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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Culpa & Desculpa

Quando vi no noticiário um carro da ONU que foi bombardeado em Gaza fiquei pensando naquela guerra insana.
Era utilizado por uma escola que esta organização mantinha na região.
Sim, mantinha, pois a escola também foi destroçada.
Não vou contar crianças feridas e mortas, isso todo mundo vê no noticiário a toda hora.
O que me faz pensar sobre aquela crise é a bestialidade humana.
De quem é a culpa?
De todos os atores.
Desde quando?
Desde sempre mas principalmente desde 1948 quando foi desastrosamente instituído o estado judeu sem determinar também um outro, palestino.
O mundo, para tentar aplacar a culpa que o holocausto instaurou no espírito de todos uma espécie de dívida para com o povo judeu, e movidos mais por emocionalismos que por sabedoria geopolítica, fizeram naquele centro do mundo a panela de pressão que hoje vemos.
A culpa original foi então das Nações Unidas que não equacionaram bem a situação.
Agora setenta anos depois, parece que a tampa da panela está por estourar definitivamente, com radicais de ambos os lados afirmando categoricamente que o outro lado precisa ser destruído.
Sabemos que é impossível o aniquilamento de qualquer um dos lados.

E no impasse uma guerra que não tem mais a ver com judeus x palestinos mas com a política interna dos dois lados do conflito.
É conveniente a ambos.
No caso dos judeus faz sucesso com o fortalecendo e uma certa coesão da população em torno de princípios da direita daquele país.
Faz sucesso o Hammas que internacionalizou o conflito de Gaza e consegue, até certo ponto, voltar a opinião pública mundial contra a violência dos ataques israelenses.
Não há inocentes entre os líderes do conflito, só lobos tentando caber no figurino de manso cordeiro.

Se forças externas não conseguirem impor uma demarcação definitiva dos dois estados e supervisionar sua implantação nunca haverá paz.
Mas e Gaza, estará fora da área contínua deste nação?
Aquilo é um balaio de gato com gambá.

Dá pena é dos povos que estão sujeitos à esses loucos, principalmente para nós aqui no Brasil que convivemos muito bem com as duas culturas.
Sinceramente não abriria mão de tudo o que cada uma acrescenta nos nossos valores, e por isso fica mais difícil para mim entender essa guerra.

E depois do Feminismo vem o que?

As mulheres de minha geração rasgaram os soutiens.
Em alguns casos foi bom, aqueles peitinhos por baixo das blusas, por vezes até saltando fora delas eram uma delícia de se ver.
Em outros era o próprio horror.
Parece que quanto mais feministas piores eram os peitos, peitões ou peitículos praticamente expostos como ameaça... e eram, contra a estética.

Mas a questão foi bem além dos peitos.
A afirmação das mulheres exigiu muito mais e elas invadiram a sociedade pleiteando igualdade, mas que igualdade me pergunto agora depois de mais de meio século deste processo.
Mulher é mulher e homem é homem.
Somos gêneros diferentes, fora esse enormidade dos insatisfeitos de lado que aumentam dia a dia.
Os gêneros diferentes tem também Aptidões diferentes e igualmente importantes e devem ser respeitadas.

