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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Reconstruir as casas ou a cidadania

Santa Catarina não está abandonada.
O Brasil todo vela por eles, e ajuda tanto quanto o possível.
Mas a melhor ajuda, não é essa emergencial, é aquela de longo prazo, que resolverá - ou ao menos minimizará - os efeitos de catástrofes como esta.
Povo lutador, e orgulhoso de sua capacidade de luta. Esses são os catarinenses.
Vira-latas de sangue original alemão, italiano e português são lutadores e poderão dar um grande exemplo de superação para todo o mundo.
Mas eu sonho que ali poderia surgir algo mais que uma reconstrução de casas.
Não sei se feliz ou infelizmente, muitas casas perderam seus terrenos onde serem reconstruídas, e muitas que aparentemente não perderam o terreno, assim deveriam ser consideradas pelo poder público pelo grau de risco dos mesmos.
A primeira providência seria parar de tratar a coisa pública "com o jeitinho brasileiro" e ser mais rigoroso no combate às irregularidades urbanas.
Que tal pensar em uma reconstrução com "áreas de risco" zeradas?
A expressão "área de risco" subentende o "de vida", sim risco de vida, é isso que quer dizer.
Como pode um homem público omitir-se de suas responsabilidades, sujeitando pessoas ao risco de vida (ou da morte como gostam os mais "muderninhos") de modo deliberado?
Não todos, mas alguns ou muitos dos óbitos de Santa Catarina tiveram origem na irresponsabilidade civil de agentes de governo, civil antes, agora seria criminal se estivéssemos em um país mais sério.

Mas Santa Catarina pode apresentar um novo método de reconstrução, que envolva a complexidade necessária na abordagem do simples morar.

Tudo começa em casa.
Com esse mote poder-se-ia reorganizar os espaços urbanos residenciais, promovendo cidadania, infra-estrutura comunitária e claro casas decentes, bem construídas e baratas.

Em tempos de crise como os atuais, seria também interessante que esses processos gerassem empregos e dessem especialização e renda para os envolvidos.

Construtivamente há várias técnicas possíveis de serem utilizadas, mas não é só isso que deve ser levado em conta.

O modo de realizar as obras são talvez mais importantes que a técnica.
Os projetos de mutirão são aqueles que tendem a melhor organizar a comunidade e o senso de cidadania dos seus moradores.
É também o mais adequado para a personalização das moradias de acordo com as necessidades, desejos e recursos de cada família.

Os projetos urbanísticos devem contar com equipamentos comunitários que aglutinem os moradores em tarefas de interesse comuns, tais como hortas, centro de trabalhos artesanais, creche, quadras esportivas e outros.

Mas o mutirão não pode se basear somente na produção dos interessados, pois aí corre o risco de se alongar demais, desestimulando a participação e comprometendo o processo.
A participação dos interessados tem que ser a necessária e suficiente para desenvolver o senso de cidadania, colaboração e convivência que precisa existir para que uma comunidade se desenvolva sadia, sem ficar subjugada aos interesses de marginais, como freqüentemente se vê em comunidades desenvolvidas sem essas preocupações.

Desde o tempo dos três porquinhos sabemos a importância do tijolo como elemento construtivo que alia resistência, isolamento termo-acústico, facilidade de manuseio e baixo custo.
Os ingleses, pais do tijolo, no pós guerra desenvolveram um tijolo mais produtivo para a reconstrução daquele país. O bloco de concreto.

Perfeitamente adaptado para o Brasil, foi e é muito utilizado, apesar de sofrer preconceitos infundados por parte de nossa população.
É um bom produto para esses processos, mas perde para o chamado tijolo ecológico por vários fatores:
1. Consome muito menos cimento que o bloco de concreto na sua manufatura, e o cimento além de caro consome muita energia para ser produzido. É o insumo nobre nestes produtos.
2. Usando o solo-cimento, só utiliza de areia para certos tipos de solo que, após a analise dosa a necessidade exata desta na mistura para se ter um produto de boa qualidade. Poupar areia é poupar sua fonte, a energia de extração e o transporte para chegar na obra.
3. As instalações para produção são do mesmo porte, até menor, que aquela necessária para produzir blocos de concreto, podendo ser transportada para novos canteiros, ou ainda virar fonte de renda para quem participou do projeto.
4. O método construtivo é mais fácil, seguro, e rápido que utilizando o bloco de concreto, pois são colados e eliminam a argamassa de assentamento, que também consomem cimento e areia.
5. Elimina toda perda de material na construção, não sobra entulho neste tipo de construção.
6. É um método que valoriza a hora-homem dos profissionais envolvidos, pois a produtividade é muito mais alta que nos processos tradicionais.

Com um investimento inferior a 50 mil reais, pode-se produzir cerca de 100 mil tijolos por mês o que daria para fazer 16 casas por mês, ou 192 casas em um ano, com custos bem reduzidos, pois o insumo mais caro que é o cimento é utilizado em baixo teor na mistura, o solo pode ser utilizado do próprio local ou proximidade e dependendo de sua granulometria pode-se até dispensar a adição de areia.

... continua

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Flagelo de Santa Catarina

Quando estamos no meio de uma catástrofe, não nos damos conta de sua extensão, não há tempo para avaliações reais do ocorrido.
É assim que acontece agora com as dezenas de cidades de Santa Catarina, que a exemplo de São Paulo tem um santo no nome que parece, por vezes muitas, desprezar seus cidadãos, deixá-los à própria sorte.

Mas há um fator que precisa ser levado em conta: a inoperância do poder público na regulação do uso do solo.
Claro que o cataclismo tem origens atmosféricas inusitadas, e o fator natureza tem a maior relevância no desespero dos catarinenses, mas a irresponsabilidade dos homens tem grande dose de culpa.
Os mais graves acidentes se deram em encostas, são barreiras (barro e água, não no sentido obstáculo) que levam casas, interrompem estradas, explodem gasodutos e nas baixadas onde soterram imóveis e pessoas, aniquilando-os.
As barreiras são da natureza, e ao olharmos para a ocupação urbana de nossas cidades conseguimos facilmente encontrar áreas que não deveriam estar ocupadas, e que a Defesa Civil se limita a chamar de área de risco.
Se é de risco, não deveria estar ocupada, mais dia menos dia poderá se tornar mais uma tragédia como a que assistimos hoje.

Alguém aprovou a utilização do solo nestas encostas ou, no mínimo, fez vistas grossas para essa ocupação.

Mas o que me preocupa, não é a falta de respeito ao cidadão deixando-os à própria sorte, quando esse não tem competência técnica para saber o que faz.
As prefeituras são orgãos reguladores que tem por obrigação proteger o uso do seu solo, antes de ser uma propriedade de alguém, o solo é do município, é o poder municipal que pode fazer com que uma terra seja mais ou menos valorizada.
É a prefeitura que acaba definindo, pela sua gestão, o valor dos imóveis em sua área urbana. Quanto melhor a gestão, mais pessoas irão querer viver lá, e maior o valor dos imóveis no seu município.

Mas a ganância, o descaso com os homens, e os interesses individuais acabam preponderando na questão do uso e ocupação do solo.
As chamadas áreas de risco não deveriam estar ocupadas em qualquer cidade, elas são a certeza de mortes, perdas, e tristezas como estas que vemos em Santa Catarina.

Se fosse católico talvez eu rezasse por eles, mas fica difícil quando a própria santa os deixou na mão (mera figura de retórica).
Invés de rezar, prefiro acreditar que as pessoas encarregadas do uso e ocupação do solo de cada uma destas cidades atingidas, no mínimo em consideração aos seus mortos, passarão a ser mais responsáveis com seu trabalho, buscando eliminar essas ocupações em áreas de risco.

Mas há o risco ambiental, que matará a mais longo prazo, mas matará muita gente.
Mas isso é outra história, vamos ao menos salvar as pessoas que estão morrendo ou perdendo o pouco que teem, tanto pela água como pelo fogo (muito comum em favelas).

