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domingo, 4 de setembro de 2011

Oba! Economia sem economistas...

Gostei do Tombini ter tombado os juros nos tais 0,5%. Sei não foi ele, foi o COPOM, mas dá no mesmo.
Tudo bem, ainda somos os juros mais altos do mundo, mas algo mudou.
Eu não tenho competência para julgar se a atitude é certa ou errada.
Sei que é certa porque olho para quem está reclamando, e o porque da reclamação.
Diz a imprensa que é o mercado que reclama.
Mas quem é o mercado?
Mercado não é uma figura abstrata como gostam de se mostrar.
O Sardenberg bem o resumiu outro dia na CBN dizendo que é composto basicamente por instituições financeiras, corretoras e seus investidores, somam-se as empresas de capital aberto com ações na Bovespa, e um monte de consultorias que vivem de dar palpites bem pagos (às vezes mais que palpites como podem atestar o Zé Dirceu ou o Palocci), o resto é resto, inclusive nós que somos a parte do mercado encarregada de consumir e mover a roda da economia e uma pequena minoria de nós que investe deste ou daquele modo conforme recomendação de um dos agentes acima, enfim, nós não contamos.
As reclamações dos tais agentes do mercado, por sinal muito reais senão não reclamariam, basicamente é a seguinte: "TODOS nós acreditávamos que o BC iria manter a taxa de juros porque bla, bla, blá. Não está certo fazer coisas contra nossa expectativa. O que iremos falar para nossos clientes (isso eles não dizem em alto e bom tom)".
Analisemos um pouco os tais reclamantes:
1.     Instituições financeiras
Basicamente bancos múltiplos, de crédito ou de investimentos.
No Brasil, os bancos trabalham exatamente como qualquer agiota trabalha no resto do mundo (e aqui também).
Colocam uma sobretaxa exorbitante nos juros pagos pelos clientes alegando o problema da inadimplência. Isso é exatamente o que dizem os agiotas, só que esses não têm regulamentação e visam somente os seus interesses particulares.
Não são instituições públicas ou privadas legalmente constituídas e regulamentadas pela lei e pela ética, claro que visando lucro. Mas o que acontece aqui é que esse lucro dessas instituições um escândalo, abafam o consumo, o investimento e deixam-nos de pires na mão.
E o PT do Lula (e acho que da Dilma não será diferente), que tanto reclamava disso antes de chegar ao poder age beneficiando essas instituições como “nunca antes neste país”.
O discurso era puramente eleitoreiro, estando no poder o PT se comportou igualzinho a tudo o que houve antes.
E essa história de distribuição de renda, de investimentos sociais não passa de balela. Todos sabem.
Voltando ao tema: se os agiotas, perdão, os bancos, reclamam. Julgo ser um ponto a favor do Tombini.
Quando o sistema bancário brasileiro estava ruindo, o governo FHC foi socorrê-los com dinheiro público do PROER (dizendo defender os “interesses deste pobre povo sofrido”), quem pagou fomos nós.
Ninguém me perguntou se eu queria ajudar bancos e banqueiros.
Eles nunca me ajudaram porque teríamos que ajudá-los com dinheiro público?.
Quando pessoas inescrupulosas do lado das instituições e do governo, jogaram fora quase 5bilhões de reais para socorrer uma financeira, ninguém é punido. Ah! Sim a presidente da CEF Maria Fernanda pediu as contas, e ficou tudo por isso mesmo.
Dinheiro grosso jogado nas mãos de um empresário que domina a segunda grande mídia televisiva brasileira e que pode ter um “olhar mais benevolente” para as ações de governo e mesmo eleitorais.
Ou seja, as reclamações das instituições financeiras são definitivamente aqueles que devem ser tidas como elogios à uma determinada decisão que as afete.
Ah! Ainda devemos lembrar que elas, mesmo quando o tal mercado vai mal e nós, os bestas consumidores, consumimos menos, ganham muito num porto seguro que é o título público. Portanto, quanto mais alta a SELIC, mais lucro eles tem.
E agora vem o COPOM e mostra que não agirá mais de acordo com o hábito instituído? Assim não dá né Sr. banqueiro?