Nossa geração caiu numa cilada do capital, pois a oferta da força de trabalho das mulheres não se contrabalançaram com uma redução da carga de trabalho dos empregados, de modo a manter um equilíbrio na oferta de mão de obra e com isso o valor dos salários que relativamente acabaram caindo.
O resultado é catastrófico, e a história contará.
Vale pensar no que perdemos:
  • Educação dos filhos: as mães ao saírem para trabalhar não foram substituídas pelos pais na presença para educar os filhos. A família transferiu essa responsabilidade para babás, mil e um cursos para tomarem o tempo das crianças e "prepará-las" para a vida, e por fim para a escola que não tem obrigação nem competência para educar. Fosse planejada para isso, aí sim, poderíamos prescindir da educação familiar, e talvez da própria família e já teríamos chegado ao Admirável Mundo Novo de a.Huxley.
  • Qualidade de vida: 
    • A transferência da responsabilidade pela educação custa caro e é paga com boa parte do tal ganho salarial familiar. Os empregos gerados pela demanda desses serviços não respondiam por questões básicas da educação, repito não foram preparados para isso. Tapamos o sol com a peneira e fizemos de conta que seriam solução. Sobrou a correria do leva-e-traz dos filhos de cá prá lá.
    • Para uma classe mais favorecida a falta de tempo para os afazeres domésticos criou mais serviços e muitos ligados à alimentação. Hoje as casas poderiam ser construídas sem cozinha, o café da manhã é na padoca, o almoço no quilo, a janta compra-se pronta ou se come plásticos nos "fast foods". Não há mais o tempo para a conversa calma com os filhos e o companheiro, tudo é meio às pressas.
    • Para os mais pobres, sobra o abandono mesmo, filhos na rua, crianças se responsabilizando por cuidar dos mais novos, como se fosse possível esperar algo desse fato. E para piorar, as mulheres acabam, na sua grande maioria, deixadas para trás pelos pais dos filhos que vão "prenhar" outra sem se responsabilizar pelo rastro de herdeiros (da miséria) que deixam para trás.
    • Uma sociedade tão "cheia de oportunidades" aumenta em muito a movimentação urbana, e em países de terceiro mundo como o nosso, sem planejamento urbano com as cidades largadas aos desmandos da especulação imobiliária de um lado, e pela falta de transporte público adequado hoje as mulheres se maquiam no carro indo pro trabalho, homens leem ou escutam jornal enquanto dirigem e nesse via e vem passam 2,3 até 4 horas por dia. Tempo esse que falta para o resto.
  • Falta de serviços: fora o já citado, em países menos civilizados como o nosso, a falta de serviços públicos como alguns já citados, mas que se estende também à precariedade da saúde, a falta de lazer e cultura se aliam à alienação dos cidadãos nesses últimos quesitos. A família não cultua bons hábitos nesses e a sociedade se degrada em costumes sórdidos, para não acrescentar bizarros.
  • Demanda por ter: a evolução tecnológica cria uma demanda por possuirmos os bens que o mercado nos oferece e um tipo de torpe disputa por ser o que tem o melhor é instigado à população através de publicidade enganosa. Não adianta comprar o carrão anunciado que a gostosinha de 18 anos não vai dar pra você como insinua a propaganda. Nem comprar o último modelo de celular porque vai vir um amigo que comprou um duas, três vezes melhor e pagou a metade que você, descontada a passagem para Miami. Queremos ter e não ser. Tá todo mundo virando turista japonês, que desce do ônibus naquela bela praia tira umas dúzias de fotos e é perguntado pelo motorista - "como estão as férias?" ao que recebe a resposta - "Não sei vou saber quando for ver as fotos em casa, na volta".
Agora pensando no mundo como um todo.
Nos tornamos os idiotas ideais para uma sociedade de consumo.


Temos coisas e não valores.
Temos selfies de um ser sem ideário.
Isso até macaco faz.
Quero ver pensar.
Somos controlados pela publicidade e pela informação idiotizante que emana da imprensa.
Falsos especialistas falam abobrinhas para nos ter presos a uma tela que na verdade tudo o que quer é que fiquemos ouvindo as publicidades até o próximo bloco.

E para sustentar esse estado de coisas, a sociedade precisa de um estado forte que domine o povo, doutrine-o, prenda os rebeldes, enfim, ponha ordem na casa.
A ordem deles é claro.
Se ela não é boa para o povo, dane-se estou ganhando o meu legitimamente dizem os políticos, e sabemos que muitas vezes ganham muito mais que o deles ilegitimamente, na mão grande.

Mas controlando o povo tudo bem, continuaremos a financiá-los, dizem os poderosos do capital.

Li artigo sugerido pela Sandra Coutinho neste link que mostra a desordem que se alastra no mundo atual. Temos quase 60 milhões de expatriados por conflitos e doenças.
E deve aumentar com a xenofobia que está se fermentando nos países mais desenvolvidos.
Obama expulsou como nunca, judeus europeus estão tentando ir para Israel pois sofrem discriminação pelas besteiras feitas pelo governo israelense. Muçulmanos de todo primeiro mundo também são discriminados pelas besteiras que fazem os fundamentalistas que agora resolveram se matar entre si.