A ter governos como esses que assistimos hoje, prefiro não te-los. Deixam-nos à própria sorte em tudo o que nos é essencial para a vida, melhor mesmo seria não existissem.

Mas qual é a alternativa?
Acho que ela começa a existir por aqui, mas isso é assunto para depois.

É isso.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A escalada das Bolsas

Tem um ponto de taxi aqui em frente de casa.
Nunca vi como os caras ficam fofocando sobre tudo, nos seus muitos momentos de ociosidade. Não gosto do que vejo, são pessoas que não tendo o que fazer, tem "todo o tempo do mundo" para articular seu corporativismo.

A mesma coisa deve acontecer nos presídios.
O ócio cria oportunidades infinitas, como PCC's e CV's.

Li outro dia que a origem das bolsas se deu nessa mesma trilha.
Lá pelos idos do século XVII ou XVIII se juntavam uns desocupados, com posses, e ficavam trocando participação neste ou naquele negócio.
Trabalhar mesmo que é bom ninguém trabalhava, só comprava e vendia, ganhava e perdia e pronto.
Se aproveitavam do fato dos negócios necessitarem de dinheiro, e tendo-o disponível investiam nos negócios contra papéis e rendimentos baseados no lucro dos mesmos.

É o como o capital podia ajudar a produção e ser ajudado por render lucros oriundos dos negócios.
É uma regra justa, que remunerava o capital através do trabalho que este patrocinava.

Acontece que, nesta roda de bar (que é onde realmente nasceram as bolsas)surgiram os expertos, que mesmo sem ter realizado o lucro, começaram a vender suas ações a outros, recebendo uma parte deste lucro ainda não realizado.

Começa aí uma inversão de valores: a economia fica à mercê do mundo financeiro.

A UE tem um Banco Central que a representa, e que, se fizer o real papel de um BC deveria regular o mercado financeiro de modo a garantir-lhe credibilidade.
Mas parece que isso não aconteceu, a crença suprema no mercado os enganou.

Li ontem que Isaac Newton no século XVIII, após ter perdido 20.000 libras na Bolsa de Londres disse: "Eu consigo calcular o movimento das estrelas, mas não a loucura dos Homens".
Ele já declarava aí a distância que existia entre especulação e realidade.

Nunca gostei de jogos, mais ainda daqueles que se ganha e perde dinheiro ganho com trabalho.
Essa é a bolsa que Newton não conseguia entender.

Essa é a bolsa que ninguém pode entender, a bolsa dos jogadores, não de quem produz.
Se uma empresa chinesa ou indiana ou koreana resolvesse comprar a GM pelo preço de suas ações iria deter um patrimônio incomensurável, tanto no que tange ao seu parque produtivo, mas como, principalmente, no que diz respeito ao seu know-how.
E isso pode acontecer, não está descartado.

O mundo real está à mercê dos jogadores.
Os governos, nada mais fazem que alimentar esse jogo quando alimentam o sistema com um dinheiro que, na maioria das vezes, ainda não existe ou que será recolhido com os impostos dos seus cidadãos (caso eles venham se o jogo der certo).

Nada está mudando enquanto o jogo continuar.
São jogos de cena dos espertinhos do mundo financeiro, aliados com os governos.
Isso não vai levar a nada, não adianta usar o conhecimento sobre o que houve na grande depressão de 29, o quadro é muito mais complexo, e a crise mais profunda.

Acredito que ela mal começou, e que muitas mazelas ainda serão vistas enquanto acreditar-se que a economia se faz com o jogo de capitais.
A economia se faz com o trabalho, seria simples entender, não fosse o mundo atual tão cheio de maus caracteres.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Quanto Ufanismo!

Tive que tomar chá de boldo para me desintoxicar da bobageira que ouvi nos vários jornais de hoje sobre a eleição de Obama nos EUA.

Os repórteres empolgadíssimos falando da eleição do primeiro negro nos EUA, como se isso fosse realmente fazer uma grande diferença. Será?

Na África, ainda hoje, negros massacram negros numa atitude bárbara inimaginável no século XXI, que quer dizer, não é porque é negro que vai ser bonzinho e resolver todas as mazelas do mundo.
Não vai!
Seria pedir demais para o garoto "mais poderoso do mundo".

Ainda bem que esse dito negão americano não passava de mulato se fosse aqui no Brasil. A mãe é branca, e a alma será branca (ops! isso já é racismo de minha parte esqueçam que escrevi).

Tá bom, não quero dizer que o McCain seria melhor, mas também o quanto pior ele seria não podemos mais avaliar.
Claro que torci para o Obama, como a maioria do mundo.
Mas não me engano com a postura norte americana.
Seu egocentrismo não será amainado sem uma forte crise e o provável destronamento dos EUA como "maior economia do mundo".
Afinal, atualmente o que eles tem de maior são suas dívidas, suas incompetências administrativo-financeiras ou, como penso, sua imensa falta de ética em criar uma jogatina financeira baseada em valores irreais da sociedade americana, tais como o valor de seus imóveis, de suas empresas, etc.
Todo o mundo acreditou nas palavras do "mercado americano" e juntos especularam ao máximo, daí veio o estelionato atual. As perdas serão imensas, mas serão perdas para quem vinha ganhando muito e despropositadamente, não é o que me preocupa.

Temos que ter em mente que todos os problemas econômicos estão aí para detonar com qualquer presidente eleito nos EUA (ou outra nação qualquer), caso não se faça uma mudança de paradigma.

Israel ataca seriamente a Palestina no dia da eleição do “querido negão americano” (não é hipocrisia não acho que o Obama tem cara de gente boa mesmo), numa atitude que mostra o desprestígio dos democratas em áreas de atrito internacionais.
O capital judeu nos EUA e a sua indústria armamentista, que alimentam Israel, não querem saber de Paz querem a guerra, pelas mais disparatadas justificativas que escondem os reais interesses que são o lucro, o petróleo e a invasão de território alheio.

O que fará Obama?
Apesar do nome parecido ele não é Ozama, e não pode lançar mão dos métodos deste no trato da política externa americana. O Bush tentou e se deu mal, e não foi porque o nome não era parecido.

Vale a enquete: Quem é mais terrorista o Ozama ou o Bush?

Será que tudo o que o Obama aprendeu na vida, sobre conviver com as diferenças, irá conseguir as mudanças de paradigmas na política externa dos EUA e seus aliados para que saiam desta posição guerreira, absolutamente equivocada nos tempos atuais?

Vamos ver, pois não esqueço que foi um democrata (Lyndon Johnson) que resolveu mandar tropas para o Vietnã em 1965 e foi um republicano (o Nixon) que resolveu sair de fininha de lá com o rabo entre as pernas.

E sobre a economia?
O democrata Clinton administrou junto com o John Major e Toni Blair a idéia lançada por Margaret Tacher do último golpe do primeiro mundo chamado globalização.
Provocaram a privatização de tudo o que foi possível, e propuseram o mercado como o grande agente econômico.
Deu no que deu, o tal mercado mostrou que é feito de crupiês experimentados em enganar a massa de jogadores.
O mercado prefere jogar com o dinheiro (finanças) do que propiciar bases sólidas para o desenvolvimento dos meios produtivos (economia), pois este último dá muito trabalho.

O fortalecimento do mercado exigia a privatização dos serviços prestados pelos estados, pois o mercado era melhor gestos dos negócios. Aqui no Brasil, o FHC se aliou à essa globalização e privatizou telefonia, eletricidade e muito mais.
Financiou muitas empresas estrangeiras com dinheiro do BNDES (que entendo ser do povo) no processo de privatização.
O povo passou a pagar duas, três vezes mais pelos serviços, quem viveu o processo se lembra.
Será que tinha que ser assim? Não acredito, que teve malversação da coisa pública, ah teve.

E agora?
O Secretário do Tesouro do Clinton parece que vai ter papel importante na política econômica do Obama, será que mudará de postura?

O estado americano já começou sua caminhada intervencionista, ajudando bancos para manter a credibilidade em um sistema financeiro que está falido.

