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domingo, 7 de outubro de 2018

O tempo e a involução

Voltei agora a pouco de minha obrigação de votar.
Houve tempo em que votar era bom, sentimento de colaborar, participar.
Hoje não foi assim.

Voltei caminhando com fazia há 55 anos atrás, nos idos de 1963.
Minha amiga Tecris não veio, que pena.
Conversávamos sobre tudo e nada, foi minha primeira amiga, assim simples.
O muro da então casa dela já não deixa mais ninguém sentar nele.
Subiu às alturas, provavelmente para uma suposta segurança dos moradores atuais.

Caminho outrora feliz hoje se fez desolador, triste mesmo.

Em 63 ainda não tínhamos passado tudo que hoje faz minha história, de tantas esperanças e tantas ou mais desilusões.

Depois de votar fui dar uma volta em minha antiga escola.
Ela que era nova naquele tempo, tanto na obra como nas intensões pedagógicas, hoje é um tipo de cortiço, tando na obra como na educação ali prestada.

As salas de artes industriais, duas grandes, foram divididas para dar espaço para carteiras de alunos para um ensino mais atrasado que os que existiam a 55 anos atrás, nem conto aí que naquele prédio havia um dos 5 Ginásios Vocacionais.

Essas escolas eram um projeto na época para mudar o ensino no estado de São Paulo e quiça de todo Brasil.
Acabou, a ditadura hoje tão negada por ilustres alienados se encarregou de fechar as portas do projeto, prender muitos professores e exterminar com aquele antro de gente que queria formar cidadãos, não massas de manobra.

Hoje estamos votando e há a real possibilidade de termos mais um presidente ignorante, este pior que o outro pois absolutamente manipulado pelas forças mais retrógradas da nação, que eu pensei terem se tornado desprezíveis.
Como vice teremos um militar de alta patente que poderá, para meu desespero, se tornar presidente na vacância do capitão-de-bravatas eleito.

Acabaram-se as salas temáticas, artes plásticas, educação musical, práticas comerciais, economia doméstica, ciências sociais, teatro e outras.
O pátio, antes local de recreação aberto agora se faz fechado, trancado. A quadra lá dentro foi a coisa mais bem conservada que vi na escola, mas inacessível.

Não, não tem mais o clima que havia, não parece-me uma escola, mas um depósito de alunos que devem receber um ensino de baixa qualidade para complementar a educação de baixa qualidade que recebem em seus lares, na maioria deles.

Votei pensando que provavelmente meu candidato principal não vá para o segundo turno, mas espero que todos os outros em que votei, tão importantes quanto, tenham chances efetivas.
Fiz por obrigação, sem prazer, me sentindo deslocado em meu país natal que tanto me frustrou e que, dia a dia, mais me decepciona.

Preciso fazer amizade com o Rei de Passargada, talvez lá tenha uma chance de encontrar a esperança e com ela a felicidade possível.

Hoje só amanhã, e de preferência em outro lugar.

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