Não estamos evoluindo para algo melhor do que já fomos, digo, como seres humanos.

Minha única esperança é que tenho uma certeza esquizofrênica que esse sistema está limitado por si só.

São sintomas:
  • A crise que viveu o Japão em 1994 quando o povo parou de consumir e a economia se redirecionou para outros mercados, que também vão mostrar seus limites.
  • A falta de solução dos países mais desenvolvidos após 2008 que  não conseguem uma equação que restaure o dito desenvolvimento. E dificilmente o farão, a desordem econômica está nascendo por um tipo de desobediência civil.
  • Os vários conflitos bélicos em pleno século XXI, com selvagerias medievais usando recursos super modernos mostra esse nosso atraso humanístico, e aí se institui outra desordem, a social, deixando claro o esgotamento do sistema.
  • A falta de responsabilização ambiental desses estados mal resolvidos tece outra desordem que é a do meio ambiente, comprometendo o equilíbrio natural e até mesmo a vida no planeta.
Definitivamente minha geração foi uma bosta, desculpem a malapalavra, mas nada exprime melhor as besteiras que cometemos, a herança que deixaremos.


É uma pena que acabemos assim.
Tem volta?
Talvez, mas só depois do "day-after".

PS. E o pior de tudo é que a moda do soutien voltou, não se veem mais aqueles deliciosos peitinhos balançando livres leves e soltos. Tadinhos andam aprisionados, apertados, querendo saltar pra fora!.

sábado, 16 de agosto de 2014

Marinando a eleição

Não é para falar da morte do Eduardo Campos, mas do renascimento da Marina.
Infelizmente me assusta essa hipótese.

Ele tinha uma história de administração em um estado (talvez o mais importante do nordeste) e poderia ser promissor  numa administração decaída como a da união.
Mas Marina já não tem essa história na bagagem.
Não governou, e o pouco que fez no executivo teve um radicalismo que me lembra o da Dilma que se fecha ao diálogo com importantes correntes sociais, políticas e econômicas do país.
Por muito menos o Collor foi defenestrado da presidência.

Marina não acabaria fazendo o mesmo que Dilma?

Não falo em desonestidade, a acho honesta o que comprovadamente não se pode dizer da atual presidente, pois conivente com desonestidade que graça país afora.

Mas na contrapartida tem sua profunda ligação religiosa que é algo preocupante.
Não adoto religião nenhuma, nem acredito nelas.
Mais ainda nessas instituições neopentecostais que ludibriam o povo sofrido, construindo templos que se o Jesus deles estivesse vivo provavelmente explodiria.
Estão longe de uma ética no mínimo razoável.

Também não me agradou sua posição em cima do muro na última eleição.
Falta convicção em suas decisões.
Decidir é um ato fálico, requer de nós esse lado masculino.
Analisar as circunstâncias com o nosso lado feminino é prudente, é mais plural.
Mas decisão é outra coisa.

Por tudo, fico com pena de termos perdido uma boa terceira via.
Sabemos que o falecido não emplacaria nessa primeira disputa, mas poderia ser de muita ajuda já num governo oposicionista e um promissor próximo candidato.

Ou o Brasil é um azarado por natureza, desde o descobrimento me desculpem os portugueses, ou há também algo de novo.
Não temos líderes decentes, e acho que isso pode ser bom.
Líderes em uma sociedade complexa como a atual não é o melhor caminho.
Vejo as democracias europeias, na maioria parlamentaristas, como melhor opção de governança.

Será que nas propostas da oposição não constarão uma reforma política onde a ingerência da política na administração pública se reduza substancialmente.
Onde se divida o poder entre um Presidente e um Primeiro Ministro, que pode a qualquer tempo ser derrubado e a casa rearranjada?
Será que seremos sempre fadados a ter uma nação onde o planejamento não se faça em papel de pão aludindo mais uma vez aos nossos descobridores.

Será então um grande azar ou uma chance para mudanças?
O jogo está posto, vamos a ele.