Esses altos e baixos que ocorrem nas bolsas mundo afora, são só parte do jogo para alguns saírem com menor prejuízo em detrimento de outros que acabaram perdendo mais e mais.
Jogo é jogo, uns (poucos e espertos) ganham e outros perdem.

O primeiro ministro inglês Brown foi mais inteligente no seu intervencionismo, falando em comprar ações das instituições falidas, para depois de recompostas, poderem vender sem tanto prejuízo.
Só não disse depois de quantos anos, ou décadas.
Qual o tempo necessário para a economia real do mundo crescer 2 a 3 vezes para resgatar o valor desses títulos podres?
Ninguém sabe.
O Bush e seu secretário de tesouro estão tentando copiar a fórmula inglesa (que também se espalhou por outros países europeus).
Será que o Obama vai manter essa postura? Antes, como candidato, apoiava. Temos que ver para crer.

O fato é que o imbróglio em que se meteram as economias do primeiro mundo, guiadas pelo estelionato pós-moderno americano, não permitirá muita margem de manobra.
A mentira foi exposta.

Hoje é o day-after das eleições americanas.
O discurso da vitória do Obama foi muito lúcido, sem ufanismos. Gostei.

Mas pela "vacância presidencial" exercida pelo Bush nos últimos meses, cabe ao Obama as ações práticas para promover mudanças que devem iniciar-se já.
Não dá para esperar o fim do mandato do "guerreiro vencido" Bush.
A crise se acirra cada vez mais, não nos iludamos, e finda a festa das eleições americanas o mundo voltará à triste realidade do esfacelamento econômico.

Um novo equilíbrio mundial deve ser estabelecido rapidamente, e o primeiro mundo deve ter a humildade de reconhecer as possibilidades dos mercados emergentes e dos outros que ainda estão submersos no abandono a que foram submetidos.

Não adianta o FMI ficar pressionando para que os emergentes ajudem a economia do primeiro mundo, com uma risível proposta de empréstimo a fundo perdido, pois eles tem que resolver suas próprias crises, estimulando seus mercados internos para suprir a falta que fará os mercados de primeiro mundo, que acabarão por ter que se contentar com um novo modo de vida.
Isto poderá garantir um mínimo de estabilidade e crescimento de suas economias ajudando, aí sim, resto do mundo.
Afinal o capital produtivo do primeiro mundo está entranhado em todas as economias emergentes e delas poderá auferir o lucro que não conseguirá nos seus países de origem, enquanto esses procuram se reorganizar nestes novos paradigmas. Mas o ganho é de um investimento produtivo, não de uma jogatina especulativa.

O fato é que a ciranda financeira (lembram do termo usado a tempos atrás aqui no Brasil) mundial deverá terminar, pois caso contrário o descalabro financeiro atual irá causar um colapso econômico irreparável, e a curto prazo.
Isto já está acontecendo quando vemos indústrias no mundo todo fechando as portas de muitas fábricas ou quando vemos cidadãos americanos acampados ou morando em automóveis por terem vergonha de declarar aos seus familiares a falência pessoal, ao pedir ajuda.

A exploração exacerbada que os países desenvolvidos fizeram ao longo dos últimos séculos contra os pobres do mundo têm que acabar, não está dando certo, quer seja pela invasão de emigrantes terceiromundistas procurando melhores oportunidades de vista, seja pelos conflitos infindáveis para manter territórios alheios sob controle.

Não tem jeito, vamos encarar a realidade de que não haverá milagres.
Temos que continuar conquistando espaços e direitos.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Homosexualidade ou Homodificuldade?

Quando beijo uma mulher (esses sempre foi meu hábito) muitas vezes o faço de olhos fechados.
Se trocassem uma mulher por um travesti, num passe de mágica e sem que eu tivesse percebido, talvez o beijo não fosse muito diferente, não sei, nunca passei por essa experiência.

Mas fico pensando, a sexualidade se dá independente das preferências de cada indivíduo.
Há casos patentes de homosexualidade, que se manifesta numa clara demonstração que algo deu errado: botaram um corpo errado para a pessoa, sua alma é adversa do corpo que lhe foi dado.
Mas as preferências se formam por outros motivos, e talvez mais importantes que o acima citado.
Mas acho que estatisticamente esse fenômeno é bem menor do que o universo gay atual.

Acho que as preferências homo são motivadas pela dificuldade do hétero que se origina da diferença.
É provável que, na dificuldade de conviver com as diferenças entre os sexos, nos conformemos com a convivência com os pares(cidos) , os iguais. É mais confortável. É mais fácil, menos custoso.

Aí está uma coisa que me preocupa.
Se for por isso, por uma questão de custo-benefício para a construção de uma relação, estaremos jogando com a lei do mínimo esforço. Geneticamente isso é degenerativo, realmente preocupante., pois as espécies que sobrevivem são as que tem no risco a transcendência de sua condição, e com isso vão além, num processo evolutivo.
Não estou falando de reprodução, isso se resolve com inseminação artificial, ou mesmo com um esforço "sobrehumano" de uma gay dar uma transada com um cara para ele lhe "fazer" um filho.
Isso tudo já está nos noticiários dos jornais cotidianamente.

O que me preocupa mesmo é o tipo de personalidade que estamos criando com isso.
Alguém que desiste de se confrontar com as diferenças e aprender com elas na convivência pode estar deixando de lado um processo de aprendizado que é muito interessante, e que faz com que o masculino entenda melhor o feminino e este a aquele.
Claro que é mais fácil para um homem saber como excitar outro homem, faz o que gostaria que lhe fizessem.
Com as mulheres se dá o mesmo.
Mas para o homem aprender como satisfazer uma mulher (coisa que vai muito além do ato sexual) e para ela, entender uma certa obviedade masculina de que sexo é sexo aí sim, a coisa pega.

É difícil.
É uma diferença que vem de antes dos judeus contra os egípcios, vem desde sempre.
É uma diferença que nos ensina muito.

Dizem que uma vez gay, sempre gay.
Não é verdade, conheço casos de revisão de preferências, claro que de pessoas muito mais corajosas que nós, pois conseguiram sair desta posição cômoda para um cotidiano conflitante, mas esse é o custo do aprender.

Minha percepção é de que o no universo gay as relações são muito mais tempestuosas que no hétero.
Não acho que seja comodismo deste último, mas uma insatisfação natural que se dá quando as possibilidades de descobrimento de uma relação se minguam.
É o paradoxo: eu quero o igual mas ele não me satisfaz, pois é uma relação baseada na negação de minha tendência humana de descobrir o novo, o diferente.

Bom isso foi só para armar a fogueira, acho que é um assunto para ser aprofundado.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

E Agora FMI?

O primeiro ministro Gordon Brown (que quer dar uma de novo herói do mundo) mostrou a prepotência normal dos primeiro-mundistas quando diz que os países produtores de petróleo e a China podem "ajudar" o FMI dando dinheiro para o primeiro mundo socorrer os especuladores.

Parece piada!

Os ingleses e os EUA usaram os petrodólares, recebendo-os e mal-pagando os países produtores, a ponto de criar uma indisposição que fez do Islã o maior inimigo deles na atualidade.
Claro que os dois adoraram, precisam de inimigos para poder fazer suas guerras.
Mas daí a pedir aos explorados que, agora, doem dinheiro para socorrer os coitados dos especuladores vai uma grande diferença.
Que se danem os especuladores.

Ontem numa entrevista do roda-viva fiquei estarrecido. O Prof. Beluzzo, equiparar o capital especulativo ao produtivo.
O cara é "o cara" da economia. Diz que sabe tudo. E todos acreditam. Eu pasmei!!!

Mas o fato é que ao dizer que tudo é especulação, inclusive o capital investido diretamente na implantação de negócios, mostra que nossos economistas, pelo menos os melhores, tem uma visão absolutamente distorcida do que seja realidade.
Sempre achei que os economistas tiveram uma formação mais de jornalista que de analista econômico.
Para exemplificar, na minha época de estudante na Poli, o Banco Itaú contratava um montão de alunos e formandos para trabalharem lá e, por testemunho de colegas, eram maioria, poucos eram os economistas.
Ah! e as escolas são de economia, não de administração financeira.
O mercado mexe com finanças, a economia fica - se é que fica - em segundo plano.

