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quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

AI5 - Para quem acha que não houve ditadura Militar


Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições Estaduais; O Presidente da República poderá decretar a intervenção nos estados e municípios, sem as limitações previstas na Constituição, suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais, e dá outras providências.
       O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e
        CONSIDERANDO que a Revolução Brasileira de 31 de março de 1964 teve, conforme decorre dos Atos com os quais se institucionalizou, fundamentos e propósitos que visavam a dar ao País um regime que, atendendo às exigências de um sistema jurídico e político, assegurasse autêntica ordem democrática, baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana, no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo, na luta contra a corrupção, buscando, deste modo, "os. meios indispensáveis à obra de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direito e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do prestígio internacional da nossa pátria" (Preâmbulo do Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964);
        CONSIDERANDO que o Governo da República, responsável pela execução daqueles objetivos e pela ordem e segurança internas, não só não pode permitir que pessoas ou grupos anti-revolucionários contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob pena de estar faltando a compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionário, ao editar o Ato Institucional nº 2, afirmou, categoricamente, que "não se disse que a Revolução foi, mas que é e continuará" e, portanto, o processo revolucionário em desenvolvimento não pode ser detido;
        CONSIDERANDO que esse mesmo Poder Revolucionário, exercido pelo Presidente da República, ao convocar o Congresso Nacional para discutir, votar e promulgar a nova Constituição, estabeleceu que esta, além de representar "a institucionalização dos ideais e princípios da Revolução", deveria "assegurar a continuidade da obra revolucionária" (Ato Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966);
        CONSIDERANDO, no entanto, que atos nitidamente subversivos, oriundos dos mais distintos setores políticos e culturais, comprovam que os instrumentos jurídicos, que a Revolução vitoriosa outorgou à Nação para sua defesa, desenvolvimento e bem-estar de seu povo, estão servindo de meios para combatê-la e destruí-la;
        CONSIDERANDO que, assim, se torna imperiosa a adoção de medidas que impeçam sejam frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranqüilidade, o desenvolvimento econômico e cultural e a harmonia política e social do País comprometidos por processos subversivos e de guerra revolucionária;
        CONSIDERANDO que todos esses fatos perturbadores da ordem são contrários aos ideais e à consolidação do Movimento de março de 1964, obrigando os que por ele se responsabilizaram e juraram defendê-lo, a adotarem as providências necessárias, que evitem sua destruição,
        Resolve editar o seguinte
    ATO INSTITUCIONAL
        Art. 1º - São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições estaduais, com as modificações constantes deste Ato Institucional.
        Art. 2º - O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sitio ou fora dele, só voltando os mesmos a funcionar quando convocados pelo Presidente da República.
        § 1º - Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios.
        § 2º - Durante o período de recesso, os Senadores, os Deputados federais, estaduais e os Vereadores só perceberão a parte fixa de seus subsídios.
        § 3º - Em caso de recesso da Câmara Municipal, a fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios que não possuam Tribunal de Contas, será exercida pelo do respectivo Estado, estendendo sua ação às funções de auditoria, julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos.
        Art. 3º - O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição.
        Parágrafo único - Os interventores nos Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, vencimentos e vantagens fixados em lei.
        Art. 4º - No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.
        Parágrafo único - Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, determinando-se o quorum parlamentar em função dos lugares efetivamente preenchidos.
        Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em:         (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)
        I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;
        II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;
        III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;
        IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:
        a) liberdade vigiada;
        b) proibição de freqüentar determinados lugares;
        c) domicílio determinado,
        § 1º - O ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados.         (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)
        § 2º - As medidas de segurança de que trata o item IV deste artigo serão aplicadas pelo Ministro de Estado da Justiça, defesa a apreciação de seu ato pelo Poder Judiciário.         (Vide Ato Institucional nº 6, de 1969)
        Art. 6º - Ficam suspensas as garantias constitucionais ou legais de: vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade, bem como a de exercício em funções por prazo certo.
        § 1º - O Presidente da República poderá mediante decreto, demitir, remover, aposentar ou pôr em disponibilidade quaisquer titulares das garantias referidas neste artigo, assim como empregado de autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista, e demitir, transferir para a reserva ou reformar militares ou membros das polícias militares, assegurados, quando for o caso, os vencimentos e vantagens proporcionais ao tempo de serviço.
        § 2º - O disposto neste artigo e seu § 1º aplica-se, também, nos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
        Art. 7º - O Presidente da República, em qualquer dos casos previstos na Constituição, poderá decretar o estado de sítio e prorrogá-lo, fixando o respectivo prazo.
        Art. 8º - O Presidente da República poderá, após investigação, decretar o confisco de bens de todos quantos tenham enriquecido, ilicitamente, no exercício de cargo ou função pública, inclusive de autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.       (Regulamento)
        Parágrafo único - Provada a legitimidade da aquisição dos bens, far-se-á sua restituição.
        Art. 9º - O Presidente da República poderá baixar Atos Complementares para a execução deste Ato Institucional, bem como adotar, se necessário à defesa da Revolução, as medidas previstas nas alíneas d e e do § 2º do art. 152 da Constituição.
        Art. 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular.
        Art. 11 - Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional e seus Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.
        Art. 12 - O presente Ato Institucional entra em vigor nesta data, revogadas as disposições em contrário.
        Brasília, 13 de dezembro de 1968; 147º da Independência e 80º da República.
A. COSTA E SILVA
Luís Antônio da Gama e Silva
Augusto Hamann Rademaker Grünewald
Aurélio de Lyra Tavares
José de Magalhães Pinto
Antônio Delfim Netto
Mário David Andreazza
Ivo Arzua Pereira
Tarso Dutra
Jarbas G. Passarinho
Márcio de Souza e Mello
Leonel Miranda
José Costa Cavalcanti
Edmundo de Macedo Soares
Hélio Beltrão
Afonso A. Lima
Carlos F. de Simas
Este texto não substitui o publicado no DOU de 13.12.1968.
As marcações em negrit-itálico-vermelho são minhas para realçar o pior do pior.


terça-feira, 20 de novembro de 2018

Mais Médicos... ou Menos?

Esse é um assunto irritante o programa "Mais Médicos".

Cuba tem como exportação de serviços uma leva de médicos que assistem países subdesenvolvidos.
É uma fonte de renda para o país, baseado em uma regra que nós, de fora da realidade cubana, não entendemos.

