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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Partidos e o Circo Político

Vi o particionamento dos dois partidos que se confrontavam nos tempos da ditadura.
Eu estava lá e ajudava (como formiguinha) o então MDB a vencer as eleições de 82 que fizeram Montoro governador do estado falido deixado por Maluf e sua Paulipetro (entre outras maracutaias do último governador nomeado pela ditadura).
Foi quando começaram se dividir Arena e MDB em vários partidos procurando melhor identidade partidária para suas idéias.
A arena foi curta e grossa, dividiu-se entre os mais autênticos (apoiadores da ditadura) e os dissimulados que queriam apagar de seus currículos a história que fizeram apoiando a ditadura. Os dois partidos criados tem também em comum a mania de mudar de nome, PDS virou PP e PFL agora é Democratas (tentando fazer-se passar como direita mais progressiva como são os do partido homônimo nos EUA).
Mas são todos farinha do mesmo saco, direita selvagem como é a filosofia política norte americana.
Foram apoiados pela CIA para manter a ditadura por mais de 20 anos, e agora tentam dar uma de bons meninos.
Tudo bem que o tal Indio da Costa possa não ter idade para ter vivido essas coisas que vivi, mas que ao adotar a filosofia desta direita que representa, torna-se sucessor do mesmo mal.
Voltando ao particionamento do MDB, era de se esperar que a esquerda mais radical criasse o PT, o PCdoB, o PC, e um monte de outros sucessores.
Menos radical, e baseados em um trabalhismo histórico, foram criados o PDT e alguns outros.
O grupo que ganhou o governo em SP foi o que originou um tipo de dissidência do MDB que se tornou o partido PMDB e criou o PSDB numa postura que ficava um pouco mais à esquerda do grande PMDB que sobrou.
Grande desde aquela década de 1980, o PMDB sempre foi um balaio de gatos, expertos e que fazem um tipo de política "cada um pra si, Deus pra mim, e vamos colar nos governos quando não o conquistamos diretamente pelo voto".
Nessa época, acreditava eu ingenuamente, sobrava ao PSDB montar uma aliança com os partidos de esquerda para termos uma força que polarizasse a ainda forte direita nacional.
Foi nesse sentido que tentei fazer algo, mas como a esquerda (muitos daquela mesma chamada de "festiva" nos bancos da USP) se tornada irredutível em discutir pontos em comum, vi o PSDB se aliar com os espertos do PMDB e mesmo daqueles mais à direita para poder governar.
E com isso, na minha cabeça, foi tudo por água abaixo!
A direita viu no PSDB a possibilidade de se deixar influir para poder governar.
Arranjaram "bons meninos" que combatiam a ditadura, mas que precisavam de alianças para poder levar seus governos adiante.
Falo baseado em uma realidade que vivi em São Paulo, não poderia extender isso para todo o país.
Nessa época vi que não mais poderia conviver com o meio político, me fazia mal.

Mas ao que parece essa mecânica continua até hoje.

A tentativa de uma chapa "puro sangue" do PSDB acabou ruindo pela desistência do Aécio em ser uma eminência parda chamada vice-presidente, para ser um provável senador futuro candidado a presidente.
Sobrou voltar às alianças meio expúrias com a direita para se fazer algo.

Mas vemos também coisas muito estranhas do outro lado, as alianças como o PT e o PP (que lembremo-nos é o novo nome do PDS que era composto pelos Arenistas convictos).

Aí não dá mais, acho que perco o senso de realidade, e vejo que nossa política é mesmo um circo cheio de palhaços, a distribuir pão para a platéia, esperando que acreditemos no espetáculo que estão representando.

E que não me venham com aquela de que fulano ou beltrano é legal e diferente disso tudo.
Não é! Para entrar no picadeiro do circo, tem que passar pelo lamaçal que fica escondido da entrada da platéia, e ali se sujam até os mais bem intencionados.
Já chegam batizados pela lama em que se meteu o processo político brasileiro.

Não está dando mais para acreditar nessa nossa democracia tupiniquim e menos ainda nas instâncias do estado brasileiro.

Ou me isolo, ou me mando.

Envelhecer é bom por isso, acabamos por ouvir menos (surdez mesmo), ler menos (os óculos estão longe) e conversar menos (principalmente assuntos sérios).
Sobra-nos escrever bobagens como esta, e tentar ser aquilo que mais recriminava quando jovem, um alienado.

Melhor isso que acreditar no grande circo brasileiro!

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