Botaram tudo no mesmo balaio de gato para mascarar suas incompetências.

O noticiário ontem afirmou que as empresas brasileiras com capital na bolsa de valores perderam 1 trilhão de reais.
Fiquei imaginando grandes unidades industriais de uma dessas empresas desaparecerem, por nada, com tudo dentro inclusive as pessoas, só porque suas ações na bolsa de valores perderam valor.
Ora nada disso acontece.
Quem perdeu mesmo foram os especuladores que acharam que iriam ganhar dinheiro fácil com ações.
Muitas dessas empresas irão recomprar (tão logo possam) suas ações com esse "deságio" e ainda assim talves acabem pagando seu valor original com um lucro razoável que qualquer negócio deve - ou pode - dar.
A BOVESPA rendeu quase 100% no ano passado.
Isso é mentira, não há como crescer o capital nessa proporção.
A mentira está desfeita e contentem-se os investidores com seu papel de investidor e não de especulador.

Pior é a vida dos que realmente especularam em títulos podres, talvez saiam no prejuíso, ou no zero a zero ou talvez com um lucro razoável.

É isso, como falou o Prof. Beluzzo: "todos são especuladores", acho que faltou ele completar com adjetivos tipo gananciosos, razoáveis, canalhas, bobões, e outros que a crise tem apresentado.

Mas voltando ao Gordon (fosse brasileiro pesaria 320kg acho eu) com o FMI esmolando petrodólares finalmente livres da sacanagem anglo-americana dos anos 70-80 e dinheiro dos chineses, que poupam às custas de uma qualidade de vida baixíssima de sua população, mantidas a punhos de aço.

Pára com isso Sr. Gordon, dê um pouco de sua gordura primeiromundista para tentar fazer acreditar um sistema financeiro que está falido mesmo.
Deixe que os países de terceiro mundo (acho uma bobagem esse negócio de emergentes pois se somos emergentes eu diria que o somos do lodo fecal - detesto falar merda - que o primeiro mundo nos colocou) criarem o novo mercado.

Como já escrevi antes, povos severinos, mercados severinos, regras muito mais rígidas moldadas pela agrura que foi a nossa vida, agrura essa promovida pelos imperialistas europeus, e agravada com a entrada dos EUA nele no século passado.

Se há uma esperança ainda, para as nações desenvolvidas, ela passa por uma atitude mais humilde.
A xenofobia européia e norteamericana apresentada contra os imigrantes do terceiro mundo é, na realidade, uma saudável mudança. Os mãos-finas estão entendendo que catar lixo, ou lavar latrinas, ou servir pratos, ou tantos outros serviços subalternos da sociedade são melhores que um desemprego crônico que pode levar até os sistemas de seguridade social à bancarrota.
Recolham seus lixos, lavem suas latrinas, cuidem de sí e deixem que o terceiro mundo comece a usufruir dos benefícios da modernidade.
Usem suas empresas, sem a ganância que está sendo mostrada antropofágica, para ajudar-nos, e lucrem razoavelmente com isso.

Entendam que a diferença (até agora pregada pelo primeiro mundo) é a pior coisa para a humanidade. Os inferiorizados sempre irão se perguntar: "porque eles - os ricos - podem e eu não?", e terão como resposta ações violentas dos mais diversos matizes e tamanhos. Do roubo do tenis, ao 11 de setembro.

E o FMI que se contente com os recursos que sobrarem do "day after" que ainda não veio.

Enquanto o capital que roda nas bolsas não for purgado da sua fração especulativa (desculpe o termo errado do burrão aqui Dr. Beluzzo) as bolsas irão cair.
Ah! pena que sou tão burrão, pois a jogatina das bolsas fazem muitos espertos ganharem muito nestas crises. Pena que seja um dinheiro que parece poder não valer nada.

Xiiii, já falei demais por hoje. Vou dormir que ganho mais.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quando Terminará?

Se existiam cerca de US$ 212 trilhões circulando nas bolsas contra US$ 52 trilhões que é o PIB mundial, parece-me numa matemática simples, que os capital especulativo terá que perder 75% do seu valor para se equiparar ao capital produtivo.
Sei que os economistas devem me chamar de idiota, que as regras não são tão simples assim.
Mas acredito mesmo nessa simplicidade.
Se o PIB é o retrato do que se produz, e o capital é o meio utilizado para trocas nesta produção, o excedente não está lastreado na produção.

O que é chamado de especulativo é, na verdade, um dinheiro usado como jogo, onde a credibilidade da banca é fundamental, e esta parece ter acabado.

Há que se escrever outras regras econômicas, com maior controle sobre os agentes financeiros (que acabam por ser os promotores primeiros da especulação), ancorando o capital à produção para que este realmente se apresente como confiável.
Parece que a Europa já entendeu isso.
Querem um novo FMI.
Querem a inclusão dos emergentes nesta nova escrita, pois sabem que deles pode vir uma esperança de crescimento econômico, e que alguns deles podem trazer experiências de regulação bastante úteis para essa nova economia.

Devemos voltar a valorizar os meios de produção acima dos mercados financeiros, pois a economia real se faz com os primeiros.
Parece-me que o tal "capital líquido" descrito pelo Baumann acaba por evaporar-se em poucos instantes da história.

Não será o fim do capitalismo como dizem os economistas, e eu acredito, mas que provavelmente será o fim da economia baseada nas finanças, nas trocas de valores sem valor, da especulação e da jogatina, eu penso que será.

Está na hora do setores produtivos da economia começarem a falar mais alto.
Dentro das organizações como Sadia, Votorantim e outras onde o setor financeiro poderia apresentar resultados "surpreendentes" agora estão amargando perdas que poderão neutralizar todos os surpreendentes ganhos obtidos na especulação.
Está na hora de valorizar a produção, e deixar que as finanças voltem a seu papel de coadjuvante.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Vida Severina

É o que nos impôs o primeiro mundo até agora, uma vida severina ao terceiro mundo.
Uma vida dura, sendo explorados primeiro pelo poder colonial depois pelo poder econômico, que aproveita de nossos mercados e nos deixa alijados do real desenvolvimento que pode elevar o IDH destes países.
As diferenças se acumulam, e com ela a violência.
A distância entre a vida abastada de uns e a carência de outros, convivendo no mesmo espaço urbano determina a violência. É uma questão de lógica.

Mas vida uma vida dura tem suas vantagens, deixa seus filhos mais resistentes, mais adaptáveis, mais espertos.

É isso o que aconteceu conosco, e espero que com outros povos terceiromundistas.
Nosso sistema bancário foi elogiado pelo Financial Times nesta quarta-feira, que se rasga em elogios às nossas instituições bancárias e ao sistema de controle do sistema financeiro estabelecido no Brasil.

É algo que nos deve deixar gratificados.
Não foi uma obra de um só governo, o Lula sabe, foi um trabalho que começou na década de 90 tentando um processo moralizatório, que envolveu vários governos, mas que apresenta bons resultados na sua gestão.

Ótimo, é bom que assim seja.
Melhor que a imagem erudita, cheirando de pó-de-arroz e pequeno burguesa do FHC, prefiro que o mundo comece a nos respeitar tendo como ícone o Lula.
Não sou ingênuo a ponto de achá-lo melhor ou pior que outros políticos.
Político é político no Brasil, uma casta bem esperta, e muito pouco ética, malandra, que tem olhos para seus próprios bolsos, e não para o bem público.
Se houverem excessões, são poucas e servem para validar a regra.
Mas como ícone, melhor o Lula, como foi Mandela em relação aos antigos governantes da África do Sul, com seus traços ingleses (lembro-me das reportagens de décadas atrás, vindas de lá, onde apresentavam um presidente branquelo e eu me perguntava "África, cadê o negão?"- os branquelos destoavam).
E ícones são importantes, sintetizam todo um conjunto de coisas em si.

