salvar seus bancos da falência.
Mas com que dinheiro, se os governos estão todos endividados com esses mesmos bancos que agora quixotescamente se dizem salvadores?
Não tinham dinheiro para fazer essa nobre ação.
O tal dinheiro é na verdade uma promessa de arrecadação de impostos que nós os cidadãos iremos pagar para financiar a quadrilha toda.
Quer dizer que o sistema político-econômico-financeiro estava e está mentindo sobre suas decisões.
Estão se dizendo responsáveis e heróis para os idiotas aqui, mas na verdade estão se locupletando de cada nova chance de engordar seus próprios bolsos e nada mais.
Todos leram que os diretores dos tais bancos ajudados nos EUA retiraram polpudos bônus justamente deste dinheiro que no final é só nossa promessa de pagar impostos.
Roubaram um dinheiro que na verdade nem existia ainda.
E agora, temos o desmembramento da mesma crise, pois o tal dinheiro de mentirinha não existindo, faz com que os governos comecem a falir.
Esse é o termo que no mundo real se deve usar.
Os mais fracos e desorganizados vão antes, mas no final todos acabarão por se mostrar derrotados.
Os governantes sabem disso e daí sua incapacidade de agir. Devem se perguntar: para que?
Mas a grande virada está no povo começando a ocupar as ruas, inspirados em modelos vitoriosos de populações se rebelando contra poderes totalitários e violentos que vimos na primavera árabe, parece que todos, do mundo todo, estão acordando e começando a gritar contra essa sujeira em que se tornou a governança do mundo atual.
E nisso, nossa gritaria contra a corrupção tem as mesmas bases que a gritaria do resto do mundo contra a associação governo-capital.
No final, trata-se, nos dois casos, de denunciar a promiscuidade entre os atores políticos e econômicos que vivem de se aproveitar da fé dos cidadãos que delegam a eles o que não deveriam delegar: seu destino.
Ouvi na rádio hoje um argumento de alguém que defende o sistema atual argumentando que se os governos não ajudassem os bancos e esses não pudessem pagar suas contas, o sistema todo ruiria, os financiamentos acabariam, e o povo iria promover uma corrida aos mesmos para sacar seu dinheiro e por fim os bancos faliriam.
É um argumento de quem não consegue enxergar além do paradigma atual que define o papel dos bancos.
Ao que consta, os bancos se prestam a guardar nosso dinheiro e poderiam investi-lo de modo a nos pagar juros por esses depósitos e com isso financiar o desenvolvimento do sistema econômico público e privado.
Aqui no Brasil nenhum banco paga dividendos pelos saldos alocados em nossas contas, cobram sim juros astronômicos se ficam negativas.
Emprestam nosso dinheiro a juros altíssimos, garantindo uma lucratividade que fica toda como propriedade dos próprios bancos, nada desses lucros é dividido com os possuidores do dinheiro, a menos que se invista em algo proposto pelos bancos que normalmente renderá uma pequena fração da remuneração conseguida por eles.
Ora, os bancos deixaram de ser agentes do desenvolvimento para se tornarem agentes do enriquecimento de uma casta de inescrupulosos agiotas. Essa é a verdade.
O pior de tudo é que aqui no Brasil os bancos públicos seguem o mesmo paradigma dos privados. Pouco muda no seu modelo de negócios.
Quer dizer, se os bancos falissem, claro que seria um caos, mas se um plano decente, que visasse a melhoria da qualidade de vida de todos, fosse colocado em prática para substituir essas operações praticamente criminosas, haveria um renascimento no processo de crescimento econômico que tivesse um olhar voltado para a melhoria da qualidade de vida de todos, não só de uma casta de larápios que se instalaram nas instituições financeiras e nos governos.

Mas voltando aos movimentos contra o sistema que estamos vendo ao redor do mundo, vemos que tentam, e devem conseguir, mobilizar o ser humano que está por trás do cidadão essa figura meio abstrata passível de ser misturada num liquidificador e ser denominada massa, consumidor, eleitor etc..
E é o ser humano que está realmente mostrando seu sofrimento, seja por carências básicas, seja por indignação ao ver a ação desta grande quadrilha internacional que hoje comanda as instituições do sistema capitalista.
Sim, o processo tal como está instituído agora é aleatório e pode não levar a nada.
Mas dependendo da sua continuidade, poderá atingir seus objetivos.

Este movimento poderia criar uma nova visão talvez meio anarquista, pois há um processo rápido de comunicação que permitirá que tomemos também decisões rápidas e baseadas na real vontade dos envolvidos, e não em processos eleitorais que fraudam a realidade para nos fazer votar em figuras de marketing, e não nos políticos reais que irão, na sua grande maioria, defender seus interesses próprios e não a coisa pública.

domingo, 4 de setembro de 2011

Oba! Economia sem economistas...