Não sei qual é a real formação dessa massa de médicos que cuba tem "estocada" para oferecer.
Em muitos locais abandonados pela assistência médica em muitos países miseráveis, inclusive nos rincões afastados do Brasil, é melhor ter alguém assistindo a saúde que não ter ninguém.

Precisamos decidir que país é o nosso, uma republiqueta de bananas como os países africanos, ou uma nação que quer entrar no mundo civilizado.

Os médicos cubanos que pediram asilo são poucos, normalmente por algum motivo pessoal.
Não sei, e na verdade não nos interessa como brasileiros, se cuba mantém a família deles como reféns.
Não nos importaria tampouco se Cuba fica com a parte do leão da remuneração destinada ao serviço de cada médico. Não nos cabe esse julgamento.

O que precisa ser levado em conta realmente é:

 A competência técnica dos médicos oferecidos por Cuba.

Se há regras para se praticar a medicina no Brasil ela tem que ser cumprida por qualquer um que se disponha a praticá-la, ou seja os médicos cubanos só poderiam ser aceitos caso fossem aprovados pelo Revalida. Simples assim, não há outra hipótese como a utilizada no programa da Dilma.

Segundas intenções doutrinárias desses médicos

Se há concessões em demasia para um país como Cuba (lembrem-se que o PT mandou nosso dinheiro para fazer um porto lá enquanto os nossos estão largados às traças) deve se desconfiar das intenções do Mais Médicos.

Seria ingênuo pensar diferente disso considerando que Lula se juntou aos Irmãos Castro para fundar o Foro São Paulo que pretendia implantar ditaduras do proletariado na A.L. (tirando dos discursos todas as firúlas para disfarçarem a real intenção do tal movimento).
É muito provável que esse programa de exportação de serviços médicos tenha, embutido nele, uma intenção doutrinária orientada pelo tal Foro, que reza em uma cartilha mais que ultrapassada para os tempos atuais.Nem a Rússia, nem a China acreditam mais no modêlo ultrapassado da "ditadura do proletariado", só as mentes doentias da autodenominada esquerda latino-americana crê nessa excrescência.

Pensar então nessa possibilidade (a de doutrinação) não é um absurdo ainda mais atentando pela rapidez com que o governo cubano tomou a atitude de se desligar do programa, e retirar seus médicos antes da posse do novo presidente.

Batata Quente

Claro que, complementarmente, o governo cubano pensa em punir politicamente o novo governo brasileiro, afinal se declaram inimigos.
Acontece que, ao fazer isso, mostram que não tem nenhuma intenção humanitária nesse serviço, reforçando mais ainda a postura doutrinária dele.

Sobrou a batata quente para o governo brasileiro.
Hora de mudar de vez o programa.
Já vimos que os concursos não estão levando os nossos médicos aos locais mais longínquos ou arriscados do país.

O corporativismo médico reclama que não querem ir a locais onde não tem segurança física nem recursos médicos para atender a população.
Médicos sem caráter esses nossos, isso sim.
Não adianta usar a regra do não vi mas não gostei.
Têm que pensar na nação, e lutar por ela e pela dignidade da profissão, mas isso é o que mais falta ao brasileiro.
Somos tupiniquins mesmo.

Projeto Rondon

Os mais favorecidos economicamente entram nas universidades públicas, usufruem do dinheiro de todos os brasileiros e não dão nenhuma contrapartida à nação.
Os menos favorecidos receberam financiamento público via FIES, formam-se e ainda por cima dão calote nos financiamentos.
Não seria caso de convocarmos esses cidadãos a darem sua colaboração ao país?
Não falo só de médicos não, falo de todos os profissionais que cursando o nível superior poderiam fazer muita diferença em lugares abandonados pelo poder público.

Quem não vê que a nação está numa crise institucional imensa, com certeza a maior que já enfrentamos, não entenderá uma proposta como essa, mas os cidadãos com um mínimo de hombridade, ética e espírito altruísta poderá entender.

Estamos caminhando para trás e para baixo, ou mudamos isso ou devolvamos o Brasil aos índios como disse o Zé Simão, e ainda pedindo desculpa pela cagada que fizemos.



quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A contra-invasão

Há muitos séculos a Europa Imperialista explorou o Terceiro Mundo.
Ocupou países e continentes, subjugou nações e seus cidadãos, escravizou, barbarizou, impôs religião, roubou as riquezas naturais de cada pedaço de terra ocupado.

Com tudo isso criou nações prósperas, com muita qualidade de vida e com a perspectiva de que as pessoas que ali vivam tenham chance de ascensão social, econômica e cultural.
Isso é simples história.

No final do século XIX e na primeira metade do XX, por alguns países Europeus se afundaram em más administrações, em conflitos violentos, ou outras mazelas e acabou por expulsar parte de sua população para ir viver no mesmo Terceiro Mundo que fôra tão explorado anteriormente por eles.

Agora a realidade nua e crua é de que há uma disparidade enorme nas conjunturas do Norte e do Sul do planeta.
Alguns como eu, talvez muitos, não conseguem se sentir à vontade com a baixa qualidade de vida, sócio-cultural e econômica que acabou se instaurando no Terceiro Mundo.
Não gosto de estar em um país onde as pessoas sejam tão rasas na razão que só consigam ver o zero ou o um, não entendem frações, não entendem o que são os números reais, não falo só na ignorância literal da matemática, mas da metafórica que mostra que há sempre muitas alternativas entre dois extremos.

Estamos em período de eleição, colocamos dois extremistas da pior qualidade a disputar o segundo turno.
Um que não inspira confiança na nação por terem um projeto de poder custe o que custar, inclusive lançando mão do maior caso de corrupção da história do planeta.
O outro que não tem preparo nem para ser síndico de edifício, que defende um retrocesso civilizatório e que surfa na onda de ser o único opositor ao projeto do outro.
Dois totalitaristas, mais ou menos enrustidos o que não me faz diferença.

Não querer viver em um país onde a maioria de sua população não consegue pensar em alternativas moderadas, em avanços reais, em honestidade sem lei do Gerson, em ética, respeito humano (e não só às minorias) não é irresponsabilidade com ele, é simplesmente atestar que esse país não está dando certo e não dará por muito tempo, se é que um dia vai sair dessa condição.
Qualquer um dos projetos que entrar no poder irá atrasar o Brasil por mais 20 anos, perderemos o trem da história, só isso.
Ninguém aqui conseguirá redesenhar um estado brasileiro que caiba em nossa economia antes da bancarrota, do day-after quando não haverá dinheiro para pagar as mordomias dos políticos, salários do funcionalismo, altas pensões dos protegidos.

