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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Política de baixo calão. É a dos brasileiros!

Fui testemunha do surgimento de um certo fundamentalismo político nas décadas de 60 e 70.
Lembrei-me disso quando um amigo o Clemilton, postou que agora, depois de uns meses em discórdia com alguns amigos de viés político distinto do dele, estava na ora da reaproximação.
Antes discutia-se política mais pela razão que pela emoção, e com isso não era necessário se inflamar na discussão, o que não queria dizer que não fosse acalorada.
Havia respeito mútuo, só isso.
Daí quando alguém "perdia" a razão no debate da razão, a reação emocional começa a falar mais alto.
Tempo de uma juventude que gostava de discutir sobre política e acabou criando o que chamo de fundamentalismo político.
A ditadura veio agravar essas exacerbações e fizeram com que a animosidade até pegasse em armas, ato de uma burrice imensa.
Quem já se viu defronte de um tanque de guerra, mesmo os nossos fuleiros dos anos 70, ou é um doidivanas a la Quixote ou é mesmo um imbecil.
Enfim a ditadura não foi vencida pelas armas, mas pela mobilização social que exigia a retirada dos militares.
Claro que foi ajudada também pela ruína em que eles deixaram o país.

Mas porque falo nisso?
Estou vendo na política atual pessoas e atitudes de muito baixo nível.
O político brasileiro de hoje mente como se mentiras fosse algo dentro da moral.
Não é, sinto muito mas a mentira é a desgraça da humanidade.
Mentir todos nós mentimos, mas penso que não há obrigatoriamente má intenção nelas.
Diria que muitas vezes são pequenas mentiras que ajudam a construir nosso próprio imaginário, nossas defesas, não se pretende com elas, entretanto, causar dano a ninguém.
Ainda assim não é uma boa maneira de levar a vida, quanto menos mentirmos para nós mesmos, mais teremos o senso crítico para corrigir nossos erros.

Mas os políticos, ora os políticos, por aqui aprendem a mentir e mentem a tal ponto que perdem a noção da realidade.
No estado brasileiro não estão os melhores homens e mulheres da sociedade, estão os piores.
Me desculpem as exceções que enfim fazem a regra.
Na política ficam os piores dos piores.
Buscam assentar-se nos cargos públicos pessoas que, até competentes, buscam um modo fácil de ganhar a vida sem ter que se dedicar demais, não há altruísmo não, muito menos sentido de cidadania nessas pessoas.
Só querem se acomodar num bem-bom que o mundo privado não nos dá.
Por aqui temos que matar um leão por dia - como se diz - por lá parece que os leões não entram.
Enquanto isso não mudar, enquanto formos mal servidos pelos piores que se acumulam no estado brasileiro seremos essa miséria que somos.

Nosso mito fundador é execrável, talvez nunca nos livremos dele.
Não bastasse as intenções portuguesas de colonizar-nos só para expropriar nossas riquezas, veio a malfadada corte de D.João trazer um segundo mito, que nos tornou essa porcaria que somos hoje.
Como disse José Simão, talvez devêssemos mesmo devolver o país aos índios, pedindo muitas desculpas pelas cagadas que fizemos.
É isso, infelizmente.

domingo, 13 de setembro de 2015

Necessário e Suficiente

Eu acho o ser humano insuficiente.
Estudei um pouco, bastante mas insuficientemente, de matemática para entender, nessa área, as regras de necessário e suficiente.
Transpondo para o comportamento humano penso que somos só o necessário, a grande maioria.
Suficientes nunca seremos, mas o importante é tentar, ter a índole de sê-lo, buscar enfim.
Essa é a diferença.
Não me julgo suficiente, sou tão deficiente quanto todos, mas tenho uma vontade, quero ser mais que o necessário, quero ir além, tentar ser um dia mais do que sou hoje.
Essa é minha diferença, ops, desculpe de uma grande parcela da humanidade.
  • Fazer bem feito;
  • Ter boa intenção;
  • Fazer melhor da próxima vez;
  • Alteridade;
  • Gostar do que faz, ter prazer com isso;
  • Não deu certo, tente de novo, e tente até acreditar que está errado; 
  • Aceitar errar.
São coisas que me dedico a praticar.
Somem as suas aqui.


sábado, 5 de setembro de 2015

Entreouvidos no palácio ontem...