Nossos banqueiros-malandros ficam sujeitos (e até vão às vezes) à prisão.
Os dos EUA foram relaxar em um SPA, pois conseguiram que o governo pagasse suas falcatruas sem praticamente nenhuma punição a eles.

É, muito do primeiro mundo tem fortes raízes na desonestidade, na falta de moral.
Acostumados a processos de ocupação colonial e econômica, construiriam seu "jeito de ser" entendendo que só explorando outros povos poderiam manter seu padrão de vida.
Usaram éticas mais que duvidosas como opressão, aniquilamento, escravidão, etc..
Mas estão se consumindo na própria ganância.
Suas fortunas especulativas estão sendo cobertas por Ações de governo cujo próprio lastro devemos duvidar.

Enquanto isso, diz o Financial Times, o Brasil (e espero esses outros terceiromundistas sofridos) poderá ter até um dos melhores crescimentos econômicos em 2009.

Como o mercado do primeiro mundo pode apresentar forte retração (a ferida financeira aberta nesta crise durará a cicatrizar - a desconfiança criada em semanas deve demorar meses, anos a ser revertida), resta-nos unir como estão fazendo os IBAS, e aliarem-se aos demais emergentes e explorados para criar um mercado mais objetivo, baseados em suprir primeiras necessidades, exterminar a fome, a falta de educação e saúde, melhoras as condições de moradia, transportes.

Como o capital do primeiro mundo vai acabar se voltando para os mercados possíveis, é importante que nós pensemos em sistemas regulatórios muito rígidos, pois esse capital virá com muita voracidade explorar-nos.
Nós precisamos dele, mas de forma menos volátil, num investimento de médio e longo prazo, que permita que o desenvolvimento possa ser planejado e seu resultado eficaz.

BNDES x Equador x Odebrecht

Acho que perdi os óculos!

Por acaso o Brasil tem todos os seus problemas resolvidos?
Tem metrô onde precisa, as hidrelétricas que poderão nos fazer falta já já?
Tem educação e saúde com qualidade para todos?

Então, por que cargas d'água o BNDES tem que financiar obras fora do Brasil?
Porque a Odebrecht tem amigos junto ao poder em Brasília?

Se o Banco é para o Desenvolvimento Econômico e Social do nosso sofrido brasuca, tá na hora de termos um controle melhor sobre o que eles fazem ou deixam de fazer.

Se queremos apoiar outros países do cone sul, façamos do Mercosul uma realidade, e criemos o tal Banco unificado para esses fins.

É fácil aos gestores do nosso país fazerem política com o dinheiro da nação, ninguém controla mesmo.
No site do BNDES constam aplicações por empresas, por estado, mas não vi nada como aplicações em outros países.
Na área de Consultas, não existe a possibilidade de procurarmos p.e. Consulta por empresas > Odebrecht para saber o que ela tem de projetos em andamento no banco. Deveria estar disponível.

Ah! a transparência depende dos óculos usados, entendi.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

FMI - fundo da m... internacional

O querido FMI "ativou" um sistema de emergência para os países emergentes poderem pegar dinheiro rápido.
Pára, pára, pára.
Na história dos petrodólares foi a mesma coisa.
Depois ficamos, ainda como sub-desenvolvidos vinte e tantos anos para pagar uma conta de mentirinha.
Chega, espero (acabo de acender 850bilhões de velas) que os "emergentes" não escolham submergir novamente.
É outro golpe, nova versão do golpe de 70 e tantos outros anteriores.
Vamos enterrar o FMI de uma vez por todas, é o crupier mais canalha que o mundo já viu.
é isso

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A mentira debaixo do tapete

Os capitalistas acusavam os países comunistas de centralizarem o poder político e principalmente o poder financeiro.
Lutaram tolamente contra esses regimes que, praticamente sozinhos, se destruíram. Fim previsível para regimes totalitários.
Mas a crise econômica atual mostra a grande mentira deste mundo capitalista, principalmente em suas formas mais atuais chamadas de neoliberalismo ou qualquer outro nome que interesse ao marketing do poder.
Mas a realidade, quando vemos um país como a Inglaterra despejando US$ 800 bilhões no mercado fico me perguntando: de onde vem todo esse dinheiro?
Afinal, trata-se de um volume igual ao aprovado pelo congresso americano, que fez a maior barganha para aprovar os US$700 bilhões elevando-os aos US$850 bilhões para "agradar" os congressistas.
Sem alarde nenhum, a neoliberal inglaterra, que quer o estado mínimo, vem com uma intervenção no mercado igual ao dos EUA.
Não há uma contradição entre o tal "estado mínimo" preconizado por eles, e uma intervenção como essa?
Ah! os bancos de lá dizem que "concordam". Só faltavam não concordar não é, estão livrando a cara deles, pelas malversações que fizeram com o dinheiro alheio.
Roubaram dos investidores.
Agora roubam das reservas financeiras das nações para pagarem esses ladrões.
Essas são verdades jogadas para baixo do tapete, e escondidas por um jogo de cena aloprado como esse que vemos nos noticiários econômicos.

O fato é que a ganância está sendo punida.
Não estou falando que as religiões estão corretas, que o Papa está com razão em suas palavras na crise financeira - afinal o Vaticano tem muito dinheiro aplicado neste universo capitalista.
Não se trata de punição de Deus, é um processo antropofágico, onde os mais gananciosos comem os outros.
E neste mundo canibal, os espertos americanos comeram todos os restantes, este é o fato. Correm todos atrás de tampar os rombos (ou melhor roubos) e tentam esconder toda a maracutaia para baixo do tapete, que os historiadores do futuro talvez levantem e mostrem claramente a sujeira que foi feita nestes últimos 20 ou 30 anos.

Os pessimistas que se acalmem, pois os quando os antropófagos comem seus próprios membros como é o caso do mercado americano, quando se obrigam a mastigar suas coxas para sobreviver, é sinal que estão no fim.
Que morram, no maior número possível, para podermos ver renascer uma economia mais sadia, menos especulativa.

E para o FMI que só agia contra os países de terceiro mundo, e agora não passa de um office-boy sem patrão, porque não ficam quietos?
Suas análises são absolutamente desnecessárias, são feitas usando bases econômicas que estamos vendo ser destruídas a cada dia.
Os paradigmas desta nova economia devem ser outros.
Há um terceiro mundo faminto, de comida e bens de consumo, que pode ser a mola do desenvolvimento econômico que está por vir.
Os economistas que só fazem bla, bla, blá não são os que administram os negócios que acabarão por procurar esses mercados para realizar seus lucros.
Esta é a economia real, da produção, não a dos cassinos chamados bolsas de valores.


quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Entenda o problema americano narrado em tupiniquim ...

O Beto, um querido amigo de Sorocaba, me mandou essa que eu transcrevo.
É assim ó:

O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça "na caderneta" aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos
desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador com curso de MBA, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis Zé-cutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CCB, CDC, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capítais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu). Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu.


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O Grande Teatro

Não bastasse o grande espetáculo criado pelo Congresso Americano em aprovar o pacotãozinho (zinho porque pelo valor não irá realmente resolver nada), agora estão os membros do G8 falando que já estão montando uma nova sistemática para aprovação de futuros investimentos, de modo garantir a credibilidade do sistema financeiro mundial, que pretendem recriar com novos paradigmas.
É a tentativa de transformar esse mercado financeiro num Fênix, renascido das cinzas.
Mas existem investidores e investidores.
Os que querem garantir um rendimento para suas poupanças, e aqueles que querem - gananciosamente - lucrar cada vez mais.
Os últimos podem voltar a investir nesse cassino pós-moderno que estão tentando reinventar, mas e os outros que perderam boa parte de suas poupanças?
Continuarão a acreditar nesse jogo ou vão tornar-se mais prudentes, desconfiados. Menos tolos.