Caminhamos para a bancarrota, e eu não quero estar aqui para assistir.
Serei prazerosamente um imigrante na Europa, e passarei a colaborar com a contra-invasão, que é a busca de uma vida melhor criada pelos nossos invasores.

Que os céus me permitam ir embora antes do prejuízo final.


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Segundo Round, ops! Turno...

Bateu o gongo, iniciou a segunda parte da luta insana entre dois lados e seus representantes ridículos.
De cada lado da arquibancada uma horda de fanáticos a defender o indefensável nos seus ungidos.
Charge da FSP 08/10/2018

A verdadeira luta não se dá no ringue, mas pouco importa para a platéia, o que interessa é a luta.
Nos bastidores os reais articuladores de cada lado estudam minuciosamente o que fazer para manter os fanáticos cada vez mais idiotizados.

O que cada um defende, qual seu programa de governo, quem seriam seus ministros, nada disso importa para os fanáticos, os articuladores sabem disso muito bem.
Ninguém quer pensar, estudar. O que interessa são as emoções.
Votar contra o outro, não a favor do seu lado é isso o que importa.

A democracia neste momento está sendo enterrada com muitas pás de cal para não mais reaparecer.
Esse processo de morte da democracia já é antigo.
Ela pressupõe cidadãos conscientes, participativos e abertos ao diálogo para encontrar caminhos que atendam a maior parte dos interesses da sociedade.
Uma prática que poderia até dar certo em uma Grécia absolutamente seletiva, onde vigiam o machismo, a escravidão e a estratificação de castas. Ambiente nada democrático não é?
Essa idealização de democracia já não se realiza na prática há muito tempo, se é que um dia se realizou.

O controle da mídia pelo interesse do poder econômico constrói uma cultura coletiva doutrinada.

A população é manipulada por ela (lembram de um tal de Collor?) e age muito mais pelos sentimentos desenvolvidos do que por razão, afinal é mais fácil emocionar alguém do que fazê-lo pensar.

Não é à toa que todos os totalitaristas querem controlá-la.
É o desejo expresso pelos nossos dois lutadores agora no ringue.
Mas a platéia nem se deu conta disso, não interessa, afinal o inimigo tem que ser vencido e de preferência com muito sangue escorrendo pela lona.

E assim, caminhamos cada vez mais para trás, e não é só no brazuka ferrado não, parece que a humanidade anda tentando colocar o rabo novamente para voltar para as árvores.
Tá difícil viver assim nénão?

domingo, 7 de outubro de 2018

O tempo e a involução

Voltei agora a pouco de minha obrigação de votar.
Houve tempo em que votar era bom, sentimento de colaborar, participar.
Hoje não foi assim.

Voltei caminhando com fazia há 55 anos atrás, nos idos de 1963.
Minha amiga Tecris não veio, que pena.
Conversávamos sobre tudo e nada, foi minha primeira amiga, assim simples.
O muro da então casa dela já não deixa mais ninguém sentar nele.
Subiu às alturas, provavelmente para uma suposta segurança dos moradores atuais.

Caminho outrora feliz hoje se fez desolador, triste mesmo.

Em 63 ainda não tínhamos passado tudo que hoje faz minha história, de tantas esperanças e tantas ou mais desilusões.

Depois de votar fui dar uma volta em minha antiga escola.
Ela que era nova naquele tempo, tanto na obra como nas intensões pedagógicas, hoje é um tipo de cortiço, tando na obra como na educação ali prestada.

As salas de artes industriais, duas grandes, foram divididas para dar espaço para carteiras de alunos para um ensino mais atrasado que os que existiam a 55 anos atrás, nem conto aí que naquele prédio havia um dos 5 Ginásios Vocacionais.

Essas escolas eram um projeto na época para mudar o ensino no estado de São Paulo e quiça de todo Brasil.
Acabou, a ditadura hoje tão negada por ilustres alienados se encarregou de fechar as portas do projeto, prender muitos professores e exterminar com aquele antro de gente que queria formar cidadãos, não massas de manobra.

Hoje estamos votando e há a real possibilidade de termos mais um presidente ignorante, este pior que o outro pois absolutamente manipulado pelas forças mais retrógradas da nação, que eu pensei terem se tornado desprezíveis.
Como vice teremos um militar de alta patente que poderá, para meu desespero, se tornar presidente na vacância do capitão-de-bravatas eleito.

Acabaram-se as salas temáticas, artes plásticas, educação musical, práticas comerciais, economia doméstica, ciências sociais, teatro e outras.
O pátio, antes local de recreação aberto agora se faz fechado, trancado. A quadra lá dentro foi a coisa mais bem conservada que vi na escola, mas inacessível.

Não, não tem mais o clima que havia, não parece-me uma escola, mas um depósito de alunos que devem receber um ensino de baixa qualidade para complementar a educação de baixa qualidade que recebem em seus lares, na maioria deles.

Votei pensando que provavelmente meu candidato principal não vá para o segundo turno, mas espero que todos os outros em que votei, tão importantes quanto, tenham chances efetivas.
Fiz por obrigação, sem prazer, me sentindo deslocado em meu país natal que tanto me frustrou e que, dia a dia, mais me decepciona.

Preciso fazer amizade com o Rei de Passargada, talvez lá tenha uma chance de encontrar a esperança e com ela a felicidade possível.

Hoje só amanhã, e de preferência em outro lugar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Brasil Nem Carangejo é!

ou Bundões Unidos Já Serão Vencidos

O caranguejos não andam só para trás, andam para frente também na mesma velocidade que de ré, mas são velozes mesmo é quando andam de lado.

Já postei várias vezes sobre as dificuldades cognitivas de pessoas que só pensam de forma radical.
É uma forma infantil, emocionalmente falando, de encarar os fatos.
Mas é triste quando vemos tanta gente adulta infantilizada nessa campanha eleitoral.
Os extremos são burros e levarão o Brasil a andar para trás de novo.

Perdemos mais de 20% de nossa economia nas bravatas idiotas do PT.
Perderemos muito mais com o retrocesso que representa o candidato das bancadas da bala, do boi e das igrejas sacanas (não consigo outro adjetivo para esses crápulas que lesam o povo mais ingênuo).

Mas quem só olha para o outro como inimigo não vê isso.
O pior, qualquer outro que não pense como um radical é tido como do outro extremo, não conseguem perceber as diferenças.