Gostei do Tombini ter tombado os juros nos tais 0,5%. Sei não foi ele, foi o COPOM, mas dá no mesmo.
Tudo bem, ainda somos os juros mais altos do mundo, mas algo mudou.
Eu não tenho competência para julgar se a atitude é certa ou errada.
Sei que é certa porque olho para quem está reclamando, e o porque da reclamação.
Diz a imprensa que é o mercado que reclama.
Mas quem é o mercado?
Mercado não é uma figura abstrata como gostam de se mostrar.
O Sardenberg bem o resumiu outro dia na CBN dizendo que é composto basicamente por instituições financeiras, corretoras e seus investidores, somam-se as empresas de capital aberto com ações na Bovespa, e um monte de consultorias que vivem de dar palpites bem pagos (às vezes mais que palpites como podem atestar o Zé Dirceu ou o Palocci), o resto é resto, inclusive nós que somos a parte do mercado encarregada de consumir e mover a roda da economia e uma pequena minoria de nós que investe deste ou daquele modo conforme recomendação de um dos agentes acima, enfim, nós não contamos.
As reclamações dos tais agentes do mercado, por sinal muito reais senão não reclamariam, basicamente é a seguinte: "TODOS nós acreditávamos que o BC iria manter a taxa de juros porque bla, bla, blá. Não está certo fazer coisas contra nossa expectativa. O que iremos falar para nossos clientes (isso eles não dizem em alto e bom tom)".
Analisemos um pouco os tais reclamantes:
1.     Instituições financeiras
Basicamente bancos múltiplos, de crédito ou de investimentos.
No Brasil, os bancos trabalham exatamente como qualquer agiota trabalha no resto do mundo (e aqui também).
Colocam uma sobretaxa exorbitante nos juros pagos pelos clientes alegando o problema da inadimplência. Isso é exatamente o que dizem os agiotas, só que esses não têm regulamentação e visam somente os seus interesses particulares.
Não são instituições públicas ou privadas legalmente constituídas e regulamentadas pela lei e pela ética, claro que visando lucro. Mas o que acontece aqui é que esse lucro dessas instituições um escândalo, abafam o consumo, o investimento e deixam-nos de pires na mão.
E o PT do Lula (e acho que da Dilma não será diferente), que tanto reclamava disso antes de chegar ao poder age beneficiando essas instituições como “nunca antes neste país”.
O discurso era puramente eleitoreiro, estando no poder o PT se comportou igualzinho a tudo o que houve antes.
E essa história de distribuição de renda, de investimentos sociais não passa de balela. Todos sabem.
Voltando ao tema: se os agiotas, perdão, os bancos, reclamam. Julgo ser um ponto a favor do Tombini.
Quando o sistema bancário brasileiro estava ruindo, o governo FHC foi socorrê-los com dinheiro público do PROER (dizendo defender os “interesses deste pobre povo sofrido”), quem pagou fomos nós.
Ninguém me perguntou se eu queria ajudar bancos e banqueiros.
Eles nunca me ajudaram porque teríamos que ajudá-los com dinheiro público?.
Quando pessoas inescrupulosas do lado das instituições e do governo, jogaram fora quase 5bilhões de reais para socorrer uma financeira, ninguém é punido. Ah! Sim a presidente da CEF Maria Fernanda pediu as contas, e ficou tudo por isso mesmo.
Dinheiro grosso jogado nas mãos de um empresário que domina a segunda grande mídia televisiva brasileira e que pode ter um “olhar mais benevolente” para as ações de governo e mesmo eleitorais.
Ou seja, as reclamações das instituições financeiras são definitivamente aqueles que devem ser tidas como elogios à uma determinada decisão que as afete.
Ah! Ainda devemos lembrar que elas, mesmo quando o tal mercado vai mal e nós, os bestas consumidores, consumimos menos, ganham muito num porto seguro que é o título público. Portanto, quanto mais alta a SELIC, mais lucro eles tem.
E agora vem o COPOM e mostra que não agirá mais de acordo com o hábito instituído? Assim não dá né Sr. banqueiro?
O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que são os bancos públicos que podemos considerar responsabilidade da nação não precisaram da ajuda do PROER, ao menos na escala dos demais.
São esses dois bancos que devem ser representar a mão forte do governo na implementação de suas políticas públicas.
Isso foi usado acertadamente pelo governo Lula quando os colocou a financiar o consumo. O erro foi o tipo de bem a ser financiado, mas isso é outra história.
2.     Corretoras e Consultorias:
Na seqüência dos reclamantes, as corretoras e consultorias, formadas na sua maioria por economistas, reclamam principalmente que o que se esperava não foi o que ocorreu, e com isso seus pareceres falharam.
Mas vamos ser honestos, quando elas acertam de verdade?
Os economistas dizem que esta, a economia, é uma ciência com forte viés humano em relação à técnica, e por isso justificam sua imprevisibilidade. Bom se tudo pode ser, que ciência é essa?
Os economistas falharam quando o FMI e agencias reguladoras americanas não previram falência (quase anunciada) dos bancos americanos.
Estes financiavam bens olhando somente para a possibilidade (teórica) do credor pagar. Quando isso não aconteceu, os bens não cobriram os saldos devedores e o sistema financeiro ruiu.
E junot com ele perderam velhinhos aposentados (para exemplificar os “investidores”) de todo o primeiro mundo.
Todos os economistas "foram pegos de surpresa", ficaram catatônicos!
Céus o que está acontecendo? Diziam eles.
Quer dizer, é uma categoria profissional que não passa de palpiteiros engravatados, com muito medo de perder a boquinha de dar palpites caros e entrevistas vazias para a mídia.
De novo, a reclamação de corretoras, consultorias e afins, agentes que agem somente no interesse corporativista em que estão inseridos, representa ponto positivo para o Tombini... eu sei COPOM, mas gosto de pensar numa pessoa e não num colegiado meio despersonalizado.
3.     Consumidores e investidores diluídos
Nós os consumidores não temos a menor noção para julgar o fato em si, e cabe-nos o perdão da omissão sobre o tal rebaixamento da SELIC.
Se investimos, o fazemos através dos agentes acima e sob sua orientação, para não dizer responsabilidade.
Resumo
Em resumo, eu que sou sempre muito crítico em relação às posturas práticas do PT, acho que a direção que a presidente está dando pode ser interessante.
O erro foi colocar o Mântega se derretendo mais uma vez tentando dizer que nada tinha sido mudado e que o Tombini e seu COPOM não sofreram influência nenhuma do Planalto.
Que bobagem, ele fica parecendo o garotinho mentiroso da turma que é escolhido para ir falar com o dono da vidraça quebrada.
Seria da maior importância que a presidente (o termo é dela) ao invés de ficar falando quase que lateralmente na questão da crise que vem do primeiro mundo, definisse com mais clareza e profundidade uma postura nacional a ser adotada para enfrentá-la.
Não é ela que quer passar a imagem de durona?
Pois o momento é grave, muito mais do que se comenta, e não temos tempo para perder em firulas.
Não precisa ser nenhum gênio para saber que o mercado americano e o europeu, que sustentam o consumo mundial não irão crescer nada na melhor das hipóteses. O que pode realmente acontecer é uma recessão.
A conseqüência imediata deste processo é um fechamento das economias tentando primeiro assegurarem seus empregos e renda (hoje fortemente baseada na exploração de seus negócios em terras terceiro-mundistas).
Sem compradores nossas exportações para esses mercados irão sofrer mais ainda do que sofre hoje com a “supervalorização” do real (outra grande falácia espalhada ao vento por todos os agentes que circulam no tema econômico).
Sem seus compradores, a China “nosso maior parceiro comercial” deixará de ter para quem exportar (a menos para nós idiotas que consumimos produtos deles de má qualidade e produzidos com mão de obra quase que escrava). Sem suas exportações não importarão nossas “comodities” (eita termo besta para designar bens primários), e sem renda lá se vai o brilhantismo da Vale e dos plantadores de soja.
Ou seja, em tempos de crise, temos que olhar para nossos umbigos e vermos quais nossas alternativas dentro de um universo mais restrito que é nosso país.
É o que todos fazem.
A xenofobia que vemos se alastrar nos EUA e na Europa, é típica desse tipo de crise, que ao restringir a empregabilidade, quer reservar até as vagas antes desprezadas por serem “trabalhos subalternos” para seus cidadãos mais “legítimos”.
Isto prova que estamos num tempo do salve-se quem puder, tenho muita dúvida se a EU irá se sustentar com a derrocada de economias mais fortes como a espanhola ou mesmo a italiana.
Conclusão
Falta aos governos petistas um projeto para a nação.
Tanto queriam o poder, que o povo os elegeu, mas fora as condutas populistas e pouco sustentáveis, nada está sendo feito para se construir uma nação melhor.
Concordo com a presidente que diz que a questão da honestidade no trato da coisa pública não pode ser objeto de uma simples faxina, mas uma ação contínua definindo uma boa norma de gestão.
Mas não foi isso o que vimos na gestão do Lula, e as demissões dos ministros e seus comparsas não são suficientes para que o povo passe a acreditar nesse discurso.
É fundamental que se veja os meliantes de colarinho branco condenados e presos, assim como os corruptores (que ninguém menciona quem são) que fazem parte da mesma quadrilha, e o dinheiro público devolvido aos cofres de uma nação que carece dele para manter vivos boa parte de sua população, declarada miserável pela própria presidente.