Acho que vai ficar bem mais difícil aplicar esse tipo de "pirâmide", que os EUA e o mercado financeiro do primeiro mundo criou , nos poupadores calejados de agora.

Quem sobreviver, verá, ou melhor tentará.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Meu Mundo Caiu! - canta o Bush

É, de manhã escrevi que o tal pacote não serviria para "tapar o buraco da cárie da boca faminta" dos mercados financeiros americanos.
Mas ao menos serviria para secar a saliva desse apetite voraz que o Tesouro Americano apresenta.
A crise é brava mesmo, a ponta do iceberg cresce dia a dia com o aclaramento das nuvens que o cercam. E o pavor pelo seu tamanho submerso está virando assunto para filme de terror.
O Zé do Caixão deveria ser convocado pela imprensa para fazer a cobertura dos fatos econômicos nos EUA, daria mais realismo ao que está acontecendo.
A maior queda em Wall Street, na Europa, na Ásia.
A Bolsa Paulista fechou as portas gritando "não brinco mais... não brinco mais" depois da queda passar dos 10%.
Os estados neo-colonialistas europeus (que se auto-denominam neo-liberais para disfarçar a sacanagem) tiveram que intervir em duas instituições financeiras e injetar centenas de bilhões de euros na economia do papel higiênico.
Amanhã será o "day after" do neo-liberalismo, pois os estados tiveram que intervir no "genial mercado" que apodreceu, quebrou as bancas (suas e de seus investidores).
Mais desastre irá acontecer, não resta dúvidas.
Para quem tem dindin aplicado nesta jogatina só resta a figa, a reza, ou a janela do décimo andar como já fizeram muitos suicidas anteriormente com esses descalabros das bolsas.

Tempos melhores virão, a ganância financeira tomou uma forte estocada, somente os mais ingênuos - ou muito gananciosos - continuarão nesse jogo tolo que não traz crescimento real para as economias do mundo e, muito menos, melhoria de vida para a grande massa de explorados do planeta.

Crises doem mas são necessárias para o amadurecimento.

Que o resto do mundo tenha a decência de se afastar deste buraco negro que o americano criou e agora está se enterrando, e preservar seus recursos o mais possível, pois apesar de ser um capital especulativo, ainda é um capital, que servirá para financiar novos mercados, e trazer desenvolvimento para outros cantos do planeta.

Pacote Americano Jogo de Cena e só

Nem o Congresso americano acredita no pacote, esse é o fato.
O pacote original tinha 4 páginas, o acordão tem 100.
O Secretário americano queria uma conta gorda de 700 bi, um talão de cheque e todo o poder para fazer e desfazer.
Vai receber 250 bi e uns fios de marionete nas mãos controlados pelo congresso.
Este, por sua vez vai acompanhar os acontecimentos para ver se os 500 bi restantes vão ou não ser liberados.
Sinal que nem eles acreditam.
Só o Washington Mital, na semana passada precisaria de mais de 380 bi para tampar seu rombo.
Quem acredita que 250 bi resolverão os problemas do mercado no curto prazo também acredita em branca de neve e os 7 anões.
Aliás, somados chegam a 8, igual ao tal G8 que parece esta todo mancomunado nesta falcatrua e agora comem o mesmo papel azedo comprado a preço de ouro.

Para quem pensa que a recessão vai ser grande, acho que o paradigma será diferente.
O capital produtivo, sério, não acredita neste outro capital especulativo, que hoje está te ajudando e amanhã te deixa na mão. Não acredita e não coloca todas as suas fichas nele, com certeza.
Claro que 4/5 do dinheiro do mundo está em risco de desaparecer.
Mas é um dinheiro tão podre como os papeis hipotecários americanos.
Seu valor não é o mesmo que o valor do capital produtivo.

Se o mercado perdê-lo, vai ter uma drástica redução no consumo, principalmente naquele baseado no crédito e não na poupança.
Mas o mundo produtivo irá dar um jeito de financiar esse consumo mais comedido e maduro, mesmo que usando parte do que restou do capital especulativo que com certeza estará ávido por conseguir um meio de investimento mais seguro que o estelionato pós-moderno que acaba por ser descoberto.
Mesmo que os banqueiros do primeiro mundo sejam todos cúmplices deste golpe monumental (que provavelmente é muitas vezes maior que os US$ 700 bi) os investidores irão olhar com mais cuidado onde colocam suas suadas (e restantes) poupanças.

Talvez depois deste episódio, o mundo fique mais esperto, pense em princípios econômicos e não só financeiros, imediatos.
O desenvolvimento tem que ser sustentável, inclusive sob o ponto de vista da economia. Tal como se fez até agora mostrou que não é.

Não é pecado o capital ser remunerado quando investido em processos que gerem riqueza e bem estar. Este é o princípio de sua atuação, não o jogo e ganhar por ganhar, pois o perder faz parte deste jogo - como hoje está se vendo.

É isso.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Bolsas de Valores ou Cassinos

No mundo moderno dizem que existem 2 capitais: o produtivo e o especulativo.
Penso que o mundo adoeceu, distorcendo a tal ponto o significado do capital que passaram a denominar esse dinheiro, usado neste grande jogo de bingo que se tornaram as Bolsas de Valores do mundo todo, como capital, mas não passam de fichas passíveis de serem usadas numa roleta, num "21" ou num pocker qualquer.

A cada notícia vinda dos EUA, sobre o possível acordo de pagar US$ 700 bi para tentar comprar os papeis podres das mal administradas instituições financeiras americanas, causa frisson nos operadores e estes fazem a montanha russa financeira das bolsas subirem e descerem loucamente.

Fico me perguntando, será que as companhias ali representadas expandem ou encolhem no mesmo ritmo frenético das bolsas.
Claro que não, seu valor "especulativo" muda, mas sua realidade não, seu potencial de gerar lucros ou prejuízos não se altera.

Não estaria na hora de dividir-se cada bolsa de valores em duas:
Numa que leva a questão da produção a sério, com regras que estimulem os processos produtivos garantindo um mínimo de estabilidade para que aqueles que produzem no mundo possam fazê-lo com calma, com planejamento, expandindo o benefício de seus produtos àqueles que ainda passam carência dos mais diversos níveis de produtos, desde alimentos até confortos mínimos e;
Noutra que serve para o pessoal fazer seus jogos, com esse tal de capital especulativo. Cada país poderia escolher entre Las Vegas, Mônaco, ou qualquer outro grande centro de jogatina e lá instalar essa bolsa, mais ao estilo do local.
Não seria bom?
O mundo que quer levar as coisas a sério se livraria desse tipo de gente que gosta de jogo, como os banqueiros de Wall Street que blefaram para o mundo todo e agora querem um socorro para que o estado, ou melhor cidadão, americano pague seus prejuízos e mantenham uma pretensa credibilidade no mercado americano.
Dá pra acreditar?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sem FMI mas com FBI

A BBC anunciou que o FBI está e aprofundará investigações para apurar se as instituições financeiras não usaram indevidamente o "vigor de sua solidez" para captar recursos de investidores e aplica-los em papel podre.
Investigar porque?
A realidade mostra que isto aconteceu.
Aplicaram o 171 no mundo todo e agora vão investigar?

Mas algo tinha que ser feito a bem dos F's americanos, já que o FMI está absolutamente afônico, o FBI tem que mostrar algum serviço.
Mas qualquer que fosse o F a se manifestar tinha que vir com mais uma esparrela.

O golpe foi dado, todo o mundo sentiu a mentira deles, e não há nada o que fazer.
E isso é só a ponta do iceberg, pois todo o consumo americano pode estar sofrendo deste mal, um leve exagero de valores financiados.

"Meu mundo caiu", cantava a Maísa, hoje cantam os operadores das bolsas do mundo todo. Devem estar estudando a possibilidade de mudar de profissão ou terminar no hospício.

É isso.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A crise é para quem?