Nosso estado está em ruínas, e é um constructo de muito tempo, acho que a degradação começa mesmo com a vinda de D.João VI (a bicha covarde), senão antes.
Portanto não há a quem culpar mais ou menos, nossa degradação foi contínua e constante e pior ainda acelerou com o tempo.

Nossa alternativa seria uma constituinte independente, coisa que teria que passar por uma pressão popular muito grande para ser conquistada.
Mas nosso povo é bundão. Reclama, apoia extremos, mas não se mobiliza.
Com isso deixa o campo livre para a canalha, que está instalada no nosso estado, nos roubar descaradamente.

Mário Henrique Simonsen (acima), mesmo tomando litros de uísque era mais lúcido que todos os extremistas juntos e dizia: "o Estado Brasileiro não cabe na Economia Brasileira", há décadas atrás. Agora, muito mais voraz, o estado está sufocando a nação e se não tomarmos atitude dura e séria não teremos futuro.

Eu de minha parte, podendo, vou embora dessa terra de palmeiras onde talvez nem mais cante o sabiá.




 





segunda-feira, 10 de setembro de 2018

A ignorância convertida em violência

Os extremos encostam a bunda num mundo redondo

O atentado à Bolsonaro despertou teorias de conspiração e acusações de sua autoria ter sido das esquerdas.
O que se vê é a animosidade animalesca que predomina nos discursos tanto da esquerda como da direita.

São violentos por ignorância, é simples assim.

A burrice histórica

Bakunin líder, de mentalidade mais aberta, se opõe ao fascismo disfarçado que Marx propõe com a
Ditadura do Proletariado e que deu no que deu.
Depois de 170 anos podemos constatar a idiotice proposta por Marx.
Totalitarista, não conseguia entender que o que Bakunin propunha não era o estado e o capital a mola mestre da economia a ser construída pela classe operária, mas o trabalhador, o homem e o cidadão.
Marx lançou as bases do capitalismo que, se tornou no grande espírito destruidor da humanidade que agora chamam Economia de Mercado, e que prefiro chamar de Economia das Coisas.
Lançou também as bases para o comunismo que se institui em vários locais no mundo, sempre com base em ditaduras violentas e sanguinolentas.

Fim do comunismo e da democracia

Sem me aprofundar em muitos detalhes (no final deste post algumas referências de leituras úteis para essa discussão) , o que vemos hoje é a derrocada de todos os sistemas políticos, uma descrença na política como um todo, e o que é pior, o retrocesso à posturas totalitaristas, populistas e porque não dizer fascistas (quando as várias fobias parecem se tornar um pensamento normal).

Os estados comunistas  que ainda assim se declaram ou que se disfarçam, mantém o viés totalitarista.
China, Cuba e Coreia do Norte entre outros são exemplos.
Os dois primeiros tendendo à um disfarce de capitalista, mas centralizado no estado ou sob sua autorização. A censura é forte nesses locais.

Os estados ditos democratas,  liberais, tem uma mentira mais sofisticada pois a Economia das Coisas criou um tipo de "grande espírito" que domina os meios de comunicação e outros mecanismos de indução do pensamento e vontades do povo, levando-os onde mais interessa ao ganho do capital, independente das consequências nefastas que isso possa causar à humanidade.
Fome, ignorância, desigualdade, destruição do meio ambiente são consequências dessa mesma causa que é basear a sociedade nas coisas.
Parte significativa não tem acesso a coisas básicas como água e comida.
Outra, não menos significativa, não tem acesso às coisas que o "mundo moderno" já desenvolveu, com tecnologia de ponta nas áreas da informação, medicina, produção, cultura etc.

Constatamos então o fim do comunismo explicito de Marx, e sua conversão em uma forma camuflada que hoje vemos baseada no mesmo totalitarismo proposto por ele.
Vemos também o fim da democracia, proposta pelos antigos gregos (que também não era pela igualdade das pessoas pois só os ungidos votavam). Hoje ela é dominada pelos princípios de Goebbels, grande instrumento do "big espírito" que é a manifestação da Economia das Coisas.
O que constatamos mesmo é o fim dos tempos do ideário, das referências filosóficas, da ética, da moral e dos princípios humanitários em geral.
O único princípio é ter coisas, não ser melhor.
Mesmo os mais conscientes não se libertam facilmente do ter.

Os movimentos migratórios em busca do ter

Por quase um milênio o mundo do norte do planeta explora o sul.
Saquearam, escravizaram, pintaram e bordaram nestas nações considerando-as feitas de gente de menor importância.
Acumularam riquezas roubadas dos colonizados, e com ela criaram países repletos de confortos.
Os expropriados do sul do planeta, ao verem aquelas belas condições de vida encheram os olhos, e começaram a migrar para esses paraísos do conforto.
Chamo de contra-invasão.
É silenciosa, arriscada, muitas vezes violentas mas acabam por valer a pena para os desesperados.
Já de há muito ela ocorre, mas nas últimas décadas, com as destruições causadas pelos conflitos no Oriente Médio, ela aumentou muito na Europa.
Antes bem-vindos por serem mão de obra barata, agora disputam empregos que rarearam com os cidadãos locais.
A xenofobia encontra seu caldo de cultura nesse contexto.
Sem se darem conta que isso seria previsível, povos do primeiro mundo passam a ouvir os discursos mais à direita onde a xenofobia é tida como algo normal.
EUA e Europa vivem esse momento, que diga-se de passagem, é muito temeroso.
Temeroso por ser radical e violento em seus princípios.

A chance dos extremos

Em todos os lugares do planeta o discurso raso de defesa de interesses nacionais, virou fácil.
Perdeu-se a vergonha em se propor violência e fobias contra minorias, extrangeiros e outras raças e nacionalidades.
O bom senso anda perdendo espaço para os radicais.
O Brexit foi exemplo onde as pessoas de bom senso não foram votar e os radicais, apesar não serem maioria, acabaram por levar a Inglaterra a uma sinuca de bico que está longe de se resolver a contento, sem perdas de ambos os lados, maiores para eles claro.
Felizmente ouvimos que na Suécia o crescimento dos radicais de direita foi de "somente" 5%, pois a previsão era de que fosse algo em torno de 13%.
A análise de cada caso na Europa mostra essa tendência mais radical à direita.
Nos EUA nem precisamos analisar, colocaram lá (com alguma manipulação midiática) um tresloucado que ameaça a paz mundial.E não é sem querer, é notório que os EUA sempre se utilizaram das guerras (claro que no quintal dos outros) para promover seu crescimento.

Será Ciclico?