Mas voltando ao tema.
Acordado que o COPOM agiu bem, fiquei sonhando com uma realidade onde essa conduta se acentuasse.
Diz a ortodoxia econômica que os juros altos seguram a inflação.
Isso é uma falácia, pois temos os juros mais altos do mundo, e uma inflação que na AL só deverá perder para a Argentina e Venezuela que são países com gestão econômica digamos "pouco séria".
Portanto deve haver outros modos de segurar a inflação sem que seja somente pela taxa SELIC.
Uma reforma administrativa precisa urgentemente ser feita no estado brasileiro.
Isso sim poderá segurar a inflação.
Vemos nosso PIB crescer ano a ano, a arrecadação de impostos bater recordes nunca imagináveis, mas o nosso estado consome tudo na incompetência e ineficiência, na corrupção, num legislativo e judiciário que prima pelos interesses de seus próprios, num empresariado que se relaciona com o governo num processo promíscuo que chega a ser nojento. Financiamos os maiores disparates pelo BNDEs (é assim mesmo o s está sumindo da sigla) favorecendo o capital já instituído sem termos contrapartida de nada.
O Lula tinha razão sobre o mensalão não foi o primeiro, e como estamos vendo, nem o último. Aliás, ultimamente a cada semana temos um novo escândalo de malversação do nosso dinheiro. e não é só na esfera federal não, a pouca vergonha escorreu em  todas as esferas de governo.
Aqui em Curitiba assistimos denúncias na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal, sendo atacadas com uma desfaçatez que é de assustar.
Uma regra simples de gestão que é não gastar mais do que se arrecada romperia com esse círculo vicioso de pagar altas taxas para financiamento de um governo cuja gestão está apodrecida já de muitas gestões atrás. Não é culpa só do PT, mas ele, que sempre gritou e esbravejou contra a corrupção na prática está se mostrando mais leniente com ela que qualquer outro governo anterior.
Continuando com sonho, se os bancos não tivessem mais esse porto seguro que é a SELIC, começariam a fazer sua função que é financiar o consumo e o investimento produtivo, a juros que permitissem um crescimento sustentável, e uma mudança radical de paradigma.
Claro que de boa vontade não farão isso, mas ha de chegar o momento em que um governo os convoque para uma postura mais voltada ao bem comum e à construção de uma nação próspera, ao invés de ficar sempre como um explorador desesperado com medo que a boquinha acabe.
Mas contra a má vontade dos bancos privados, temos os estatais para implementar saudáveis políticas de redirecionamento econômico.
Usá-los é medida que já se mostrou eficaz e pode-se acreditar que os bancos privados virão atrás como estão fazendo, para exemplificar, com os financiamentos de casa própria para populações de mais baixa renda.
Mas qual o que, o sonho acaba e amanhã o novo escândalo que for publicado nos colocará novamente a discutir o novo golpista do governo e esquecer que temos uma nação a construir.

domingo, 26 de junho de 2011

Intelectualidade petista.

