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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Hoje só amanhã... ou nunca mais.

Tô guentando não.
A idiotice humana tá extrapolando minha paciência.
Tô prá lá de solitário.
Gosto de gente, de falar com as pessoas.
Tenho poucas com quem falar, isso é um grande teste de paciência.
Daí fico ouvindo tv ou rádio.
Céus, só ouço besteiras.
Jornalistas que ganham um dinheirão para falar bobagens, o mesmo do mesmo.
Que merda!
Se o reporter for melhorzinho, invariavelmente o entrevistado é um ninguém.
O jornalismo se salva por conta de 1% de gente decente.
O resto ganha salário como qualquer funcionário público brasileiro.
Vou tentar me comunicar com os et´s, se não forem tão idiotas quanto.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Minha São Paulo

Desde muito cedo descobri que vivia em uma cidade que aceitava gente de todo o mundo como iguais.
Uma família imigrante havia se mudado para próximo de nossa casa num Brooklin ainda cheio de mato e cavas (espécie de lagoa restante da exploração de areia).
Imediatamente fizemos amizade com o Sr. Carlos (seu nome não era esse pois ele era alemão de nascimento), sua esposa Dona Margarida (seu nome não era esse pois ela Grega), a Iaiá (a Mãe de Dna.Margarida) e a Helena (nome verdadeiro pois era brasileira).
Como não tinham mais familiares por aqui acabamos por ter boa amizade afinal nossa família tinha italiano e espanhol do lado de meu pai e português e baiano por parte de minha mãe.
No fim do ano, muitos dias eram gastos em produzir quitutes conforme as tradições das duas famílias.
Reunidas as mulheres punham-se na cozinha a fazer doces (a culinária grega tem absoluta semelhança com a árabe afinal se misturam em Istambul), charutinhos recheados, panetones (tinha sem frutas para me alegrar pois não gostava das frutas cítricas) e muitas outras coisas.
Lembro disso não porque ajudasse muito na cozinha, com minha pouca idade mais atrapalharia se tentasse.
Mas alguns dois ou três doces dependiam totalmente da minha participação.
Com pouco mais de 9 anos eu era o encarregado de ir pegar a encomenda daquele tipo de macarrãozinho que é comum em alguns doces que hoje vemos nas casas de comida árabe.
Ia de ônibus até o centro. Tinha aprendido o caminho no ano anterior com a Margarida. Precisava andar uma meia hora dos Baixos do Viaduto do Chá para chegar ao fornecedor que ficava num tipo de sobreloja na Rua 25 de Março. Tinha uma longa escada com dois patamares até chegar lá em cima.
Lá encontrava o homem que fazia a tal massa, trabalhando.
Numas mesas enormes (maiores ainda para uma criança de 9 anos) ele as fazia com um tipo de chuveiro de balde sobre umas folhas de papel manteiga.
Embrulhava-os, eu pagava e descia aquela baita escada com um embrulho enorme nos braços, não caí nunca nem sei por conta de quem, deve ser do tal Alá do turco que fazia a massa.
Na rua fazer um taxi entender que um garoto daquele tamanho queria fazer uma corrida era outra dificuldade, mas sempre tinha alguém que me ajudava. Era uma cidade de gente cordial e educada.
Rapidamente ia de volta para casa com a massa no banco de trás do taxi todo feliz por ter conseguido realizar minha missão.
O rapidamente demorava praticamente uma hora, não por trânsito, mas as avenidas Tiradentes, Nove de Julho e Santo Amaro eram na verdade umas ruas comuns com mão dupla e razoavelmente cheias de carros e ônibus.
Lembro docemente agora desses tempos pois fico até admirado em como, numa São Paulo já razoavelmente populosa no inicio dos anos 60, uma criança como eu tinha a liberdade de ir ao centro da cidade para pagar as contas da família o que me dava experiência suficiente para ir retirar a encomenda da tal massa.
Nos inícios dos meses minha mãe separava o dinheiro necessário para cada conta e juntava-o embrulhava-o nela e fazia uns macinhos para os pagamentos correspondentes.
Pegava eu um ônibus no Brooklin, e lá ia eu para o ponto final em embaixo do viaduto do Chá. Macinhos na mão. Contas & dinheiro. Nunca fui roubado.
Subia a escadaria e dava rapidamente no prédio da Light (esquina da Xavier de Toledo com o Viaduto do chá - hoje há um shopping por lá) e nele pagava a conta de luz. Pronto, um maço a menos e uma conta paga no bolso.
Atravessava a Xavier, e entrada no Mappin, bem em frente. Sempre tinha algum carnê relativo às de compras que  nem se lembrava mais relativas a que. Pronto depois do homem do elevador avisar: "crediário, roupas de cama, mesa e banho)" saia do elevador e pronto depois de uma filazinha que não demorava tanto mais um maço pago.
Agora era ir ao DAE (Departamento de Águas e Esgotos do Estado). Esse ficava bem mais longe, o que era muito bom pois podia passear pela cidade.
Por cima do Viaduto do Chá pegava a Rua São Bento que parte da Praça do Patriarca e ia em direção ao Largo São Francisco. Ali minha mãe tinha me mostrado a Igreja e pouco acima um prédio enorme para mim onde é a Faculdade de Direito da USP.
Dali seguia até a Rua Riachuelo para pagar a conta de água. Pronto, mais uma conta pro bolso.
Aí era hora de contar o troco que tinha recebido.
Somado eu tinha que reservar o dinheiro do ônibus para a volta.
Algumas vezes, não todas, sobrava o suficiente para um sanduíche de linguiça que uma lanchonete servia na Rua São Bento.
Se não sobrasse, não ficava chateado. Era assim mesmo, a vida era dura naquele tempo.
E estando por ali sempre valia a pena dar uma passeada pela cidade.
Numa travessinha da Líbero ficava a loja do Sr. Armando, de relógios e canetas, além de vender ele os consertava, era meu vizinho que aos sábados de noite me chamava para sua casa para tomar um pouco de vinho com pão italiano, parmesão e aliche. Seus filhos não gostavam já eram adolescentes e iam para algum bailinho.
Tinha a Michelangelo que vendia produtos de para arte e papelaria, que vitrine adorável para uma criança. Muitas vezes visitada depois.
Na Conselheiro Crispiniano havia uma loja de departamentos (acho que era a Sears) que tinha um tipo de subsolo onde havia uma casa de chá, algumas vezes fomos lá minha mãe, a irmã e eu.
Nos dávamos tempo para viver, naquele tempo os segundos eram muito maiores que os atuais.
E as lojas de instrumentos musicais na Barão de Itapetininga enchia-nos os olhos, como eram bonitos e perfeitos.
Às vezes, da Barão eu cruzava a Praça da República, em frente ao Caetano de Campos (ah que lindas as alunas daquela escola) e ia ao Largo do Arouche, onde meu pai trabalhava como gerente de uma loja de tecidos importados. Naquele tempo a roupa era feita por costureiras e alfaiates.
Uma vez o Gigio (um dos melhores alfaiates da capital e amigo de meu pai) me fez um terninho, se usei uma vez foi muito, mas que era bonito era. Tropical inglês, com calça curta claro.
Por vezes visitava a Tecidos L.Caldas, a loja que meu pai gerenciava, o Primo Carnéro, famoso lutador com quase dois metros de altura. Céus quando o conheci pareceu-me um gigante.
Dependendo da hora voltava para casa com meu pai que pegava um carro de aluguel que era chamado lotação. Era muito grande, cabiam uns 8 ou mais passageiros.
Eu era muito feliz naqueles tempos idos.
Feliz como nunca mais consegui ser.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Não atirem pedras no rolezinho para não alimentar Pedrinhas!