Não pretendo estar vivo para ver o crescimento fascista disfarçado em cada um destes contextos.
O melhor do ser humano que é sua capacidade de tolerância, de relativizar os conflitos e procurar termos intermediários parece que está sendo abandonado.
O discurso do ódio, da ignorância, do eles e nós, está em alta pelos extremistas.

Enquanto quem pensa moderadamente ficar calado, os extremos ficarão em movimento crescente e acabarão por sufocar uma parte da humanidade que penso ainda ser maioria.
Maioria silenciosa, tendendo a sucumbir.
Voltaremos ao planeta dos macacos?

Referências

https://piaui.folha.uol.com.br/o-embate-entre-mikhail-bakunin-e-karl-marx/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mikhail_Bakunin#Conceito_de_liberdade_de_Bakunin

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Triste fim do Foro São Paulo

Desde sua criação fui contra os princípios do Foro São Paulo.

Comentei isso com amigos petistas e comunistas.
Desde a universidade defendo que o modelo de socialismo para nós devia se embasar no nosso modelo campesino de mutirão a se desenvolver em cooperativismo forte e com esse modelo muito da estrutura econômica urbana também poderia ser construída.
Isso foi nos anos 70, quando o que se considerava esquerda já era marxista-leninista, maoísta ou qualquer outro modelo qualquer de fora de nossa realidade.
Eram chamados, praticamente todos, de "esquerda festiva" o que significava, em última instância, que eram movimentos de muito alarde mas que não se alastrava em ações concretas junto às comunidades.
Eram, enfim movimentos de elite.

O ingresso do sindicalismo (com crescentes acordos espúrios entre patrões e sindicados) o PT se torna um partido de massa, se arrogava de esquerda, mas era multifacetado.
Lula mostrou essa diversidade dentro do partido todo fracionado.
No poder, mostrou a falta de caráter de muitos de seus membros.

Em 1990 as esquerdas latino-americanas resolvem então se unir para tentar espalhar o marxismo totalitarista que fora implantado em Cuba, por todo o território.
Tentavam acobertar o aspecto totalitarista que, na prática, vemos persistir em todos os países onde essa filosofia mal denominada Bolivarianismo se implantou.

A ideia totalitarista, de ditadura, não se diferencia se de direita ou esquerda, sempre despreza o crescimento do ser humano e prefere usá-lo como massa de manobra.
As pessoas sob o julgo deles não precisam e, preferencialmente não devem, evoluir, crescer, se educar.
Isso incomodaria os ditadores e seus asseclas.

Direitas manobram as massas através de recurso midiáticos, nababescamente pagos pelo interesse econômico de minorias.
Esquerdas distribuem tanto ou mais dinheiro que as direitas em benefícios ditos sociais que, na prática, aprisionam as pessoas em seus lugares não lhes dando chance de crescimento e sendo facilmente sugestionáveis por qualquer tipo de esmola que o estado possa lhes dar.
Pior talvez foi o que criamos no Brasil que não era de esquerda realmente (bancos por exemplo nunca lucraram tanto como nos governos petistas), nem de direita pois adotavam as propagandas Goebbelianas, as isenções fiscais e as esmolas aos pobres encabrestados.

Definitivamente o mundo parece caminhar para trás sob o ponto de vista sociopolítico.
A matéria do Paul Krugmann hoje na FSP é precisa na análise de que os EUA caminhem para uma ditadura, disfarçada, mas ditadura igual à todas as outras. Ditadura 2.0!




domingo, 26 de agosto de 2018

Psiu psico

Estranho ver nos sites de relacionamentos a alta proporção de mulheres ligadas à áreas da psicologia, psicanálise e outras ligadas à saúde mental.

Fico pensando que, por proporem um equilíbrio a seus pacientes, tivessem um equilíbrio que as mantivesse razoavelmente estáveis em seus relacionamentos.
Mas parece que não é isso o que acontece.

Como estudei ciências exatas, a fenomenologia sempre me disse que para cada efeito há uma causa.
A busca dessas pessoas, a relacionamento, considerado como efeito, deve ter causas semelhantes.
Não consigo abandonar essa lógica simples.

Vivi, em união estável, mais de sete anos com uma psicóloga/psicanalista.
Convivi com outra pessoa da mesma profissão por pouco tempo.
Essas experiências me dizem que há um tipo de ausência em sua personalidade.

Talvez a formação acabe por levar os psi a terem um distanciamento do outro que os leve à impossibilidade de relações mais próximas, abertas, com um parceiro, uma verdadeira conjugação de vida.
Uniões com essas pessoas parecem que tem que satisfazer certas condições de dominação por parte delas.
Personalidades mais fracas, dependentes, podem ser passíveis de convivência, mas egos e autoestima mais elevados o impossibilitam.
É uma pena pois muitas vezes são pessoas interessantes e que poderiam ter uma convivência muito construtiva para as partes.

Talvez saindo desse lugar de analista, e voltando-se ao papel de conselheiras essa deformação de caráter se corrigisse.
Mas para isso talvez falte humildade das pessoas que encarnam essa profissão que no fundo estão aprisionados como Platão descreve na Alegoria da Caverna, que pode ser fácil de ser lido e até interpretado racionalmente, mas que nos nossos meandros emocionais difícil de ser  de ser combatido.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Relacionamento sem mentiras

Na postagem anterior termino falando da hipocrisia das pessoas ao procurarem sites de relacionamento cheias de pudor, mas que querem antes de mais nada é transar, fazer sexo, realizar suas satisfações do instinto.

Acredito que propor relações sexuais cujas intenções sejam mais claras, honestas e sem outras pretensões, poderá liberar o medo das pessoas num possível envolvimento desgastante, ou frustrante, ou qualquer outro "ante" que represente dor.

Sim vou no caminho do mundo de Huxley.
Mas ao que consta a sociedade ainda não acha que afeto e amor sejam problemas que desestabilizem-na.
Minha ideia é que, talvez nestas circunstâncias as pessoas acabem desenvolvendo o afeto mútuo normalmente, saiam desse individualismo, dessa solidão profunda que leva à vida depressiva de hoje.
Uso a lógica que vivenciei nos tempos da contracultura, talvez até dê certo, senão nada se perde.

Montarei um site (www.pratransar.com.br) com objetividade. Quem se registra é porque quer transar, não tem história de encontros para café de reconhecimento, jantares românticos, teatros, cinemas.
Entrou lá é pra transar.
Se quiserem outro tipo de encontro não faltam sites para isso.
Não se pagará nada para o registro nem para encontrar as pessoas que combinam.
Ninguém irá descrever nada que não esteja no script das perguntas que qualificam as pessoas e definem suas escolhas.

