Páginas

Tradutor - Translate

domingo, 13 de maio de 2018

Ode às mães

Não há como esquecer, hoje a cidade é das mães, dia delas.
A minha já partiu para outros planos há alguns anos, perco a contagem fica só a saudade.

O mesmo aconteceu com a mãe de meu filho, a Sandra.
Hoje comemoraria 2 datas o dia das mães e seu aniversário de nascimento.
Mas nos deixou muito cedo, muito antes do combinado como diz sempre o Rolando Boldrin.
Partiu antes de toda a tecnologia que temos hoje e poucos são os registros dela.
Deixou muitos amigos, ninguém conseguia deixar de gostar dela.
Sempre alegre, encarou firme a doença que a levou de nós.

Mas quero comemorar o dia duplamente.
Ser mãe é ato único e só uma delas entende, nós homens podemos até sentir o peso da responsabilidade de ter um filho, mas não gestamos, não parimos, não construímos um cordão umbilical afetivo como só elas podem fazer. 

A Sandra fez isso primorosamente, quem conheceu sua história sabe disso.


Mas hoje ouvi uma história triste sobre o fato de que nem todas as mães conseguem ser assim, criar um vínculo amoroso com um ou todos os seus filhos.
Fico triste pois ao fazer esse distanciamento faz sofrer os filhos e com certeza sofre, de forma recalcada, mas sofre e é esse sofrimento que bloqueia as tão ricas possibilidades do amor maternal.
Deveria ser proibido mães não terem amor, mas não é. E isso acontece.
Mas a história não é tão triste porque quem me relatou deu a volta por cima, chacoalhou a poeira como diz o samba, e é uma mãe das mais amorosas que conheço, e olhe que conheço muitas mães amorosas que o demonstraram vida afora.
Não cabe citá-las aqui, mas são todas amigas de longa data, algumas mais recentes.

Daí me recordei de como a minha mãe foi boa e amorosa conosco.
Penso que somos pessoas razoavelmente equilibradas (de perto também não somos normais como todo mundo) por conta de seu amor, que poderia não ter sido devido a certa crueza que a vida lhe ofereceu na infância e juventude.
Mas ela também superou tudo isso, teve um casamento cheio de companheirismo com meu pai e isso faz diferença na hora de cuidar de filhos.

Lembrei-me também de minhas avós, mães de mães que tudo fizeram para poder dar a seus filhos.
Da bisavó de meu pai que explodia amor atendendo doentes que iam procurar o "médico do Butantã" no começo do século passado.
Enfim nesse rebobinar lembranças da hierarquia de minhas mães descubro cada vez mais a real importância desse papel que a criação deu às mulheres.

A maternidade, hoje, corre o risco de se extingir.
Huxley  fala disso no "Admirável Mundo Novo", Balmann liquefaz as relações e projeta um futuro que para o anterior era "mera ficção".

 Mas se a Mãe Terra perder a possibilidade da maternidade humana não estaríamos fadados ao fim, já que a primeira, maior e mais permanente expressão de amor vem desse fato, da maternidade?
Sem amor haverá humanidade ou nos tornaremos uma espécie desenvolvida tecnologicamente e tosca em sua emocionalidade, um tipo de robô orgânico?

Mães não nos abandonem, dependemos de vocês.
Só isso.