A dita intelectualidade petista tem sim uma posição coerente, antiquada mas coerente.
Defendem um regime totalitário, baseado em um estado forte, como provam suas ausentes críticas a regimes deste tipo como o Cubano, Chinês, Iraniano e Venezuelano, entre outros.
O Sr. Marco Aurélio Garcia é um dos principais maestros destas, por assim dizer, bobagens se me permitem.
Definido o objetivo, quaisquer meios passam a ser aceitos para lá se chegar.
Adesão ao neoliberalismo de FHC para se eleger, aliança com o capitalismo nacional de forma aberrante (nunca neste país nossos bancos lucraram tanto como no governo petista), a promiscuidade entre governo e empresas, tudo isso faz parte das "concessões necessárias" para se chegar ao objetivo final.
O problema é que o dinheiro vicia, Zé Dirceus, Delúbios e Paloccis se multiplicaram no PT, enriqueceram e acabam por esquecer aquele objetivo final... - qual era mesmo? se perguntam com a maior cara de pau.
A gestão petista virou um salve-se quem puder.
Quem pode mais leva mais, é isso o que assistimos nas várias esferas de governo em que o PT se instalou.
É uma vergonha, e se alguém que se intitula intelectual e aceita esse tipo de coisa, sinto muito, mas não pode ser considerado como tal.
Não existe lógica sem ética. Nasceram juntas, são indissociáveis.
Quando a ética se vai, junto vai a lógica.
Um intelectual não pode prescindir desta última, base de qualquer sistema cognitivo.
Por decorrência, não pode prescindir também da ética.
Não pode aceitar mentiras como as que vemos os petistas ditar e desditar de forma contumaz.
Não, não consigo acreditar numa intelectualidade petista.
Ou uma coisa ou outra.
O pragmatismo Lulista deve te-los expulsados, ao menos os reais intelectuais, aos falsos cabem-lhes as honras da farsa instituida.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Brasil e sua Corte pós-moderna

Deve-se ao covarde D. João VI a fundação efetiva de nosso país.
E desgraçadamente, carregamos até agora todas as mazelas deste mito fundador lastimável.
Nossa independência foi absolutamente dependente dos acordos pai-filho, que entrelaçaram interesses brasileiros e portugueses.
Hoje vivemos na mesma corte fundada por esses personagens da história.
Não chegamos nem à república, haja vista que é o Executivo que determina as altas hierarquias do judiciário, e através da distribuição de cargos e verbas públicas comanda um legislativo que deixa muito a desejar, muito não, tudo a desejar.
E essa corte tem estrutura feudal como as de outrora, sendo estes baseados não mais na terra nas nos nichos econômicos em que a sociedade moderna se estruturou. Feudos hereditários.
Concessões midiáticas, banqueiros exploradores, economia rural totalmente segmentada por produto sem projeto, empreiteiras desonestas, classe política corrupta e permanente, e por aí vai, não é necessário ficar listando nossas sujeiras, são públicas.
Acho que está na hora de uma reforma política de verdade.
Primeiro: precisamos fazer uma escolha clara pela república baseada na independência dos poderes e com isso mudar tudo  o que de promíscuo vemos nas ações que ocorrem entre eles.
Segundo: temos que ter claro qual o papel de cada poder no estado, e de como podem funcionar  melhor cada um deles, exemplifico:
  • O executivo deve somente executar a gestão da coisa pública de acordo com os ditames definidos pelo legislativo, levando-se em conta que até a estrutura do estado que a nação deve ter deve ser decidia por este, e não por um presidente que para abrir espaço para acomodar os fisiológicos multiplica essa estrutura a ponto de termos um Ministério da Pesca (a continuar assim teremos um Ministério do Anzol). Deve ser montado em uma estrutura hierárquica, com cargos preenchidos por concursos tanto para acesso como para promoções, chegando no caso das mais altas escalas a decisões por votos e gestões de curtos ciclos de permanência.
  • Ao legislativo cabe definir o arcabouço legal que estrutura de nosso estado, suas funções, métodos e orçamentos. Deve também definir um projeto de nação que desejamos, contemplando todos os subprojetos que nunca saíram de papeis mal lidos. Como será nossa educação, nossa saúde, a infra-estrutura necessária e sua governança, as atribuições claras de cada esfera de governo eliminando sobreposições ridículas como ter duas forças policiais em nossas grandes cidades, fora a separação não menos ridícula entre civis e militares. Um legislativo não profissionalizado, onde um político só pode exercer um tipo de cargo uma só vez, e com uma estrutura muitíssimo menor que a que hoje dispomos para vereadores, deputados e senadores. Servir à nação deve ser uma proposta mais diletante que um modo de se “arrumar na vida” como hoje se pratica. Esses políticos precisam ser eleitos por modo direto ou indireto, desde que respeitada a vontade dos eleitores que imprimiram os escalões mais baixos da hierarquia. O voto não pode ser obrigatório, todos sabemos disso, inclusive os políticos atuais que o mantém assim por puro interesse pessoal.
  • O judiciário, livre de ingerências dos demais poderes, deveria ter uma hierarquia meritocrática definida em lei, e com metas e estrutura definidas pelo legislativo como parte da estrutura da nação que queremos. Temos instâncias demais a recorrer fazendo da própria justiça uma arma a ridicularizar a si mesma. Quando se pode recorrer a várias instâncias para revisar sentenças dadas nas inferiores, ao se constatar o acerto destas últimas, o réu bem que poderia ter sua pena fortemente agravada, para coibir casos como o de réu confesso que fica 13 anos recorrendo judicialmente de seu julgamento.
Mas não será a classe política atual que fará essas reformas necessárias pois é, salvo poucas e honrosas exceções, desonesta.
Desonesta porque mente para seus eleitores.
Desonesta porque muitas vezes é corrupta e trabalha para seu favor pessoal com um tráfego de influência como se expressa bem a ação do ex-ministro da C.Civil (que não era diferente de tantos outros), e a briga por nomeações nos cargos de confiança do executivo.
Desonesta porque usa dos partidos para fins eleitorais, desprezando-os no decorrer de seus mandatos. Não há ideologia nem proposta objetiva para a nação nestes partidos.
Se não podemos contar com os políticos, fica a questão de onde poderá vir a mudança fundamental que o país precisa promover para fugir desse desgraçado mito fundador que atrasa-nos sempre e sempre?

domingo, 24 de abril de 2011

Queda do dolar ou da economia americana?