Havendo alguma combinação o site não se responsabilizará por consequências dela.
O site terá que se sustentar por outros caminhos que não a associação dos usuários.

Se ele conseguir audiência, o tempo nos mostrará caminhos para promover os afetos, remoção dos medos, e até possíveis conjugações que é que é na verdade seu objetivo.

Líquido e impermeável.

Admiráveis Tempos Líquidos

Hoje em dia o mercado de consumo é quem dirige nossa vida, não há como negar.
Seu maior interesse é criar o máximo de células de consumo.

Nos tempos feudais famílias grandes representavam mais mão de obra, agora o que interessa é que hajam novas pessoas como célula de consumo.

Resultado: as relações conjugais só servem ao mercado até a procriação, depois disso é melhor a separação que cria 2 células de consumo ao invés de uma só.

As crianças são empurradas ao consumo tão logo tomam consciência das coisa. Celulares, tablets, computadores,  televisão, shopping, supermercados, roupas, brinquedos  são descobertos por elas muito cedo.

Os pais têm pouco tempo para a educação dos filhos, deixando boa parte dessa missão de lado.

Esse estado de coisas foi bem descrito em Tempos Líquidos onde Balman assenta como fatos reais o que Huxley em Admirável Mundo  Novo havia descrito como ficção.

Neste mundo de Huxley as pessoas eram eliminadas ainda jovens, pois  novos seres poderiam ser criados conforme as necessidades planejadas para a sociedade caminhar.
A incubadora central providenciava as pessoas conforme as castas que iriam ocupar e pronto, pessoas novinhas em folha, adestradas para suas funções e sem a decisão sobre seus destinos.

Nós,  nesses tempos de transição ainda não criamos a incubadora e ainda não dá para pensar em morte determinada pela idade como a do começo da decadência biológica, pois a substituição por enquanto ainda depende do sexo.

Com isso desviamos do roteiro imaginado por Huxley pois vivemos mais tempo que os tais 35-40 anos em que deveríamos ser excluídos da vida.

Sou de uma das gerações iniciais da transição para os tais "tempos líquidos".
Assisti sua criação.
Nasci dentro do ideário romântico e o vejo dia a dia ser colocado de lado.
Não julgo se isso é bom ou mal, só constato o que ocorre.

Há uma dubiedade nas intenções do mundo regido pelo dinheiro, o modêlo romântico ainda é uma mola propulsora importante para o consumo, por quanto tempo não sei.
A arte de há muito vem se desviando dele, apesar de que muito romantismo ainda é criado pois é prazeroso pensar de forma romântica, vende-se aí os sonhos, alegrias, afetos.

A duplicação da célula de consumo se contrasta com a união conjugal, o casa e separa virou regra, é decorrência desses tempos de fluidez apressada.
O ingresso maciço das mulheres no mercado de trabalho lhes deu independência financeira.
Mais independente ficou ainda com os métodos contraceptivos.
Construímos então essas pessoas intolerantes e imediatistas.

Raros são os casais estáveis, já na minha geração são poucos. Nas mais recentes muito mais raros.

Enfim a multiplicação das células de consumo se impôs.
Temos um mundo de pessoas solitárias e emocionalmente desnorteadas, cheias de medos, protegendo-se em uma autoestima falsamente elevada.

Não há tratamento para isso, talvez os mais favorecidos possam ter uma interlocução com algum analista que os faça aceitar mais mansamente os fatos, mas isso não resolve a origem das coisas.

O Tempo e a Impermeabilidade

Como vivemos muito mais que o "mundo novo" previa, vamos construindo uma vida e tratando de defender esse lugar de conforto criado muitas vezes à duras penas.

Essa capa protetora é o que chamo de impermeabilidade.
Ela não é um erro em si, mas limita muito nossas possibilidades de evolução.

Não se trata exatamente de conservadorismo, pois há pessoas revolucionárias ou  inovadoras que nutrem essa impermeabilidade.
Sem nos darmos conta acabamos por tece-la pouco a pouco, e com o avançar da idade ela vai se reforçando.
Definimos assim um microcosmo nosso, difícil de ser penetrado.
Essa impermeabilidade acaba por fechar a vida para novas possibilidades.

Ela pode envolver indivíduos, casais, ou ainda grupos de amigos ou de interesse comum para ficar somente em alguns exemplos.
Me interesso aqui mais pelo que acontece com os indivíduos e um pouco sobre com os casais.

As redes sociais de encontros estão cheias de pessoas tentando se conectar, mas em muitos dos casos, provavelmente a maioria, trata-se de seres bastante impermeabilizados.
Sonham com uma realidade que não se concretiza.
Com um romantismo que requer mais permeabilidade e muito desejo de mudança, que as pessoas não estão dispostas a fazer.

Não faz sentido alguém abrir mão de suas zonas de conforto, em prol de outro que se mantém imutável, então na desconfiança mantemo-nos fechados e amedrontados.
Um encontro nessa conjuntura rígida é muito improvável.

Será que é possível voltar à flexibilidade que as relações pedem?

Afeto e Sexo

No mundo de Huxley a sexualidade foi mantida como força para o encontro de pessoas, desde que o encontro seja só para sexo e diversão.
Não se permite o desenvolvimento de afeto entre as pessoas.
O sexo é tratado de forma banal, livre e sem preconceitos, o que não é de todo ruim.

Talvez a critica mais contundente que a sociedade pensada no "mundo novo" seja a proibição do afeto, pois ele "atrapalha" a serenidade e a paz estabelecida.
Mas o afeto também é uma pulsão que nos move em direção a relacionamentos, conjugais ou não.
Eliminá-lo é tentar robotizar o ser humano, e aí a contundência da critica da ficção, que hoje vai se tornando realidade.
E o estamos fazendo por falta de tempo, por priorizar o ter ao invés do ser.

Mas o medo e a autoestima são forças muito fortes que nos fazem deixar os afetos de lado e nos ater ao sexo. Sofremos menos se não nos arriscamos.
O sexo e os afetos se independeram totalmente.
É mais simples buscar o sexo do que construir afetos.
Não são desejos excludentes, e assim todos andam agindo, separando sexo de afeto e, em muitos casos, desprezando esse último.

Não quero crer que caminhemos para a eliminação dos afetos, do amor.
Temos que pensar em alternativas nesse roteiro para que esses doces sentimentos sobrevivam, pois são em essência o que poderemos levar de bom nessa existência.

Redefinindo o roteiro?

