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domingo, 28 de outubro de 2012

Tristes emoções da nossa política

As eleições sempre emocionam as pessoas.
Não deveria, mas fazer o que?
Ainda não estamos preparados para uma democracia de verdade, não só no Brasil, mas mundo afora votamos sem pensar, e isso é grave, pois delegamos aos mais demagogos, que sempre acabam se elegendo, o nosso destino.
Dia a dia o poder do estado cresce, e na maioria das vezes os cidadãos não são consultados para as medidas que os governantes adotam.
O poder real representado pelo capital, esse não muda.
Ele continua mandando em tudo o que ocorre, pois é baseado em um principio básico do ser humano que é a ganância e apego ao dinheiro.
Enquanto o homem assim for assim será a sociedade, meio tosca para dizer o mínimo.
E sempre o dinheiro comprará o poder.
Engana-se quem acha que há alguém realmente bem intencionado na atuação pública. Excessões farão somente a regra, são impotentes, insignificantes.
Esse poder do capital resolveu eleger uma caricatura de presidente que foi o Collor, mas este quando no poder, encheu os olhos e quis talvez botar a mão em mais do que se estava acostumado foi defenestrado. O mesmo poder o elegeu e o derrubou.
O PT só chegou ao poder quando fez uma declaração explicita que não iriam romper com o sistema atual em que se encontrava o estado.
Lhe foi permitido então ser ungido pelo poder nacional, e acabou por se eleger.
Já aí de mãos e rabo presos pelo tal poder se elegeu.
Nasce também aí sua incoerência nestes 3 governos em que até agora atuou.
Quando então no governo, e diante de postura neo liberal de sua gestão, Lula deixou claro a que veio.
O interesse era o poder pelo poder, sem a menor ideologia, coisa que sempre passou ao largo de seus pensamentos políticos, sem ética nenhuma pois sua miliitância sindical o fez abandoná-la já nos primeiros passos.
Como em política agente continua agindo emocionalmente, todos os desvios de uma postura mais à esquerda, que visasse o bem do cidadão comum, foram esmaecidos por propaganda massiva que eles aprenderam a fazer muito bem pois é a base de sistemas totalitários.
E quem o criou o embala até hoje.
O mote mercadológido de operário filho de imigrantes nordestinos pobres que chega à presidencia deu a ele uma popularidade incrível, fosse merecida realmente, poderia fazer todas as reformas que a nação precisa sem precisar comprar votos de ninguém, era só enfrentar o poder constituído e conclamar a população a apoia-no nestas reformas.
Mas não, ele já havia vendido sua alma ao poder do dinheiro que mantem nosso país no atraso em que estamos aquela carta de março era como que seu contrato com o diabo que nos sufoca.
Foi uma frustração para os eleitores, e para boa parte dos militantes do PT que abandonaram o barco por ver com clareza o que Lula estava fazendo em nome de um partido de esquerda que se dizia defensor de coisas importantes para o povo como a ética, a justiçca social.
Não estou inventando nada, esses são os fatos fartamente documentados nestes últimos 10 anos. Quem tem o mínimo interesse pela política os constatou.
Se o dinheiro do mensalão fosse dirigido à aprovar reformas necessárias como a eleitoral, fiscal, da gestão pública, educacional, ainda poderíamos entender mas não. era para obter uma apoio às pequenezas que o governo anda votando ultimamente para se garantir no poder.
Sabendo do lamaçal que deveria atravessar para chegar a um plano mais limpo preferiu ficar nele e dele se locupretar. Terno Armani é coisa de quem nunca comeu melado como dizia o velho ditado, absolutamente desnecessário e até ofensivo. Uísque 24 anos ao invés de uma boa caçacinha mineira como sempre tomara também denota esse sintoma de alguém que estava despreparado para estar ao lado do poder sem se corromper, ao menos no nível que chegou.O triste de tudo isso é que a história acabará sendo contada e recontada maldizendo os pobres e pixando de incompetentes todos os que não compactuam com esse podre poder que rege nosso país.
Primeiro cooptaram o PT como o fizeram também o PSDB depois os jogam ao lixo pois sabem da fraquesa humana que a maioria de seus líderes e apoiadores tem, e dela fazem inteligente uso.
Assim como Lech Walesa lula passará para a história como um pobre sindicalista filhos de nordestinos que, tendo perdido as referências sociais foi cooptado pelo dinheiro e para ele vendeu sua alma e sua honradez.
Não falo isso com alegria, pois tinha esperança nas mudanças que o PT prometia, mas foram promessas em vão, são eles iguais a tudo o que sempre houve neste país.
Ainda não nos libertamos do julgo mítico de D.João que trouxe para cá mazelas políticas das quais ainda somos prisioneiros.
Que pena, parece que estamos predestinados a exportar nossas materias primas (que agora chamam de comodities) e deixar nosso povo analfabeto funcional e politicamente.
Estamos como éramos ha três séculos atras.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O bem pensar