O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, que são os bancos públicos que podemos considerar responsabilidade da nação não precisaram da ajuda do PROER, ao menos na escala dos demais.
São esses dois bancos que devem ser representar a mão forte do governo na implementação de suas políticas públicas.
Isso foi usado acertadamente pelo governo Lula quando os colocou a financiar o consumo. O erro foi o tipo de bem a ser financiado, mas isso é outra história.
2.     Corretoras e Consultorias:
Na seqüência dos reclamantes, as corretoras e consultorias, formadas na sua maioria por economistas, reclamam principalmente que o que se esperava não foi o que ocorreu, e com isso seus pareceres falharam.
Mas vamos ser honestos, quando elas acertam de verdade?
Os economistas dizem que esta, a economia, é uma ciência com forte viés humano em relação à técnica, e por isso justificam sua imprevisibilidade. Bom se tudo pode ser, que ciência é essa?
Os economistas falharam quando o FMI e agencias reguladoras americanas não previram falência (quase anunciada) dos bancos americanos.
Estes financiavam bens olhando somente para a possibilidade (teórica) do credor pagar. Quando isso não aconteceu, os bens não cobriram os saldos devedores e o sistema financeiro ruiu.
E junot com ele perderam velhinhos aposentados (para exemplificar os “investidores”) de todo o primeiro mundo.
Todos os economistas "foram pegos de surpresa", ficaram catatônicos!
Céus o que está acontecendo? Diziam eles.
Quer dizer, é uma categoria profissional que não passa de palpiteiros engravatados, com muito medo de perder a boquinha de dar palpites caros e entrevistas vazias para a mídia.
De novo, a reclamação de corretoras, consultorias e afins, agentes que agem somente no interesse corporativista em que estão inseridos, representa ponto positivo para o Tombini... eu sei COPOM, mas gosto de pensar numa pessoa e não num colegiado meio despersonalizado.
3.     Consumidores e investidores diluídos
Nós os consumidores não temos a menor noção para julgar o fato em si, e cabe-nos o perdão da omissão sobre o tal rebaixamento da SELIC.
Se investimos, o fazemos através dos agentes acima e sob sua orientação, para não dizer responsabilidade.
Resumo
Em resumo, eu que sou sempre muito crítico em relação às posturas práticas do PT, acho que a direção que a presidente está dando pode ser interessante.
O erro foi colocar o Mântega se derretendo mais uma vez tentando dizer que nada tinha sido mudado e que o Tombini e seu COPOM não sofreram influência nenhuma do Planalto.
Que bobagem, ele fica parecendo o garotinho mentiroso da turma que é escolhido para ir falar com o dono da vidraça quebrada.
Seria da maior importância que a presidente (o termo é dela) ao invés de ficar falando quase que lateralmente na questão da crise que vem do primeiro mundo, definisse com mais clareza e profundidade uma postura nacional a ser adotada para enfrentá-la.
Não é ela que quer passar a imagem de durona?
Pois o momento é grave, muito mais do que se comenta, e não temos tempo para perder em firulas.
Não precisa ser nenhum gênio para saber que o mercado americano e o europeu, que sustentam o consumo mundial não irão crescer nada na melhor das hipóteses. O que pode realmente acontecer é uma recessão.
A conseqüência imediata deste processo é um fechamento das economias tentando primeiro assegurarem seus empregos e renda (hoje fortemente baseada na exploração de seus negócios em terras terceiro-mundistas).
Sem compradores nossas exportações para esses mercados irão sofrer mais ainda do que sofre hoje com a “supervalorização” do real (outra grande falácia espalhada ao vento por todos os agentes que circulam no tema econômico).
Sem seus compradores, a China “nosso maior parceiro comercial” deixará de ter para quem exportar (a menos para nós idiotas que consumimos produtos deles de má qualidade e produzidos com mão de obra quase que escrava). Sem suas exportações não importarão nossas “comodities” (eita termo besta para designar bens primários), e sem renda lá se vai o brilhantismo da Vale e dos plantadores de soja.
Ou seja, em tempos de crise, temos que olhar para nossos umbigos e vermos quais nossas alternativas dentro de um universo mais restrito que é nosso país.
É o que todos fazem.