Me assusta esse caminho, quase inexorável, que estamos trilhando rumo ao "Admirável mundo novo".

Nossa afetividade pode ser encontrada em outras relações.
Elas podem manter o coração aquecido.

Ou nem cultivar amigos pode ser priorizado e os corações vão se esfriando e adoecendo?

Com o passar do tempo não há mais o romantismo que tenta juntar esses desejos.
Tentá-lo seria tolice?
O pragmatismo da realidade se sobrepõe aos sonhos, às ilusões dos contos de fadas?

Quanto mais a idade d´agente vai aumentando, mais difícil fica a construção de uma relação conjugal pois ela requer novos eventos com um possível novo cônjuge.
Isso pede um movimento contrário àqueles assentados na tal zona de conforto que nos impermeabiliza.
Agrava-se outro fato que ocorre paralelamente à impermeabilidade, que é a sedimentação do comportamento.
Perde-se a verve de viver, não um viver expectante, de quem parece que já fez tudo o que devia na vida, mas  uma pulsão de querer mais dela.

Casais ou Grupos

Impermeabilidade a duas ou mais pessoas são também normais.
Casais que constroem um mundo difícil de penetrar, fechado em seus ritos e insatisfações são o constructo resultante.
Quando há um encontro conjugal bem cedo na vida, e este se permanecendo, a capa de impermeabilidade pode abraçar o casal, o próprio relacionamento.

Pessoas solitárias que encontram em grupos de amigos uma complementariedade, tendem a criar também uma impermeabilidade que envolve o grupo.
As pulsões sexuais podem não ser satisfeitas dentro do grupo e acabam por ser procuradas individualmente.


Só um aplicativo de encontros registra 26 milhões de combinações todos os dias.São 52 milhões de  expectativa de relacionamento.
Quanto desse total é movido somente pela sexualidade ou pela busca de uma companhia não é revelado, assim como o total de pessoas que participam destas redes.

Contracultura - O Movimento Hippie

Uma tentativa de disruptura com esse roteiro criado pelo consumo brotou e foi reprimido nos anos 60 e início de 70.
A ideia básica foi a de se contrapor ao status quo que acabou se desenvolvendo no pós-guerra.
Um movimento que nos EUA focou-se contra a guerra e ataques da nação contra Vietnã, Cambodja e Laos, mas que ia muito além da não pregação da não violência.
Pregava na verdade a paz e o amor como força das mudanças esperadas.
Havia um sentimento gregário.

Havia uma busca de liberdade com disruptura com a sociedade da época.
Pregava-se naturismo , a vida em comunidade e o "amor livre" como novos preceitos de convivência.

O termo "amor livre" tentava explicar uma alternativa quanto à sexualidade que consistia na possibilidade de se praticar sexo com qualquer pessoa que tivesse alguma ligação afetiva.
Não era zona, nem bacanal.
Mas tendo afinidade e afetos por outra pessoa, o sexo seria livre e natural.
Minha pouca experiência sobre esse tempo me faz lembrar que, na prática, as ligações mais fortes entre duas pessoas acabavam aparecendo, e quando acontecia era difícil aceitar "aquela pessoa" transando com outra. Simples assim, era ciúmes que,  por regra não deveria existir, mas que por amor se manifestava e fim.
Ou seja, o sexo se feito com afeto e o coração aberto com várias pessoas, hora ou outra pode acabar por conjugar duas delas.
Como disse não se tratava de um bacanal, mas de pessoas de um certo grupo com vida comunitária, muito próximas.

Na diversidade de expectativas foram adotados vários tipos de comportamento diante dessa liberdade.
Penso que começou aí uma independência entre sexo e amor.
Como os afetos são constructo mais difícil, o sexo se tornou a parte fácil da experiência.

Foram doces anos de amores plurais, corações mais puros e vida cheia de ideais que se foram, ou melhor, foram absorvidos pela sociedade de consumo no seu pior.

Espiritualidade conta?

Vejo o ser humano dividido em 4 partes que chamo de Pirâmide do Ser.

A vida me mostrou que há um mistério nela que, agnóstico que sou, aceito mas não julgo.
Há mais que a causalidade aristotélica na nossa trilha aqui no planeta.
Quando há um encontro casual, ele pode desenvolver uma empatia entre as pessoas que pode se desenvolver em afetos de vários tipos.
Mas há algo também casual, que nos desperta uma atração especial por outra pessoa, e o afeto pode se desenvolver para o amor.
Mas mesmo isso não é suficiente para conjugar duas pessoas.
Para um coração vazio é fácil se apaixonar e cair de amor por alguém, nossa emoção pede.
Uma paixão pode facilmente desembocar em relações sexuais, até muito boas, nossos instintos as pedem.
Será que isso é o que basta?
Penso que não, pois há na nossa trilha da vida algo que mágico que nos coloca em situações e frete à pessoas para que consigamos ir adiante em nossa evolução.
Acredito muito nisso.
Algumas que devemos trazer para nossa história, outras que não o devemos.
E por mais amor e paixão que possa existir, há casos em que a conjugação não será proveitosa, com nenhuma das partes ganhando nada.
Essa não é uma boa conjugação.
Viemos aqui para aprender e ensinar, conjugar representa nos fazer melhores, com essas duas funções.

Mas quando conseguimos olhar para o alto da nossa pirâmide, nos elevar um pouco do triângulo base ( que é do plano terreno ) podemos sentir o mistério da vida. Meditação, oração, danças circulares, a religião e muitas outras coisas nos ajudam nisso.
Há encontros que nos provocam uma mágica estranheza, que nos provoca uma ligação quase imediata com alguém.
Penso que isso ocorre para que duas pessoas possam conjugar experiências importantes para ambas ou ao menos para uma delas.
Devem ser aproveitadas sempre que possível pois irão ser proveitosas, mesmo que pareça que só uma pessoa esteja tendo ganhos na relação, pois por vezes é isso o que o mistério da vida nos pede.

Tentando Redefinir o Roteiro do "Mundo Novo"

A realidade atual é de que o sexo é banalizado, mesmo que muitas vezes disfarçadamente.
Pesquisas da USP mostram que 75% dos homens fariam sexo por puro prazer. Já esse percentual para as mulheres antes "românticas" é de 57% um crescimento de 10% nos últimos dez anos. Isso mostra que caminhamos céleres para uma igualdade de comportamento e, o mais importante, conduta majoritária na sociedade.