O governo americano está propondo (desesperadamente) tirar US$ 700 bilhões de seus contribuintes.
O congresso quer discutir, o que deixa os maestros da gestão financeira americana no estado emocional mostrado abaixo (foto do G1)
Ben Bernanke presidente do FED (Federal Reserve)
Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos

Parece que a coisa não vai bem por aquelas bandas.
Pior, mesmo sem terem conseguido a aprovação deste montante, os outros mercados estão "abrindo o bico" dizendo que esse total não é suficiente para resolver a crise.
E se só o dobro fosse resolver? imagino o FED convertido em uma tenda de candomblé, e o Paulson acima esbravejando em uma camisa de fôrça.

Deve ter muita gente olhando abaixo do nível do mar para ver com mais detalhe o tamanho do iceberg, e no susto do que vê sai berrando por aí: É maior, é maior!!!
A imprensa e os economistas - que parecem não fazem a economia, só tentam toureá-la que o que a competência lhes permite - deixam o louco berrante do "é maior" de lado e se atem àquilo que dá para filmar e mostrar no noticiário.

Mas acho que os loucos é que tem razão: o buraco é mais embaixo.
As demais economias do primeiro mundo (que permitiram , levianamente, que suas poupanças fossem aplicadas em papeis podres) ficam caladas, não querem aderir a medidas tão "heterodoxas" (lembram do termo?) de interferência do estado na economia de mercado.
É a negação desse negócio de neo-liberalismo (que foi a última desculpa para manter relações colonialistas neo-pós-multi-modernas seja lá o nome que se da à exploração dos mais fracos pelos mais fortes no mundo de hoje).
O Bush fez cara de limão azedo por ter que justificar a proposta de intervenção do estado na economia.
Mas que ninguém se assuste, não é nenhuma proposta comunista, lá o estado quer ver o povo pagando os desvarios do "mercado". Estão tentando adubar os jardins de todas as casas americanas com esterco de papel podre.

Mas tem uma pergunta que fica:
Algúem levou o dinheiro, ah! que levou, levou.
Se foram os próprios mutuários; (sei lá se são chamados assim por lá) que supervalorizaram seus imóveis e depois devolveram-nos pelo valor real, e embolsaram a diferença; esse "excedente emprestado" deve estar em algum lugar.
Talvez no invejável consumo americano, assim a roda gigante do maior mercado do mundo continua girar.

Mas o que aconteceu, no frigir dos ovos, é que os demais poupadores do mundo que compraram esse papel higiênico, ops! podre, pagaram o consumo do cada vez mais crescente mercado americano que parece ter um "que" de mentira, de falso.
Um consumo baseado num crédito que eu não precisarei pagar (porque é uma ação de estelionato pós-moderno, involuntário e avalisado por instituições financeiras) é uma mentira em termos de mercado, não tem e nunca terá liquidez.

Mas é isso o que o americano tem feito a muito tempo para manter-se como potência econômica.
Perde o resto do primeiro mundo que comprou papel higiênico usado como título de investimento.
Mas com a mentira vindo à tona, os grandes bancos americanos - todo-poderosos ao julgar o rumo de economias nacionais do terceiro mundo - foram à falência, não souberam cuidar das próprias calças o que significa que tudo o dito anteriormente por eles soa hoje como balela, de argumento "para inglês ver", só servia aos interesses do FMI que era o cobrador da máfia cujo "capo di capi" eram os EUA.

Falando em FMI, numa crise destas cadê o truculento cobrador que não dá seu pitaco neste "probleminha financeiro"?
A manter-se assim calado poderia fechar definitivamente as portas não é?

Bom, tem muita água (suja) pra rolar sob essa ponte.
Vamos assistindo de nariz tapado e olhos atentos.

sábado, 20 de setembro de 2008

Crise Financeira ou Econômica?

A economia americana, na contramão do restante do primeiro mundo, é baseada no crédito e não na poupança. É assim que a vejo deste meu pequeno universo terceiromundista.
Para que esse paradigma econômico funcione, é necessário que o crédito seja algo fácil de se adquirir.
Um sistema permissivo por excelência!
Como a realidade, apresentada ao mundo, pelo mercado americano é aquela anunciada pelas instituições financeiras todo mundo acreditou na palavra destas.
Até elas começarem a falir, e um negócio chamado "títulos podres" apodrecerem também os outros mercados financeiros que acreditaram neste estelionato pós-moderno.

Agora a sociedade americana está fazendo um plano "milagroso" para salvar as instituições financeiras da falência por terem aceitado crédito duvidoso (mentiroso na realidade).
Vão injetar de 30% a 40% do valor da dívida externa americana na "aquisição" destes créditos, que deverão ficar aguardando a boa vontade da economia americana e dos seus cidadãos-credores-falidos para resgatá-los.
O fato é que o estelionato pós-moderno já não está restrito ao universo dos cidadãos americanos, é conduta do próprio governo. Avalizado por ele.

Assistimos agora uma economia em ruínas, e não uma crise financeira.
Porque em ruínas?
Vejamos essa cronologia:

O início

Em 29 os EUA eram um país devastado pela grande depressão (imaginem eles olhando para a realidade atual).

Com a II Guerra (na casa dos outros claro) começa a ser o grande fornecedor de soluções bélicas, e vendo as oportunidades, apóia os aliados contra o Reich e torna-se o herói da guerra (aspecto que preconiza em milhares de filmes onde sempre o que se viu foi o exército americano agindo "gloriosamente" os outros não existiam). Ah! claro, com isso põe sua economia para funcionar novamente, exportando suas especialidades bélicas - tanto materiais como humanas).
Desenvolve-se nesta fase o grande potencial bélico que daí em diante o americano acredita ser uma mola para seu desenvolvimento.

Tempos de Glória
3. Com o fim da guerra e já "semi-enriquecido", víamos nele a super potência ocidental a se contrapor com os poderes marxistas representados pela URSS e o Maoismo entre outros de menor grandeza.
"Generosamente" ajuda na reconstrução da Europa, ainda com uma economia baseada no lastro em ouro (o Padrão de Ouro de Bretton Woods), tinha toda a credibilidade para tal.
Claro que as empresas americanas auferem altos lucros com a reconstrução da Europa e do Japão (70% do movimento financeiro relativo à reconstrução era voltado para o fornecimento de empresas americanas - "pequena" contrapartida para a ajuda), criando, paralelamente, um mercado potencial para seus futuros negócios.
A Guerra da Coréia afirma mais sua posição de novo herói.
Nesta fase desenvolvem o sentido de que "reconstruir" países devastados pela guerra é a melhor forma de colonizá-los.

Europa Recuperada
Com o restabelecimento das economias Européias, suas exportações para os EUA intensificam-se. Afinal o mercado americano era o maior do mundo e era lá que se encontravam as oportunidade de negócios.
Mas com o paradigma americano - que o tirou no fundo do poço na II Guerra - de fazer guerra e depois reconstruir os países devastados para auferir lucros estava estabelecido na mentalidade de seus líderes, resolve aplicá-lo contra o Vietnã. Afinal esse paiséco não iria representar grande ameaça e na sua "reconstrução" os EUA poderiam fortalecer suas posições no mercado asiático, contrapondo-se ao potencial hegemônico representado pela China maoísta.
Deu com os burros n'água. Aqueles pobres, fracos e tolos vietnamitas se opuseram à invasão americana como ninguém no mundo imaginara. Derrotaram o exército americano e, acredito, iniciaram a ruína do estado americano nesse momento. Inicialmente a moral americana, feita de vitórias, foi desbancada. O exercício da guerra lançou mão de instrumentos como a devastação ambiental, o uso incentivado de drogas, e outros mais hediondos ainda que provocou cicatrizes na nação que até agora estão tentando expurgar.
Guerra requer dinheiro, e o americano, então, imprime dólares para fazê-lo sem respeitar seu real valor. É aí que o dólar-papel passa a ser valorado independente de seu lastro em outro.
Vendo essa insegurança da moeda americana, a Europa começa a exigir a troca do dólar por ouro do Tesouro Americano, para poder se assegurar de seus créditos, cada vez mais crescentes com as exportações para os EUA.