A crise americana não era só financeira, foi uma crise do capitalismo americano.
Consumir é o que importa, mesmo que o endividamento seja necessário.
Mas o endividamento tem limites:
  • a capacidade de pagamento do financiado, e 
  • a vontade de emprestar do financiador.
Esses dois limites foram extrapolados por lá.

Na incapacidade de pagar os empréstimos (imobiliários, de bens duráveis por exemplo), os americanos devolviam o bem que na realidade mostrou-se com valor bem abaixo daquele financiado.
Para os bancos não quebrarem o governo lhes injeta dinheiro público (que na prática não existe), emite moeda e essa se desvaloriza. Isso até D.João VI que era menos inteligente fez aqui no Brasil.
O título podre dos bancos foi então pago com o dolar podre emitido a esmo para atender vontades políticas.

Quem financiava o consumo americano no mundo acabou no prejuízo.
Não quer financiar mais, a menos que queira ser o bobo da corte.

Aí o segundo limite foi esgotado.
A enconomia americana está sem saída.
O dolar apodrecendo dia a dia.
A economia mundial sabe que essa moeda de referência está fadada ao limbo.
Esboçam-se propostas de substituir o dólor como moeda de referência por uma cesta de moedas ou uma nova referência aceita mundialmente, provavelmente desvinculada deste ou daquele país.

O que vale é que estamos vendo o declínio do poder americano, que por gigantesco, tem um movimento inicial mais lento, menos perceptível, mas que irá se acelerar gradativamente.
Estão se batendo também por questões internas que acabam por corroer mais ainda sua economia.

Sua influência política desgastada não permite mais os arroubos Bushinianos de sair invadindo e bombardeando quem quisesse, a torto e direito, passando por cima da ONU, só para agradar seus amigos produtores de armas ou ligados ao petróleo.
E não permite tais arroubos não só porque um democrata está no poder por lá, mas também porque sua economia não tem mais fôlego para tantas e custosas bravatas.
Estão em declínio e precisam conter gastos, até os militares.

Na constrapartida, a segundona China vem crescendo como uma tresloucada, num regime de capitalismo-estatal-totalitário com economia artificial, mas vem crescendo.
Não me parece que seja também um país equilibrado.
Sua economia está baseada não só na escala de produção, mas também numa mão de obra muito, mas muito mesmo, mal remunerada. É quase trabalho escravo em alguns setores.
 A exemplo do oriente médio e norte da áfrica onde as populações começam a acordar contra a baixa qualidade de vida, a China cedo ou tarde receberá esses áres do "quero mais".

Ou seja, o modelo de capitalismo chines, se é que pode ser chamado assim, também está orientado para o insucesso.

A Europa anda numa crise que não deve terminar muito rápido.
Grécia, Irlanda e Portugal já foram à  bancarrota.
Outros como Espanha e Italia talvez acabem vindo na seqüencia, mas isso não é só culpa da má gestão econômica destes países, é decorrência do modelo econômico.

O resto das economias importantes, que orbitam essas três citadas estão hoje à mercê das escolhas feitas por elas.
Nós como parte deste último grupo, precisaríamos de gente de muita competência e coragem para procurar outras vias, talvez menos ortodóxas, para tentar uma saída sem afundar junto com a economia mundial.
Mas acredito que falta ao nosso governo esses fatores, além do que nossos políticos tem ética muito duvidosa, e preocupam-se mais em como se manter no poder e continuar se locupretando com o erário público do que na nação brasileira.

Estamos na maior revolução econômica de toda a história da humanidade.
Por ser muito complexa, e por estarmos imersos nela, não temos capacidade de análise suficiente para a entender.
A história contará, foi assim com as antecessoras.
A humanidade só avança com as crises, infelizmente...

domingo, 13 de março de 2011

Covas, a falta que nos faz.

Nos 4 anos em que foi prefeito de sampa, eu assessor parlamentar, tivemos muitos bons momentos.
Homem honrado, ético, teimoso mas com flexibilidade inteligente.
Não segui carreira política a seu convite, pois não vi no meio a mesma dignidade que ele tinha, e nunca mais entrei em Câmaras Municipais ou Assembléias.
Sinto saudades… dele e de outros como Montoro e Ulisses, que não deixaram sucessores à altura.
Sinto saudades do tempo em que os melhores da sociedade queriam se tornar homens públicos por princípio. Hoje vejo, com raríssimas exceções, os piores a ocupar esse lugar.
Está na hora de fazermos um novo Brasil, já perdemos tempo demais com essa política corruptora que vem se fortalecendo dia a dia. Temos que nos livrar do mito fundador torpe que vem desde os tempos do descobrimento, com um forte impulso dado pelo maldita corte covarde de D.Joãoque nos torna eticamente fracos e da qual nunca nos livramos.
Há que existir um resto de gente descente neste país que possa repensá-lo.
Faltam-nos lideranças reais como Covas.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A mentira tem perna curta