A pessoa entra na rede e posta que não está ali por sexo, mas nos primeiros encontros solta as amarras e resolve trepar.
A expectativa é a trepada, não vamos ser hipócritas.
Não é pecado algum.

Mas fica a pergunta: será que a combinação sexual é mais importante que o encontro de personalidades, projetos de vida, assuntos de interesse, expectativas do viver, do desenvolvimento mínimo de afetos?

Se ela é tão imediata seria uma linha de corte nas seleções e francamente, sem um bom sexo as relações não se sustentam.
Portanto não há mal em conhecer o como o sexo rola com a pessoa sem hipocrisia.
Mas se estamos invertendo a ordem estabelecida até pouco tempo atrás, onde o sexo viria depois, não precisamos jogar fora as outras combinações que a relação pode propiciar.

E como a prática está posta, resta pensar em um roteiro onde, depois do sexo gostoso, haja a busca de outros valores naquela pessoa que partilhou essa intimidade contigo.
Construir um conjunto de valores sobre o outro de modo a poder a ele se afeiçoar.
Manter uma relação amigável, colocá-lo em seu círculo de vida, e nos aproximarmos mais dos tempos da contracultura.

Com isso estaríamos rompendo com o caminho que nos levará ao que Huxley preconizou.
O afeto e o amor poderiam voltar a ser algo importante.
Conversar sobre ele, juntar amigos, amá-los no singular ou plural.
Talvez reconstruindo o ideário do Paz e Amor, num mundo menos ingênuo do que éramos nas décadas de 60-70, mas mais fortes ainda do que o fomos então.

Talvez, e só talvez mesmo, esse movimento poderia ser retomado ainda por nós, "envelhescentes", inquietos, que não perderam a verve e que têm um pouco da boa história nas veias, e a vivacidade de se manter vivos, atuantes.

Esse processo não seria fácil, e dificilmente exitoso caso não se tenha uma estratégia bem elaborada.

O que mais acontece é pessoas trafegando numa linha entre seus instintos e sua racionalidade, que faz com que o tesão aconteça e o racional lhe diga "porque não?".
Teríamos que partir dessa realidade atual e propor gradativamente um desvio nas condutas favorecendo a afetividade e o amor.

Caminhando para o novo roteiro

Para poder entrar nesse processo pretendido tenho que repensar meus condicionamentos românticos, algo que me é um tanto caro, afinal fomos talhados nesses dogmas.
Mas fazendo isso me ponho a viver a realidade atual, a ver o futuro tal como se descortina.

Doce o verso do Cazuza que dizia "não quero não vou não quero" quando do chamamento da  morte iminente.
Meu emocional está assim, em um estado de "não quero, não vou, não quero".
Mas só assim poderei entrar nesse mundo líquido e esquisito.
Não sou mais o príncipe encantado e descobri que "as fadas e os gnomos podem existir" parafraseando novamente o compositor, mas não os príncipes as princesas.
Elas são invenção do pior que a humanidade tinha a oferecer.

Depois preciso ressignificar o que é o afeto e o amor.
Huxley força o desprezo a eles, contrariamente eu quero que existam de nova forma.
Ele brilhante que foi, talvez tenha previsto algo que eu ainda não consigo abdicar que é o amor, uma emoção que transcende momentos, algo que faz explodir o coração, não como pulsão instintiva, da carne, mas como sensação da alma, da elevação do nosso ser.
Espero não estar vivo para essa abdicação.

Fato é que nestes tempos líquidos as pessoas mesmo que impermeáveis, não conseguem prescindir do sexo.

Há que se discutir o sexo, a sexualidade, a tansa, pois é uma pulsão de nossos instintos, ao menos para a grande maioria das pessoas.
O afeto por vezes é usado como mero mote para que as pessoas se envolvam o necessário e suficiente para cair na cama, ele não é o objetivo da relação porque representa muito trabalho e alto risco de se machucar.
O medo reforça os contra-argumentos para não se colocar emoções na pauta das relações.

Então vamos parar com a hipocrisia.
Pessoas desejosas de sexo, sem pecado, entram nas redes de relacionamento falando que querem uma companhia, um relacionamento estável, assim ou assado, que não é só sexo, mas aos primeiros encontros falam claramente que gostam de sexo, de praticá-lo, e se possível JÁ!

Não gosto dessa hipocrisia, não gosto de mentiras.
Como poderemos aproximar as pessoas despojando-as de toda essa impermeabilidade, de todos esses medos e comodismo é algo a ser proposto.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Machista eu? Será?

Passeando no Ibirapuera, num domingo, com minha querida comentei que estranho superexposição das mulheres hoje.

Recebi, de pronto, que essa postura é machista.

Estranhei a afirmação dela, pois me penso longe do machismo.

Estou há dias pensando nessa atitude, a minha e a das superexposições femininas ou não.
Escrever é uma das formas que tenho de pensar no assunto então estou aqui, postando algo para passar minha inquietação para frente.

Tem pontos que são óbvios nas atitudes das pessoas:
  • Elas gostam de se sentir o mais bonitas possível, salvo exceções que não fazem parte do que quero discutir;
  • Se sentir bonita é para expor-se para:
    • outras pessoas do mesmo gênero e se sentir incluída em um ou mais grupos,
    • para atrair alguém para compartilhar momentos de afeto ou simplesmente sexo pelo sexo,
    • melhorar sua autoestima, simples assim,
    • todas as anteriores que é o que na maior das vezes acontece;
  • A beleza da pessoa é vista de forma particular, independente do que essa beleza seja na realidade. Trocando em miúdos, a beleza de uma pessoa sem muitos predicados estéticos ainda é beleza para ela, mesmo que os outros não a vejam assim.
A partir desses pontos vemos que as pessoas podem se sentir bonitas ao se apresentar de várias formas dependendo de sua subjetividade sobre a beleza.
Exposição ou não do corpo faz parte dessa subjetividade.

Por superexposição entendo quando partes do corpo como mamas, bundas, relevos da genitália, e outras partes do corpo são mostradas total ou parcialmente, tanto por homens  como por mulheres, explicitamente ou por transparências excessivas.

Aqui cabe lembrar que todos os sexos e gêneros podem se superexpor, as minas e suas bundas, e garotões com seus tríceps, gays realçando suas bundinhas são exemplos.

Resultado de imagem para cara malhado
Fica a pergunta, o que isso representa?
Acho que é a exposição como expressão do ter e não do ser.Acho que é isso o que me faz desgostar da superexposição, o que ela representa a canalização dos valores da pessoa para sua aparência, e aí se englobam tantas outras condutas da atualidade.