Acordei em forma de mosca, destas como as que conheci aqui no Paraná, que ficam dando voltas em cima da mesa de centro da sala que nunca entendi o porque.
Mas Kafka à parte que já me travestiu de barata uma vez, volto à mosca que passara a ser.
Mais que ter me tornado mosca, fui insetotransportado para um lugar que não conhecia.
Mas tinha uma mesa de centro, e sabem como é o instinto, fiquei ali dando minhas voltas.
Nem tive tempo para umas primeiras voltinhas e entrou uma dona na sala.
Usava uma roupa estranha, um coturno (aquele dos milicos) e uma roupa chique, coisa de gente bem, de costureira de primeira.
Mas tava mesmo nervosa a mulher, não parava de andar de lá pra cá e cá pra lá.
Bufava como touro bravo.
Até pensei em me mandar dali, mas sabe como é o instinto, uma mesa de centro ali, linda, pra eu dar umas voltinhas a mais, ao menos completar as quinhentas para ver se dá barato uai!
Mas que, nada de sossego nas minhas voltinhas, veio uma voz do além, vinha do teto, deve ser um tipo de deus exclusivo para os humanos.
Dizia: "dona Dilma, tá aqui o presidente...", numa vozinha de macho com medo de mostrar o que tem dentro da braguilha.
Ela bateu num broche que tinha no peito e falou para o seu deus: "presidente pôrra nenhuma, agora a presidentA sou eu, manda ele entrar que hoje tô ca gota!".
No meio da fala dela entra apressado o tal cara, gozado...parecia com um boneco que vi na televisão, mas as orelhas dele eram maiores, não, não a do boneco, a do homem! Eita orelhudo que era.
Voltando à cena, o homem chegou bravo também, era um touro contra um bisão ali naquela sala.
Presidente sim dona poste, fui eu que a coloquei ai e exijo respeito, e fique sabendo que estou muito puto das calças! falou o orelhudo.
Mas precisamos nos acalmar coelhinha - ele disse.
Coelhinha é a puta que o pariu seu sem dedo - responde ela - e tem mais não me chame assim pois nunca sei se você está se referindo à imagem daquelas putanas da Playboy ou da dentuça daquele merda do Maurício de Souza.
Tá bom, tá bom, não te chamo mais de coelhinha, castorzinha que tal? - respondeu o tal sem-dedo.
Ocê tá querendo morrer hoje né ô bebum, tá arriscando o pescoço presidAntes! - completou a donzela de coturno.
Tá bom, então vou te chamar de cumpanheira tá? Não se ofenda desta vez pois eu sei que só chamo assim os idiotas que acreditam nos nossos discursos, mas é o jeito que me sobrou para te chamar tá?
Tá cumpanheiro - respondeu ela, numa declaração mutua de dois idiotas a conversar, pensei aqui comigo bem baixinho como só uma mosca pode pensar.
Vim aqui porque estou muito preocupado! - falou o com-mais-orelha-que-dedo.
Você se saiu um poste de farinha mulher, ferrou com tudo! - continuou.
Você que foi me dando as orientações- respondeu a dent... melhor não dizer senão ela me apaga com um daqueles trinta jornais que estavam na mesa dela.
E você foi acreditar em mim sua burra! Você sabe que eu não entendo nada de nada.
Dizem as más línguas que eu perdi o dedo de propósito só para me aposentar, mentira! eu não sabia mesmo é operar aquela máquina, fui o único na história do lugar a perder um dedo com aquela maquininha - ele desabafa com carar de burro-e-meio.
Mas você foi presidente! - disse a coturnada.
Ora - responde o modelo de boneco inflável - ser presidente num país de imbecis de um lado e de sacanas de outro é fácil, aprendi com o sindicalismo, enganar o povão é fácil, e ele me elegeu duas vezes e você outras duas seu poste farinhento.
Mas agora estão querendo nosso fígado, o povo está puto, tá nas ruas, e nosso exército stediliano não passa de meia dúzia, nem pagando eles aparecem mais, vê se pode.
E não é só o povão - falou ela - ontem o Trabuco mirou o trabuco dele no meu fiofó, disse que se eu mandasse o Levy embora, que seria melhor eu pedir o bilhete azul
E continua - Você sabe que não gosto de parecer melindrosa, mas tirei o coturno e tive que dizer "tudo bem meu bem".
Chamei o "filho" do homem para uma reunião com os cupinchas aqui do palácio e lhes avisei : "vocês calem a boca senão nós tamos fudidos antes do fim da semana. Elogiem o orelhudo quando ele chegar, e muito mais para a imprensa lá fora".
Eles reclamaram falando que sempre te elogiam, e eu expliquei que era o outro orelhudo, sabe cumé o novo orelhudo, é a confusão dessas orelhas...
Você quer me deixar irritado com esse negócio de orelha né mãe da Mônica? - reclamou já se exaltando o ex?-presidente.
Assim nós vamos acabar brigando!
E sabe -  falou o rouquinho - aquele embusteiro que queria vender seu negócio para dois concorrentes franceses e acabou se dando mal veio dizer para trancar eu e o Temer e o FHC numa sala para arranjar uma solução, imagina! Tá louco esse Diniz, minhas mentiras acabaram.
O Temer agora quer se vingar por ter ficado de escanteio, vai largar a gente e leva junto o partido que tanto nos custou pagar para ficar.
Tanta mutreta que fizemos agora indo pro ralo.
E o FHC tá rindo à toa de nós, eu tanto falei em herança maldita que agora a nossa vai ficar na história como a pior herança para o país, a realmente maldita.

E nem me incluiu na lista - falou ela indignada.
E precisava? adiantava você lá enchendo o saco com suas falas desconexas? Nisso ele tava certo - respondeu ele.
E eu, pequena mosca dando voltas na mesa ouvindo aquele monte de reclamação sem entender nada do que se passava ali.
Mas acho que não era só eu que não estava entendendo nada, acho que os tais duzentos milhões de imbecis, como disse o orelhudo sindicalista, também não estão entendendo nada.
Nem imaginam o que se fala aqui dentro dessas salas do palácio, parece tudo organizado, educado né?
Ufa! completei as quinhentas voltas na mesa e pluft! voltei a ser mais um idiota brasileiro.
Meio indignado com aquela conversa de meu tempo de mosca resolvi posta-la aqui.
Mas continuo intrigado para saber o que me fez virar mosca, dá de acontecer de novo né?
Acho que vou ler tudo do Kafka, talvez assim eu entenda, Nietzsche talvez....