Aos apaixonados de ambos os lados da política brasileira: paixão e política são coisas que não se deve misturar.
Não foi o PSDB que instigou os adversários como fez o Lula dizendo de que havia recebido uma herança maldita, e desfazendo sem o menor pudor as conquistas dos governos anteriores, como se não fosse algo favorável.
O PT havia cooptado com o neo-liberalismo (que continuo sendo contra) quando publicou aquela maldita carta em março de 2001, jogando por terra muito de seu ideário, para ter chances de chegar ao poder.
Foram muitos os erros na administração pública brasileira e o maior deles é a ação marqueteira da qual se utilizam os governos para balizar suas ações.
Usam estratagemas da publiciade para ludibriar o povo.
E isso é grave, é a mentira adoçada com propaganda para ser servida como verdade.
Aconteceu em todos os governos e, para nosso azar, se acentua ano a ano, governo a governo, e em todas as esferas da administração pública.
E a propaganda explora exatamente a paixão, a emoção das pessoas, não seu senso crítico, sua racionalidade.
Daí tantos comentários sem o menor sentido para uma matéria que visa esclarecer dados da gestão pública.
A matéria acima, fundamentada em um trabalho de um pesquisador da UFRJ, o que deve ser cobrado é a íntegra do estudo para que possamos analisá-lo à luz da razão.
Para quem conhece matemática financeira, concluir que o crescimento de 2009 e 2010 acumulados ficaram por volta de 3,2% na média dos dois anos não é difícil. É um número que não pode ser negado.
E é pífio, ninguém pode negar.
Se comparado com outros emergentes e mesmo países vizinhos, o que avançamos foi pouco.
Muito mais há de ser feito.
Se ficarmos justificando erros do passado, esquecemos das mazelas que nos caberão no futuro.
Para crescer 7,5% no ano passado, que foi um ano eleitoral e ningúem pode negar isso, o povo se endividou comprando bens duráveis com prazos de pagamento de 5, 6 ou mais anos.
Será que ainda há folego para mais endividamento das classes menos favorecidas, ou veremos nosso país estagnado, pagando altos lucros para os bancos, por terem comprado bens que deram altos lucros às indústrias e ao governo?
Essa é a questão real.
E a presidente Dilma sabe disso e deve estar preocupada, pois quando o cinto aperta não há marqueting ou repressão que impeça a opinião pública saltar de um lado para outro.
O mundo árabe está sentido isso na pele.
E aí pode entrar o Lula como pedra de salvação, mas com a economia comprometida, sem capacidade de investimento em infra estrutura, e perdendo a chance de crescimento ante as políticas mais eficazes da China, da Índia e outros países emergentes, talvez nem ele queira esta batata quente, apesar da sede pelo poder que o PT tem demonstrado nestes seus períodos lá assentados.
A dose de mentira deverá então ser aumentada ao extremo, e todos sabemos, mentira tem perna curta.
Vamos parar de puxar o saco deste ou daquele político e vamos começar a criticar duramente as besteiras que andam fazendo por aí para podermos sair do buraco.
Emergente é um estado transitório que pode levarnos à tona ou voltarmos a afundar.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Reforma ou Reestruturação Política?