Ao dobrar a marca dos sessenta anos fico refletindo no que realmente fez diferença ao longo da vida.
O fator principal do existir é nosso relacionamento com as pessoas.
Eu cheguei à conclusão de que existem dois grandes grupos de pessoas: as que tem o que chamo de bem pensar e as outras.Eu não sei definir o que seria esse bem pensar, isso é coisa para psicologos, filósofos e outros humanistas.
Mas minha crença nesta divisão das pessoas não muda por isso.
O pouco que sei sobre nosso cérebro é de ele tem dois lados operacionais, e uma retaguarda que é uma espécie de força motora que faz esses dois lados, emoção e razão,trabalharem.
O que chamo de bem pensar não é simplesmente uma operacionalidade mental que mantenha o equilíbrio entre esses dois lados, apesar de muito frequentemente quem não tem o bem pensar acabe por desequilibrar sua conduta pendendo para um deles em certos momentos.
Sei que ao longo da vida somos marcados emocional e racionalmente pelas interações que temos com o mundo e principalmente com as pessoas. Criamos cicatrizes que além de marcar essa camada operacional atua principalmente nesta outra, a da retaguarda.
Como não estudei sobre a psique humana não a nomeio tecnicamente por ignorância. Prefiro chamar aqui simplesmente de alma.
É ela que motiva nossa mente a funcionar (quando essa é fisiologicamente sã).
Mas essa anállise profunda não é relevante para o que quero expor. Sou mais razo e objetivo.As pessoas do bem pensar tem uma conduta que, acredito eu, seja mais sadia não só para a sociedade, mas para ela mesma.
São mais honestas e assumidas em suas emoções.
Tem capacidade de relativisar as verdades mediante reflexões lógicas. Trocando em miúdos: aprende a aprender e não se envergonha de sua ignorância transitória ou conclusão equivocada, se permitindo se corrigir sem sofrimento, como processo natural.
Ou seja são mais honestas e assumidas em seu conhecimento.
Com isso se adaptam com mais facilidade, promovem mais avanços do que os que não tem o bem pensar.
Equilibram-se na turbulência da contemporaneidade e com naturalidade convivem com as mudanças.

Mas por que diabos fico pensando nestas coisas?
Tem a ver com uma certa desilusão que ando tendo com as pessoas em geral.

O mecanismo que constrói o bem pensar parece-me estar se deteriorando, seja lá qual for ele.
Dia a dia vejo menos pessoas do bem pensar.

Para cair em exemplos paupáveis: vemos dia a dia um número maior de religiões, seitas e/ou igrejas pouco confiáveis e que arrebanham hordas que se amoldam em condutas absurdas tanto sob o ponto de vista individual como coletivo. As pessoas que as adotam na maioria não contam com o bem pensar. Caem em um ufanismo irracional maluco.