A Reinvenção do Dólar ou Início do Estelionato Pós-moderno
Com a crise do petróleo de 1973, inventa-se o dólar baseado no comércio deste.
Estados Unidos e Inglaterra locupretam-se com um sistema que canalizava os petrodólares para suas instituições financeiras, emprestando o que não lhes pertencia a países que necessitavam de financiamento.
Vem então o maciço endividamento do terceiro mundo para adquirir o petróleo.
Uma década ou depois a quebradeira que se sucedeu começando com o México e todos os embates com o gestor desta agiotagem: o FMI, que os demais devedores tiveram que travar.

Cria-se neste momento o que Zigmunt Balman denomina "Economia líquida", onde o jogo do mercado não representa mais os reais valores dos títulos que são comercializados por ele, e sim o que eles representam como mera expectativa dos agentes econômicos.
Passada a década de 80, os EUA procuram novas guerras, para continuar rolando seu sistema imperial.
O Japão tem a primeira crise séria do capitalismo:
1. Desiste do consumo pelo consumo e começa a poupar desfreadamente,
2. Suas empresas não tendo mercado não tem como responder à poupança investida em suas ações,
3. Vê como saída a exportação e torna-se poderoso competidor no mercado mundial, ameaçando os setores econômicos da Europa e EUA.

A Coréia do Sul, segue o exemplo e se transforma em uma década em forte exportador.
A China com paradigma econômico inédito para a produção, onde o salário não visa atender as necessidades do trabalhador - "atendida" pelo estado - , mas sim uma mera poupança) invade o mundo com produtos que também revelam uma ética no mínimo inusitada, mas eficaz na penetração mercadológica.
Surge então a forte economia dos Tigres Asiáticos.
O Bush-pai inventa suas guerras, colocando fogo no já conturbado Oriente Médio. É a saída que o paradigma americano via como possível para um sucesso. Não perceberam que o modelo não mais se aplicaria na realidade dos anos noventa.
Endivida mais ainda o País, e aprofunda a crise.

Cresce o estelionato pós-moderno, o falso valor dos créditos concedidos ao americanos passa a ser alvo da poupança dos investidores do resto do primeiro mundo.
Afinal, prometiam bons lucros.

Mentirinha Transitória
O Governo Clinton, embarca em uma nova balela imperialista chamada neo-liberalismo, junto com o governo Britânico. Envolvem vários governos entre eles o Brasil, que no governo FHC vendar (que é uma conjunção de vender e dar) todo um conjunto de empresas estatais para grupos financeiros privados (muitos estrangeiros claro) e ainda financiava a tal compra com dinheiro público.
Acredito que o mesmo deva ter acontecido com outros países aderentes a esse "grande movimento de modernização da economia" na realidade nada mais que o "imperialismo pós-moderno" realizado diretamente pelos agentes econômicos e não mais pelo estado.
Se não foi uma ação selvagem, foi tão inescrupulosa e anti-ética quando as mais violetas intervenções, pois usurpou das nações "privatizantes" muito de sua poupança interna representada por essas estatais.
Oito anos menos violentos, mas não menos imorais.

A crise
O Bush-filho elege-se prometendo aos setores econômicos voltados à guerra e ao petróleo contrapartidas para sua campanha e para a economia dos EUA.
Vem o "feliz" 11 de setembro, pois justifica a guerra (aquela grande saída para a economia americana que ninguém acredita mais) e na sua caça ao Bin Laden invade o Iraque que está cheio de petróleo.
Aí ele quis ser mais inteligente juntou o paradigma guerra-reconstrução não com a construção de novos mercados (que no caso europeu e japones se voltaram contra eles), mas com a exploração do petróleo pelas empresas americanas, para suprir seu mercado.
Mas parece que não funcionou.
A economia, foi mostrando a sua fragilidade e a diferença representada pelo valor de uso do bem financiado e o valor "de mercado" (representado pelos papéis) mostrou-se uma mentira aberrante.
Não podendo pagar as prestações o cidadão devolve o bem, que levado a leilão só consegue resgatar uma pequena fração da dívida representada).
Isto é estelionato do próprio banco que emprestou (não consigo achar que banqueiro seria tolo a esse ponto), pois não apurou o valor de uso real do bem financiado.
Aí surge o tal "papel podre", mas que fora vendido ao tolo mercado financeiro mundial como bom investimento.
Ruiram todos, e perdem mesmo são os poupadores do primeiro mundo que investiram nessa mentira.
Na verdade, o que está ruindo é todo um sistema econômico-financeiro manipulado pelos espertos americanos nestes últimos 50 anos, que usaram das mais esdrúxulas (e desonestas) artimanhas para ganhar dinheiro de quem acreditasse (ou fosse vítima) deles. Foram apoiados por gananciosos investidores do mundo todo que agora nada tem a reclamar contra sua própria ganância.
Mas o estelionato pós-moderno está por se auto-corroer.
Se a única (e quase louca) alternativa para o estado americano é criar uma agência, financiada pelo estado, para "absorver" discretamente a mentira que este estelionato representa, parece que lhes está restando poucas alternativas, ou quase nenhuma na realidade.
Um país que deve 2/3 de seu PIB para o resto do mundo (e que não honrou 40% de seus pagamentos no último exercício);
Um país que deve internamente quase 100% de seu PIB;
Um país cuja dívida federal para com seus fornecedores é de US$ 7,5 trilhões;
Um país que vendeu essa mentira aos extrangeiros a ponto destes terem comprado mais da metade destes títulos (podres também não nos parece?);
merece respeito dos demais como sociedade ética e decente?
Penso que não.
Suas mazelas estão se tornando públicas.
Levou junto uma horda de mercenários, sem hipocrisia, que deve mesmo sucumbir junto com o estelionatário-chefe.
A ganância os corroeu.

A agencia americana que irá "adquirir" os papeis podres, irá também acabar com a tal Economia Líquida.
Senão todos os agentes econômicos continuarão a se portar tão tolos quando, no dia 19/09/2008, fizeram disparar as bolsas de valores do mundo todo com o prenúncio da solução dos 800 bi para criar a tal agencia.
É a negação da economia de mercado, é o desvelar da mão do estado totalitário agindo de acordo com os interesses hegemônicos e imperialistas, no que se chamaria de "livre mercado", que acaba de perder o "livre" para adjetiva-lo.
Podemos acordar e pensar nos rumos a tomar, cada um, cada país.

Fez bem o Lula quando disse com todas as letras que o Lehman Brothers Bank, que tanto deu palpite nas economias de outros países, desmerecendo-as na maioria das vezes, está se mostrando um mau caráter de primeira. Falido, por ter aceitado o golpe de estelionato pós-moderno dos EUA, fica claro que tudo o que diziam era balela, pura mentira para defender essa falcatrua que agora começa a aparecer.
Fez mal, entretanto o Lula, quando aceitou pagar - e adiantadamente - o restante de nossa "dívida" com o FMI. Porque o teria feito? Interesses particulares? A dívida deveria ser discutida como sempre apregoou. Ela já havia sido paga muitas vezes.

O que esperar
Muito mais irá surgir.
O primeiro bem de consumo do americano é o imóvel, deste já sabemos das mazelas do sistema de crédito.
Em seguida vem o(s) automóvel(eis) - o plural é natural daquele mercado. Será que não surgirá, com a crise financeira, com o arrocho econômico muitos deixarão de pagar seu financiamentos e outros "papeis podres" irão surgir no mercado.
A GM já fechou ou fechará várias fábricas, e com ela outras montadoras estão sinalizando o mesmo caminho.
Qual será o tamanho deste novo rombo, será muito menor que o imobiliário?
E assim vai, até a prestação do celular... num efeito dominó.

Alguém duvida?
É só esperar para ver.

PS. Não esqueçamos que temos mercado potencial nos países emergentes de mais de 3 bilhões de habitantes, o que é quase 10x o mercado americano. Será que isto não representará novo fôlego ao capitalismo? Por pior que possa parecer, ainda demorará para ser suplantado por um sistema mais decente. Há muita ganância a ser satisfeita.