A xenofobia que vemos se alastrar nos EUA e na Europa, é típica desse tipo de crise, que ao restringir a empregabilidade, quer reservar até as vagas antes desprezadas por serem “trabalhos subalternos” para seus cidadãos mais “legítimos”.
Isto prova que estamos num tempo do salve-se quem puder, tenho muita dúvida se a EU irá se sustentar com a derrocada de economias mais fortes como a espanhola ou mesmo a italiana.
Conclusão
Falta aos governos petistas um projeto para a nação.
Tanto queriam o poder, que o povo os elegeu, mas fora as condutas populistas e pouco sustentáveis, nada está sendo feito para se construir uma nação melhor.
Concordo com a presidente que diz que a questão da honestidade no trato da coisa pública não pode ser objeto de uma simples faxina, mas uma ação contínua definindo uma boa norma de gestão.
Mas não foi isso o que vimos na gestão do Lula, e as demissões dos ministros e seus comparsas não são suficientes para que o povo passe a acreditar nesse discurso.
É fundamental que se veja os meliantes de colarinho branco condenados e presos, assim como os corruptores (que ninguém menciona quem são) que fazem parte da mesma quadrilha, e o dinheiro público devolvido aos cofres de uma nação que carece dele para manter vivos boa parte de sua população, declarada miserável pela própria presidente.

Mas voltando ao tema.
Acordado que o COPOM agiu bem, fiquei sonhando com uma realidade onde essa conduta se acentuasse.
Diz a ortodoxia econômica que os juros altos seguram a inflação.
Isso é uma falácia, pois temos os juros mais altos do mundo, e uma inflação que na AL só deverá perder para a Argentina e Venezuela que são países com gestão econômica digamos "pouco séria".
Portanto deve haver outros modos de segurar a inflação sem que seja somente pela taxa SELIC.
Uma reforma administrativa precisa urgentemente ser feita no estado brasileiro.
Isso sim poderá segurar a inflação.
Vemos nosso PIB crescer ano a ano, a arrecadação de impostos bater recordes nunca imagináveis, mas o nosso estado consome tudo na incompetência e ineficiência, na corrupção, num legislativo e judiciário que prima pelos interesses de seus próprios, num empresariado que se relaciona com o governo num processo promíscuo que chega a ser nojento. Financiamos os maiores disparates pelo BNDEs (é assim mesmo o s está sumindo da sigla) favorecendo o capital já instituído sem termos contrapartida de nada.
O Lula tinha razão sobre o mensalão não foi o primeiro, e como estamos vendo, nem o último. Aliás, ultimamente a cada semana temos um novo escândalo de malversação do nosso dinheiro. e não é só na esfera federal não, a pouca vergonha escorreu em  todas as esferas de governo.
Aqui em Curitiba assistimos denúncias na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal, sendo atacadas com uma desfaçatez que é de assustar.
Uma regra simples de gestão que é não gastar mais do que se arrecada romperia com esse círculo vicioso de pagar altas taxas para financiamento de um governo cuja gestão está apodrecida já de muitas gestões atrás. Não é culpa só do PT, mas ele, que sempre gritou e esbravejou contra a corrupção na prática está se mostrando mais leniente com ela que qualquer outro governo anterior.
Continuando com sonho, se os bancos não tivessem mais esse porto seguro que é a SELIC, começariam a fazer sua função que é financiar o consumo e o investimento produtivo, a juros que permitissem um crescimento sustentável, e uma mudança radical de paradigma.
Claro que de boa vontade não farão isso, mas ha de chegar o momento em que um governo os convoque para uma postura mais voltada ao bem comum e à construção de uma nação próspera, ao invés de ficar sempre como um explorador desesperado com medo que a boquinha acabe.
Mas contra a má vontade dos bancos privados, temos os estatais para implementar saudáveis políticas de redirecionamento econômico.
Usá-los é medida que já se mostrou eficaz e pode-se acreditar que os bancos privados virão atrás como estão fazendo, para exemplificar, com os financiamentos de casa própria para populações de mais baixa renda.
Mas qual o que, o sonho acaba e amanhã o novo escândalo que for publicado nos colocará novamente a discutir o novo golpista do governo e esquecer que temos uma nação a construir.