Um outro exemplo, agora na política brasileira: convivi na década de 70 com muita gente do PC - Partido Comunista Brasileiro. Pessoas inteligentes, algumas do bem pensar outras não.
As do bem pensar tinham a inquietação que a autocrítica promove. Será que os modelos soviético ou chineses ou ainda cubanos seriam aqueles que iriam trazer as mudanças que precisavamos por aqui?
E mesmo que algumas tenham sido mandadas à Cuba ou à Rússia vieram depois de um tempo a abandonar esse modelo, como processo natural de aprendizado de aceitar os erros e tentar novos e nem sempre vitoriosos acertos. Mas acreditam no processo e com isso fizeram sua carreira. Hoje muitos estão num partido que até mudou de nome para mostrar sua nova postura.
Já os que não tinham o bem pensar (note que não consigo chamar de mal pensar, penso ser somente uma ausência do bem pensar o que é diferendo de algo mal) ficaram marcando posição em teses que já ruiram a muito tempo e ainda  estão militando em partidos radicalóides como o PCdoB (que nasce de uma dissidência do PCB) e outros que não necessitam ser mencionados.
Tendem ao radicalismo e principalmente ao totalitarismo, pois dentro destes princípios suas fraquesas em não disporem do bem pensar são escamoteadas.
Já o PT que tinha em seus quadros pessoas dos dois tipos, acabou por se tornar algo que boa parte de seus fundadores se arrepiaram ao ter que admitir.
Os que tinham o bem pensar acabaram por abandonar o barco, pois esse assumiu rumos muito duvidosos. Os demais tentam as fórmulas do radicalismo, da doutrinação e do totalitarismo como única saida, por pura incompetência de assumir erros, tentar corrigi-los e fazer aquilo a que se propunham quando na oposição.
Ficaram à merce das velhas forças da sociedade brasileira para galgar o poder e pouco avançaram.
Eu não gosto de estatísticas, mas quem quiser que procure os dados que mostram como é ínfima a verba das tais bolsas-esmolas em relação àquelas destinadas ao BNDES para financiar entre outras coisas empresas e empreendimentos estrangeiros.
Não, não estou com isso concordando com muitas coisas do governo do PSDB, que a título de uma militância de esquerda moderada em seus primórdios tornou-se neoliberal e se curvou às reformas exigidas pelo FMI, na base do custe o que custar.
As privatizações são exemplo cabal desta incompetência daquele governo. Cedemos muito do patrimônio público para grupos estrangeiros e ainda financiamos boa parte da compra com dinheiro do BNDES.
Para completar, o Lula se vangloria de ter pago o FMI, meu deus! Sempre pregaram que deveríamos no mínimo rediscutir nossa dívida com eles. Qual nada, pagou e ainda colocou muito dinheiro nosso naquela instituição que é ícone da opressão do capital sobre as nações e ainda se vangloriou. Tudo só jogo de cena, nossa dívida é monumental e só aumentou na gestão petista.
Quem não acredita nisso é porque não vê as notícias que veem da Grécia, Espanha, Potugal e Itália que estão sendo obrigados ao mesmo massacre do capital ao qual nos sujeitaram.

Eu acredito que FHC e Lula não tieveram o bem pensar em muitas de suas ações.
Teriam outras saídas?
Se radicalizassem como o governo argentino, poderiam até deixar de pagar a conta do FMI pois se os juros que nos cobravam fossem razoáveis a conta já poderia ser considerada paga.Mas mesmo sem radicalismo, a renegociação destes juros teriam nos levado também à quitação do débito quase sem pagamento.
A reforma do estado brasileiro que precisa ser feita foi abandonada pelos dois governantes. Sem ela o Brasil vai ficar cada vez mais inviável.
Faltou-lhes o bem pensar.
Falta às todas as instâncias do poder brasileiro, público e privado, o bem pensar.
A economia sofre e sofrerá ainda mais com a falta de uma educação a altura da realidade moderna.
E não pensem que treinar um monte de técnicos resolverá o problema, a educação é algo mais amplo que o aprender a fazer, é necessário aprender a ser cidadão e isso nossas famílias e escolas não andam fazendo.
Aqui quando alguém critica nosso erro agente esconde, joga para baixo do tapete como o caso dos ministros defenestrados por denúncias da imprensa, ou pior faz vistas grossas quando os caras são "mais amigos" do poder. A falta do bem pensar os torna cegos às críticas.

A mim parece que o bem pensar é algo que vem da profundeza da alma, algo que se tem ou não.
Será algo que pode ser construído ou é inexorável marca "de nascença".
Como acredito na evolução da espécie, e julgo a alma a essência sou forçado a acreditar que essa pode sim conquistar o bem pensar, parar de esconder seus desacertos tanto da emoção quanto da razão e tentar corrigí-los. Enfim ser mais honestos consigo mesmo.
Sei que é tarefa difícil pois trata-se de mudar vícios de nossa alma e fazer com que isso se traduza em ações no plano consciente, mas se não tentarmos ficaremos sempre a mercê desse ridículo que somos.
Fossemos assim, muito da baboseira que lemos e ouvimos hoje não seria produzida, talvez nem esse meu texto.
Ah! estão querendo saber como me julgo? se tenho esse tal bem pensar?
Não sei, e não saber já é um passo na direção dele, acho eu.