Li hoje matéria do dep. Roberto Freire (PPS-SP) que traça linhas básicas para uma reforma política.
A primeira questão é o próprio termo reforma.
Reforma me lembra ajeitar o que se estragou ou melhorar coisas antes não pensadas.
E será que nossa política se resolve arrumando o que se estragou?
Será que a classe política atual tem a honradez necessária para se dizer nossos representantes, ou o processo todo  desemboca em uma eleição de pessoas de baixa representatividade política e o que é pior, na grande maioria procurando atender demandas e interesses pessoais, nunca o público.
Como pensar em melhorar coisas não pensadas, implementar mecanismos em um sistema apodrecido.
É como tentar apoiar nova laje em fundação já comprometida, vai ruir, ou arruinar mais ainda a situação.
A verdade é que somos uma nação sem cidadania.
Ficamos reclamando daquilo que aqueles que elegemos fazem de errado mas não tomamos iniciativas cidadãs de ação organizada, que é a eficaz.
Não adianta uma imprensa que faz entrevista com uma vítima de inundação ou seca que seja, para vender notícia.
É a ação organizada destas vítimas em torno de organizações comunitárias que poderão começar a fazer diferença.
É essa a base da democracìa, muito propagandeada, mas não exercida de verdade.
Delegar nossa responsabilidade para  outros não nos dá o direito de reclamar.
Os políticos  não são nossos pais ou guardiões para tomarem decisões por nós.
Devem ser nossos representantes.
Mas os de hoje não representam ninguém, quem votou neles não sabe se votou realmente.
Ficam cuidando de interesses pessoais e eleitoreiros para lá se manterem.
Darcy Ribeiro declarou a vida toda sua fé no povo brasileiro.
Terá sido vã esperança ou ainda temos saída?
Reformas não adiantarão, o buraco é mais embaixo.
Devemos procurar princípios  básicos de representação democrática para, a partir destes, reestruturar a política brasileira.
A primeira questão a ser abordada seria partido x representante.
Se imaginarmos uma organização comunitária apartidária (OCA), pois visa defender interesses objetivos, quando surge a necessidade de uma identificação partidária?
Um partido deve ter princípios ideológicos que o tornem únicos em relação aos demais, e deve apresentar para cada solicitação de uma OCA suas propostas de solução.
Nasce aí a ação partidária real, não uma coisa nebulosa, mas uma proposta objetiva para solucionar os problemas comuns de cada grupo.
Essas OCAs podem consultar vários partidos e julgar, para cada caso, qual a melhor solução  apresentada.
Passam a ter então melhor discernimento sobre as propostas de cada partido e se esclarecer sobre quais são mais ou menos próximas de suas posturas, mas ainda assim devem se manter apardidárias.
Na prática muitas organizações atualmente viram puxa-saco do partido que está no poder para conquistar algum benefício. Daria quase no mesmo não fosse a falta de carater do puxa-saquismo, que humilha e não fortalece a dignidade.
Começam a se delinear 2 instâncias de representação pública: uma que é de representantes de OCAs e suas hierarquias, e outra que é representante de partidos políticos e suas idéias (desde que as tenha, pois por estas terras brasuquinhas a grande maioria nunca ouviu Cazuza implorar por ideologia).
Um tipo de eleito tem que representar porções iguais de cidadãos nas várias instâncias do poder, municipal, estadual e federal.
Porções iguais quer dizer ter a mesma representatividade, ou densidade eleitoral, tenha vindo de onde vier, o que hoje não ocorre. Somos campeões em ter a maior diferença entre o menor e o maior salário, mas também a temos entre a menor e maior votação de um deputado federal, só para exemplificar.
Os representantes diretos, personificados, devem ir galgando postos cada vez mais elevados para ir aumentando  sua área de visão, representatividade e abrangência. Não deve se reeleger para um mesmo cargo (parlamentar ou executivo) e deve sempre se propor a cargo hierarquicamente imediatamente superior ao último exercício, ou seja deve obrigatoriamente ir subindo a escada política.
Uma aberração como a eleição do Tiririca não se daria antes dele mostrar para seu bairro, cidade e estado que ele é um bom agente para representar os interesses deles.
Não cairia de paraquedas numa posição que não conseguirá produzir algo muito substancial.
Imagino o coitado na Comissao de Educação e Cultura. É de dar pena, dele e de nós. O que passa na  cabeça dele quando  falam de ensino técnico, ou profissionalizante, ou pós-doutoramento?
É um desperdício de dinheiro e esforço para servir de chacota aos jornalistas e comediantes.
Acho mesmo que ele de manhã, ao se ver no espelho, cai na gargalhada com a comédia que ele está representando e só para para tomar café.
Bom voltando ao assunto que interessa.
Voto distrital proporcional pode eleger representantes setoriais (regiões, classes profissionais, organizações, etc.).
Voto de legenda pode eleger representantes de ideologias, que juntamente com os eleitos  acima, poderão ter deliberações mais bem discutidas.
Qual a proporção entre esses dois tipos de representante é algo que deve ser muito discutido.
A mim me parece que aqueles que representam legendas partidárias devem ser em menor número que os outros.
Devem abranger votos de toda a região que representa, um município inteiro, ou estado ou país.
Serão escolhidos por meio de eleições obrigatórias dentro de seus partidos, de forma transparente e controladas pelos tribunais eleitorais, para que se garanta a vontade de todo um partido e não a de meia dúzia de mentores como acontece na maioria das escolhas atualmente.
Dilma não era a candidata do PT, será que numa eleição nacional, entre os filiados do PT, ela seria escolhida candidata a presidente? Eu duvido muito. O que valeu foi a unção caudilhesca do Lula sobre uma pessoa pouco conhecida, limitada em oratória, e com pouca força dentro do partido que a elegeu. Seria uma anti-candidata.
Mas aqui começamos a ver outra distinção de papeis.
Os candidatos que chamei de personificados são mais ligados às ações práticas para a solução de problemas.
Já os que representam os ideais partidários, tem dose maior de abstração, de visão programática, de ideal.
Ambos  os papeis  são  importantes, mas qual deles deve preponderar para o executivo.
Aí a coisa deve mudar radicalmente.
Se as demandas exigem ações práticas, administrativo financeiras os primeiros são os ideais para executá-las.
Mas se, ao contrário, o que nos falta conjunturalmente é a falta de rumo, de perspectiva nacional, precisamos dos segundos para executar essas implementações.
E a conjuntura pode mudar de ano para ano.
Nisso vem o segundo tópico básico de mudança da reestruturação pretendida:
Regime Parlamentar nos 3 níveis de poder.
E para que esse possa ser adotado sem desestabilizar todos os programas e projetos em andamento, é necessário que se diminua em muito a ingerência política nos ministérios e orgãos públicos em geral.
Os políticos é que mais atrapalham a ação do executivo. Entram com o poder de mandar  e desmandar, e normalmente com um desconhecimento absoluto do que estão falando. E como colocar o bobo da corte para comandar o reino - todos rindo e o reino em ruinas. É o que fazemos.
Serviço público é carreira séria, que deve ser fundamentada em méritos reais e comprovados dos funcionários.
Políticas públicas devem ser determinadas por propostas do legislativo e simplesmente implementadas pelo executivo.
Mas com um legislativo que anda de quatro como o nosso, com o pires na mão para implorar beneces do executivo, invertemos os papéis. Estamos de ponta cabeça.
O parlamentarismo tem muitos méritos.
O primeiro é que se pode mudar cabeças sem interromper a continuidade executiva e sua governabilidade.
Depois deixa de existir o caudilho, o pai de todos, o capo di capi.
Passa a ser escolhido o Primeiro Ministro que representa a vontade do parlamento, e que a ele se apresentou como o melhor executor das políticas alí definidas.
Não se fala mais em coligação, isso deixa de existir.
Campanha política marketeada, candidato falando o que o ponto eletrônico lhe manda falar deve acabar.
Bom candidado fala num estúdio, com fundo  preto, e conta seus objetivos, sem beijar criancinhas, mendigos, negros, amarelos ou bichinhos de estimação. Candidato a cargo público tem que ter idéias, não lavar mais branco ou ter o sorrizo mais brilhante.
O marketing político é um engodo. É anti-democracia. É pré e não pós modernidade.
Se o extinguirmos, o que sobra para gastar tanto em uma campanha?
Sola de sapato, gasolina, e muita saliva dos candidatos e seus correligionários, que talvez o venham a ser mais por idealismo e cidadania do que pela busca de um cargo público, já que esses são esclusivos de uma carreira pública.
Servidor público passará a ser respeitado, o que hoje não é.
Basta ver o que o povo  diz nas filas das repartições sobre eles, não sou eu que digo.
Se não se tem um grande orçamento  para fazer campanha, não há necessidade de financiamento público além daquele de fornecer horário político e espaço para a manifestação dos candidatos. Fico pensando que tem muitos que desistirão de se candidatar só por essa limitação: ter que mostrar suas idéias e pretensões.
As legendas e candidatos poderão sim ter financiamentos feitos por pessoas físicas, e só por estas.
A independência também do Judiciário é outra necessidade urgente, pois até este, na sua instância máxima, tem ingerência expúria do executivo. É uma aberração.
É um poder que tinha que manter a independência,  e ter uma carreira absolutamente transparente, e a ascensão de seus membros deve ser por mérito e no máximo por eleições internas entre seus pares para escolher o que de melhor poderemos contar em cada posto.
Outro poder que deveria ser absolutamente independente dos outros 3 é a Polícia.
Com uma independência que lhe garanta investigar e indiciar com isenção, apoiada por um judiciário independente iriam fazer uma grande diferença.
Caixa 2 seria considerado crime e não "sobra de campanha" como apelidaram a deslavada corrupção que se inicia na eleição e desemboca em superfaturamento de obras e serviços prestados para a união, ou no benefício de dinheiro público a custos subsidiados pelo povo que tem um salário mínimo ridículo.
Caixa 2 ao ser denunciado provovaria a suspensão imediata do mandato até o julgamento do  mérito. Ao invés de demorar décadas sem ser resolvido como o mensalão do José Dirceu, teriam sua decisão abreviada pela pressão dos sem-mandatos, ou estaríamos livres deles.
Mas espere, falando em reestruturação política, acabei abrindo as asas para outros poderes do estado, mas suas funções não são políticas também?
Então mudar é preciso, mas quem tem coragem de levantar bandeiras tão transformadoras.
É como dar um tiro no pé para a maioria, e para uns poucos seria a esperança de um ideal que os dirigiu quando jovens para o cenário político.
Aí começaria nova nação, aquela que o Darcy Ribeiro sonhou.
Deixariamos de lado nosso horrível mito fundador representado por D.João VI que quando aqui chegou trouxe junto uma corte de vagabundos, um regime perdulário, uma atitude covarde diante do mundo, e uma corrupção que, se já existente, se oficializou.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Progressão continuada na Educação