Não se engane não, Marcola, Beira Mar e outros lideres de facções ditas criminosas são mais revolucionários que toda a esquerda junta.
A dita sociedade civil brasileira tem uma tradição de não violência e eles, a seu lado, tem um exército de mais um milhão de soldados bem violentos.
Gente que não tem nada a perder, que a sociedade brasileira encurralou nas periferias e não lhes deu chance de uma vida digna, essa é a verdade.
Criamos com isso uma população violenta fomentada pelo grande desnível sociocultural brasileiro.
Gente que se tornou violenta pelo simples fato de terem pouco a perder, até a própria vida, tão severina, não lhes é de tanto valor.
Se a sua própria é assim valorizada, assim consideram as dos demais.
Daí um assaltante de 12 anos matar por um celular, um tênis é um passo.
E passo dado todos os dias nesse nosso pobre Brasilzinho idiota.

Nossa hipocrisia social nos levou a criar um sistema perverso, onde há toda uma rede de instituições que se alimentam desse sistema apodrecido.
Todos sabemos que temos corruptos em todas as esferas e instituições que trabalham com o crime, se nós o eliminássemos, ou reduzíssemos o volume de foras da lei estaríamos criando atritos com todas essas categorias que se alimentam profissionalmente do crime e principalmente com a grande massa de corruptos que estão infiltrados nelas.
É um jogo de interesses muito sujos e que os agentes que estariam "do lado da lei" se tornam tão violentos ou mais que os próprios ditos "bandidos".
É o universo da barbárie onde Pedrinhas no Maranhão é um exemplo dos mais gritantes, mas que existem espalhados por todo o país.
E considerando então que as lideranças dos Partidos Bandidos (é assim que deveríamos chamar as facções que dominam os presídios), tem agentes públicos corrompidos que lhes permite instalar verdadeiros escritórios operacionais dentro dos presídios, devemos considerar que estão mais organizados que a sociedade civil está para combatê-los.
Isso é uma guerra civil, morre-se violentamente no Brasil mais que em conflitos como os da Síria.
É uma pena o legado que estamos deixando para as próximas gerações.

Rolézinho.

Ah! e o porque do rolezinho no título?
Porque esses grupos estão no limiar entre essas duas realidades, a dos arregimentados pelo crime, e a sociedade civil hipócrita que faz de conta que a realidade é boa e até melhoraria se matássemos os que nos incomodam porque eles não querem mais ficar nos seus guetos.
É uma população enorme de jovens que tenta ainda não ser cooptada pela violência, mas que precisam ter voz, precisam ser orientados ter locais para se reunir e cultivarem sua cultura, por pior que ela possa parecer para certas classes sociais.
Eu não gosto de musicas sem melodia que só falam de bunda, peito, buceta, pinto e foda.
Mas é só essa a cultura que oferecemos a essa juventude que na falta de um sistema educacional público, gratuito e de qualidade, só tem os estímulos mais básicos para alimentar seus bardos.
Temos que aceitá-los, queiramos ou não.
Um apartheid como querem criar os Shoppings proibindo-os de entrar dá no que vimos na África do Sul antes do tão cultuado Mandela.
O caso é mais sério, muito mais do que se imagina.
Se não incluirmos esses jovens, não lhes dermos voz, eles serão facilmente cooptados pelos outros, também coitados, que foram levados ao crime e o exército do Marcola e seus "companheiros" terá suas fileiras engrossadas em milhões de soldados revoltados e prontos para matar seus opressores, ou seja nós os hipócritas e idiotas que assistimos tudo pela televisão sem refletir no que estamos assistindo.