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sábado, 29 de abril de 2017

O mimimi das relações trabalhistas e previdenciárias

Ontem foi dia de greve.
Ela aconteceu assim,

  •  os sindicatos de trabalhadores ligados à Centrais Sindicais de Trabalhadores, e partidos de esquerda, que controlam os sistemas de transporte, paralisam o transporte público;
  • Grupos de ativistas destes mesmos movimentos bloqueiam a passagem de automóveis queimando meia dúzia de pneus bloqueando estradas e avenidas.

Impedindo a mobilidade urbana fazem com que a maioria dos trabalhadores não consigam chegar no seu emprego e depois dizem que é greve geral.
Não penso que seja, de verdade.
Greve que participei em algumas era feita indo à frente da empresa e não trabalhar, ficar ali bloqueando (porque não?) e sem violência  os fura-greves. Isso é legítimo e é a forma de pressionar por melhores condições de trabalho. Não fossem elas estaríamos ainda trabalhando 60 horas por semana.

Do que realmente estão reclamando das reformas?

Os Sindicatos e as Centrais Sindicais terão que mostrar trabalho de fato.
Não vão receber fortunas por um imposto compulsório como é hoje e terão que conquistar seus afiliados mostrando que vale a pena colaborar com o sindicado.
Eu acredito num sindicalismo assim, e é muito necessário para tentar equilibrar o jogo capital x trabalho.
Mas nosso sindicalismo tupiniquim virou uma panaceia, um universo de gente canalha e pelega que além de locupletar com um imposto sem trabalhar para isso, em nada beneficia o trabalhador que deveria representar.

O fim do imposto não representa o fim do sindicalismo, dos pelegos sim não irão sobreviver, mas provavelmente surgirão novos sindicatos nascidos das cinzas que farão o que deve ser feito.
Afinal acordos coletivos continuarão a existir, e sindicatos são parte importantíssima dessa negociação
Os mais desfavorecidos precisam, e muito, do sindicalismo.

Nem só de sindicalismo vive o trabalho contemporâneo.

Mas a realidade do trabalho no século XXI é muito mais complexa, e há muito se dá a terceirização e o contrato direto empresa-trabalhador.
Seja por pagamentos como autônomos ou seja como empresas individuais, parte importante - talvez as mais importantes - das tarefas empresariais é feita por esses métodos.
A desconstrução da velha CLT já está em curso faz décadas, não vamos ser hipócritas.
Jargões de pelegos, que só defendem seus próprios interesses, tem cunho político para ludibriar os mais ignorantes.

Quanto mais foram complicando as leis trabalhistas, as contribuições e impostos decorrentes do trabalho assalariado, mais empresas e também empregados preferem lançar mão da terceirização.
Resultando que para esses o acordo não é mais coletivo, é individual, e estão se lixando para sindicatos.

Aí está o primeiro passo também para levar à bancarrota o sistema previdenciário, ou seja o INSS há muito está indo para as cucuias.

As liberalidades que a nova proposta coloca (não consegui ainda a íntegra de todos os projetos mas há um resumo que não sei se completo nesse link ) não punirão os trabalhadores também não vejo que ajudarão muito.

Talvez sejam mais benéficas do que imagino considerando que várias instituições ligadas ao sistema judiciário (OAB, Associação de Juízes do Trabalho, e algumas outras) se opõe às reformas pois vivem dos mais de 3 milhões de ações trabalhistas em curso no país. Não querem perder essa boquinha que come a carne do trabalhador e muitas vezes do empresário com todos os dispêndios que se tem com ações judiciais, onde quem realmente lucra são os advogados e estrutura judiciária envolvidos nos processos.

Previdência ou Inseguridade Social

Na França também houve manifestações contra as mudanças da seguridade social de lá.
Cito-o pois o problema é mundial, adotou-se um modelo do início do século XX e teimou-se em mantê-lo vivo por mais de um século.
E ele não funciona para populações não expansivas (com crescimento demográfico positivo) isso quer dizer, a brincadeira tipo corrente, onde o fluxo dos novos financia o dos antigos(aposentados) não se sustenta.
Ainda mais criando uma enorme e custosa estrutura estatal para operar o sistema.
Tem que falir, está falindo mundo afora.
A saída é a previdência individual, à escolha do trabalhador, como já postei aqui..
O caminho provavelmente passará por uma transição, que aliás já começou, pois há uma massa significativa de gente que, não acreditando no sistema, foge para outras alternativas como a terceirização, cooperativas de serviços, empresas individuais e outras.

A falta de informações objetivas do quanto nos custa manter o aparato previdenciário, e do tamanho do patrimônio que ele tem não me permite chegar a conclusões de alternativas de transição do sistema atual para um de liberdade de escolha do trabalhador.

O custo operacional para manter a previdência também deve ser levado em conta considerando que a eliminação do sistema passa também pela eliminação de uma máquina burocrática imensa que precisará ser equacionada por partes.

E por fim, não menos importante, aliás, mais importante de tudo é considerar todos os benefícios concedidos de forma inconstitucional por excederem o teto com desculpas esfarrapadas para toda uma classe de servidores hipócritas que na verdade se servem do estado e não estão no estado para servir-nos.
É discutível a manutenção desses "direitos" considerando a situação falimentar do estado brasileiro.

As reformas tem que ser muito mais profundas, e não conseguirão ser feitas por um governo não reconhecido pela sociedade, com recordes de desaprovação, ainda mais aliado a uma classe política que não merece a menor confiança da população.

Urge que se discuta uma constituinte isenta para tentar redesenhar um Brasil justo, que até agora não existiu.