Metodologias requerem pessoas competentes para implanta-las e vontade política para efetiva-las.

Desenvolvendo competências.
Se os educadores não entenderem realmente o objetivo da progressão continuada, acabam deixando de lado os alunos com mais dificuldades, o que faz com que esses fiquem cada vez mais defasados.
A solução passa então por uma melhor formação profissional dos professores, assunto trabalhado seriamente em pouquíssimos estados brasileiros.
Passa também por uma remuneração justa para a categoria o que, num país perdulário como o nosso, nunca se fará somente com a vontade dos políticos.
Com quase 200 milhões de habitantes, podemos pensar que necessitamos alguns milhões de professores em todos os níveis de governo.
Cada real aumentado no salário deles representa esses milhões de reais mensais a serem custeados.
Como pensar em um aumento substancial de não menos que 50% dos salários?

Acredito que se fizermos uma enquete sobre quais as intensões profissionais que pais professores incutem em seus filhos, poucos irão querer que os mesmos sigam suas profissões. Isso não se vê na maioria das outras atividades.
Vontade Política

Se a vontade política não for a de educar, mas sim a de eleger, a progressão continuada formará analfabetos funcionais pois o investimento necessário no aluno que necessita ações complementares não é feito pois tem pouco apelo propagandístico na política eleitoral atual. E isso é o que acontece onde hoje é adotada.
Essa vontade não acontecerá enquanto os objetivos políticos forem esses mesquinhos e imediatistas da classe política brasileira. Me desculpem as poucas exceções.
Assisti a ditadura militar destruindo o ensino público, propositadamente, pois povo inculto é mais fácil de manobrar.
O acordo MEC-Usaid visava apagar os resquicios de uma formação humanista que vinha crescendo nas nossas escolas, tornando-a mais tecnicista, alienante como o fazem nos EUA.
Depois da ditadura, não vi renascer um projeto educacìonal brasileiro, a não ser pelas inteligentes e coerentes ações do Brizola com Darcy Ribeiro no Rio de Janeiro com os CIEPS, que logo logo os seus sucessores conseguiram desvirtuar.
A verdade é que a classe política brasileira não almeja um povo esclarecido.
Mantidos na ignorância, fica fácil aumentar aviltantemente seus próprios salários sem esperar a menor reação  popular contra esse assalto aos cofres públicos.
Estamos ainda nos tempos da corte, nada mudou.
À corte tudo, ao povo pague-se.
E mesmo aqueles que foram contra não cogitam devolver o que seja um possível excedente do tal aumento.
Todos acabam se levando pela lei de Gerson.
Só com um povo ignorante e desmobilizado isso é possível, então porque pensar em melhorar a educação?
Se melhorar estraga é o ditado dos gananciosos.
Tem saída?
Se o projeto de ensino era tecnizante, e hoje não temos profissionais habilitados para sustentar nosso potencial de crescimento, algo está pior do que se imagina.
Emergente é um termo para ser usado com prudência, não significa sucesso imediato, ao contrário, acostumados com a submersão, poderemos continuar nela por pura incompetência.
Essa vontade política não surgirá da dita classe política.
É uma vontade que deverá nascer do próprio povo, na definição de um país que queremos, e não de um país que podemos como praticamente decretou D.João quando veio nos fundar como tal.
Somos uma nação sem vontade, que delega decisões importantes para uma classe de pessoas do mais baixo calão, que só pensam em fazer da política um trampolim para enriquecer sem esforço.
Não haverá mudanças com eles.
Não haverá mudanças na educação, sem que hajam mudanças nas nossas estruturas políticas, que induzem à corrupção hábito que existe desde sempre por aqui.
Não há independência dos poderes quando o Executivo nomeia ministros do mais alto escalão da justiça nacional. Automaticamente essa se põe de joelhos ante aquele.
O legislativo, só tem atores que se esforçam para continuar no poder, olhando seus interesses pessoais e desprezando a coisa pública. Para isso ficam de pires na mão, nas antesalas do Executivo, implorando cargos e verbas para viabilizar sua próxima eleição.
Quer dizer, temos mesmo é um só poder, o Executivo, que tem um presidente que está mais para rei (ou rainha já que essa denominação tem o feminino).
Que distribui os cargos e verbas para uma corte não muito mais evoluída que aquelas que chegaram nos navios vindos de Portugal em 1808. A semelhança entre as cortes de então e de agora  é gritantante.
São o mesmo tipo de gente, sem educação!
E como poderemos querer que justamente esses, sem educação suficiente, priorizem um projeto educacional nacional  de longo prazo para formar uma nação de brasileiros à altura do século XXI?