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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A escalada das Bolsas

Tem um ponto de taxi aqui em frente de casa.
Nunca vi como os caras ficam fofocando sobre tudo, nos seus muitos momentos de ociosidade. Não gosto do que vejo, são pessoas que não tendo o que fazer, tem "todo o tempo do mundo" para articular seu corporativismo.

A mesma coisa deve acontecer nos presídios.
O ócio cria oportunidades infinitas, como PCC's e CV's.

Li outro dia que a origem das bolsas se deu nessa mesma trilha.
Lá pelos idos do século XVII ou XVIII se juntavam uns desocupados, com posses, e ficavam trocando participação neste ou naquele negócio.
Trabalhar mesmo que é bom ninguém trabalhava, só comprava e vendia, ganhava e perdia e pronto.
Se aproveitavam do fato dos negócios necessitarem de dinheiro, e tendo-o disponível investiam nos negócios contra papéis e rendimentos baseados no lucro dos mesmos.

É o como o capital podia ajudar a produção e ser ajudado por render lucros oriundos dos negócios.
É uma regra justa, que remunerava o capital através do trabalho que este patrocinava.

Acontece que, nesta roda de bar (que é onde realmente nasceram as bolsas)surgiram os expertos, que mesmo sem ter realizado o lucro, começaram a vender suas ações a outros, recebendo uma parte deste lucro ainda não realizado.

Começa aí uma inversão de valores: a economia fica à mercê do mundo financeiro.

A UE tem um Banco Central que a representa, e que, se fizer o real papel de um BC deveria regular o mercado financeiro de modo a garantir-lhe credibilidade.
Mas parece que isso não aconteceu, a crença suprema no mercado os enganou.

Li ontem que Isaac Newton no século XVIII, após ter perdido 20.000 libras na Bolsa de Londres disse: "Eu consigo calcular o movimento das estrelas, mas não a loucura dos Homens".
Ele já declarava aí a distância que existia entre especulação e realidade.

Nunca gostei de jogos, mais ainda daqueles que se ganha e perde dinheiro ganho com trabalho.
Essa é a bolsa que Newton não conseguia entender.

Essa é a bolsa que ninguém pode entender, a bolsa dos jogadores, não de quem produz.
Se uma empresa chinesa ou indiana ou koreana resolvesse comprar a GM pelo preço de suas ações iria deter um patrimônio incomensurável, tanto no que tange ao seu parque produtivo, mas como, principalmente, no que diz respeito ao seu know-how.
E isso pode acontecer, não está descartado.

O mundo real está à mercê dos jogadores.
Os governos, nada mais fazem que alimentar esse jogo quando alimentam o sistema com um dinheiro que, na maioria das vezes, ainda não existe ou que será recolhido com os impostos dos seus cidadãos (caso eles venham se o jogo der certo).

Nada está mudando enquanto o jogo continuar.
São jogos de cena dos espertinhos do mundo financeiro, aliados com os governos.
Isso não vai levar a nada, não adianta usar o conhecimento sobre o que houve na grande depressão de 29, o quadro é muito mais complexo, e a crise mais profunda.

Acredito que ela mal começou, e que muitas mazelas ainda serão vistas enquanto acreditar-se que a economia se faz com o jogo de capitais.
A economia se faz com o trabalho, seria simples entender, não fosse o mundo atual tão cheio de maus caracteres.

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