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domingo, 16 de outubro de 2011

Protestos lá e cá, a causa é comum?

O homem é um péssimo observador de seu cotidiano.
Enxergasse um pouco mais veria que estamos afundados em um caos em que as pretensas lideranças estão se mostrando incapazes de resolver.
Com essa tendência direitista que ocorreu nos países líderes da Europa e sua cumplicidade com o estelionato que o poder econômico (principalmente os bancos mas não só estes), se acirraram as contradições de um modelo econômico que menospreza o ser humano no seu equacionamento.
Nós, os cidadãos normais, somos designados como consumidor, força de trabalho, capital humano e tantas outras denominações técnicas que camuflam nossa característica básica: ser a força motriz que faz as coisas acontecerem.
Sem nós, idiotizados por esse modelo, não haveria economia esse é o fato.
Ontem, dia 15/10/2011 nós os cidadão "idiotas" começamos a colocar a boca no trombone para reclamar. Na maioria dos países contra a associação entre os governos (inclua-se aí toda a classe política) e os bancos, numa ação no mínimo criminosa.
Para supostamente superar a crise começada com o estelionato dos bancos americanos no financiamento dos títulos podres de lá, todos os governos do primeiro mundo ofereceram dinheiro para salvar seus bancos da falência.
Mas com que dinheiro, se os governos estão todos endividados com esses mesmos bancos que agora quixotescamente se dizem salvadores?
Não tinham dinheiro para fazer essa nobre ação.
O tal dinheiro é na verdade uma promessa de arrecadação de impostos que nós os cidadãos iremos pagar para financiar a quadrilha toda.
Quer dizer que o sistema político-econômico-financeiro estava e está mentindo sobre suas decisões.
Estão se dizendo responsáveis e heróis para os idiotas aqui, mas na verdade estão se locupletando de cada nova chance de engordar seus próprios bolsos e nada mais.
Todos leram que os diretores dos tais bancos ajudados nos EUA retiraram polpudos bônus justamente deste dinheiro que no final é só nossa promessa de pagar impostos.
Roubaram um dinheiro que na verdade nem existia ainda.
E agora, temos o desmembramento da mesma crise, pois o tal dinheiro de mentirinha não existindo, faz com que os governos comecem a falir.
Esse é o termo que no mundo real se deve usar.
Os mais fracos e desorganizados vão antes, mas no final todos acabarão por se mostrar derrotados.
Os governantes sabem disso e daí sua incapacidade de agir. Devem se perguntar: para que?
Mas a grande virada está no povo começando a ocupar as ruas, inspirados em modelos vitoriosos de populações se rebelando contra poderes totalitários e violentos que vimos na primavera árabe, parece que todos, do mundo todo, estão acordando e começando a gritar contra essa sujeira em que se tornou a governança do mundo atual.
E nisso, nossa gritaria contra a corrupção tem as mesmas bases que a gritaria do resto do mundo contra a associação governo-capital.
No final, trata-se, nos dois casos, de denunciar a promiscuidade entre os atores políticos e econômicos que vivem de se aproveitar da fé dos cidadãos que delegam a eles o que não deveriam delegar: seu destino.
Ouvi na rádio hoje um argumento de alguém que defende o sistema atual argumentando que se os governos não ajudassem os bancos e esses não pudessem pagar suas contas, o sistema todo ruiria, os financiamentos acabariam, e o povo iria promover uma corrida aos mesmos para sacar seu dinheiro e por fim os bancos faliriam.
É um argumento de quem não consegue enxergar além do paradigma atual que define o papel dos bancos.
Ao que consta, os bancos se prestam a guardar nosso dinheiro e poderiam investi-lo de modo a nos pagar juros por esses depósitos e com isso financiar o desenvolvimento do sistema econômico público e privado.
Aqui no Brasil nenhum banco paga dividendos pelos saldos alocados em nossas contas, cobram sim juros astronômicos se ficam negativas.
Emprestam nosso dinheiro a juros altíssimos, garantindo uma lucratividade que fica toda como propriedade dos próprios bancos, nada desses lucros é dividido com os possuidores do dinheiro, a menos que se invista em algo proposto pelos bancos que normalmente renderá uma pequena fração da remuneração conseguida por eles.
Ora, os bancos deixaram de ser agentes do desenvolvimento para se tornarem agentes do enriquecimento de uma casta de inescrupulosos agiotas. Essa é a verdade.
O pior de tudo é que aqui no Brasil os bancos públicos seguem o mesmo paradigma dos privados. Pouco muda no seu modelo de negócios.
Quer dizer, se os bancos falissem, claro que seria um caos, mas se um plano decente, que visasse a melhoria da qualidade de vida de todos, fosse colocado em prática para substituir essas operações praticamente criminosas, haveria um renascimento no processo de crescimento econômico que tivesse um olhar voltado para a melhoria da qualidade de vida de todos, não só de uma casta de larápios que se instalaram nas instituições financeiras e nos governos.

Mas voltando aos movimentos contra o sistema que estamos vendo ao redor do mundo, vemos que tentam, e devem conseguir, mobilizar o ser humano que está por trás do cidadão essa figura meio abstrata passível de ser misturada num liquidificador e ser denominada massa, consumidor, eleitor etc..
E é o ser humano que está realmente mostrando seu sofrimento, seja por carências básicas, seja por indignação ao ver a ação desta grande quadrilha internacional que hoje comanda as instituições do sistema capitalista.
Sim, o processo tal como está instituído agora é aleatório e pode não levar a nada.
Mas dependendo da sua continuidade, poderá atingir seus objetivos.

Este movimento poderia criar uma nova visão talvez meio anarquista, pois há um processo rápido de comunicação que permitirá que tomemos também decisões rápidas e baseadas na real vontade dos envolvidos, e não em processos eleitorais que fraudam a realidade para nos fazer votar em figuras de marketing, e não nos políticos reais que irão, na sua grande maioria, defender seus interesses próprios e não a coisa pública.