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sábado, 1 de junho de 2013

Estado ora Estado!

Li uma notícia muito interessante nesta semana. Na Catalunha (Espanhola) estão desenvolvendo um sistema econômico à margem do Estado Espanhol.

Como sabemos a coisa anda brava por lá com 50% da população jovem e 25% do total da população sem emprego.
Algo teria que acontecer depois da sensação de impotência, da desconstrução da dignidade de uma nação que vinha vindo muito bem e agora tem boa parte de seu povo tendo que mendigar até para comer.
Com o sofrimento, acabamos por procurar saídas possíveis.

É o que o mundo está fazendo com a chamada economia solidária, defendida aqui no Brasil entre outras pessoas, pela deputada Luiza Erundina.
Estado calamidade anunciada
Me vejo à mercê de um Estado incompetente como esses que temos na contemporaneidade, numa relação mais que promíscua com o poder econômico.
Um Estado prepotente, agigantado, perdulário neste universo econômico deixou de ser um moderador para ser um arrecadador voraz de impostos que sufoca suas populações, e um péssimo distribuidor destes recursos às pessoas que com ele realmente colaboraram.

Um Estado que pratica uma falsa democracia, fazendo das eleições um espetáculo de marketing para ludibriar eleitores. Não votamos em programas de governo, em pessoas éticas e nobres, votamos nos que fazem melhor jogo de cena, votamos pela emoção e não pela razão. Eita povo idiota que a atualidade está criando.
O mesmo marketing que nos ludibria fazendo-nos envenenar com refrigerantes, é o que hoje é usado pelos políticos para fazer passar por melhor voto os piores da sociedade. 
As exceções que me perdoem pois sei que elas ainda existem, apesar de estar se rareando.
Isso não é democracia, a canalha que nos representa, e governa no mundo todo, usa o termo de forma também enganosa, para novamente nos ludibriar.
Mídia Vendida
A Mídia que se diz livre vive também às custas e a serviço deste Estado falacioso e do Poder Econômico representado pelos seus anunciantes. A força da verdade raramente prepondera, somente depois de passar pelo crivo da autocensura, que convenhamos, não deixa de ser censura. Novamente a generalização não significa que muitos e bons jornalistas tenham um foco honesto e ético no trabalho que fazem, e me parece que é um grupo cada vez mais maior. Mas a Mídia tem fatores econômicos muito difíceis de serem equacionados somente dentro da ética.
Para exemplificar nunca vi uma matéria sobre a agiotagem que os bancos brasileiros cometem, nem mesmo quando a pretendida baixa de juros prometida pelo nosso governo geraram uma avalanche de notícias. Nossos bancos cobram juros extorsivos alegando que a inadimplência é grande. 
Usam um economês idiota para a frase que todo agiota usa.
Quem nasceu primeiro a inadimplência ou o juro extorsivo? Um alimenta o outro a menos que se aja com padrões civilizados o que não é o caso dos bancos brasileiros. 
Mas de novo onde está a Mídia para defender a população? Ora falar contra anunciantes poderosos nem pensar né?

Mas a realidade é muito mais forte que as besteiras que estas quadrilhas andam fazendo. Como já disse a fome e a humilhação, levam as pessoas que tenham referências de uma vida digna, a encontrar caminhos diferentes.

Isto está acontecendo em muitos lugares e talvez seja mesmo o prenúncio de uma nova forma de organização social que se imporá à margem do Estado e acima das nacionalidades. 
Esta nova forma pressupõe todo o ideário sadio da modernidade como:
  • a convivência com os diferentes (ao contrário do que estamos vendo com o crescimento da xenofobia na Europa atual ou das crescentes manifestações homofóbicas mundo afora inclusive e inesperadamente também na Europa), 
  • o respeito ao indivíduo (hoje vilipendiado pelo Estado e por muitas empresas), 
  • uma participação cidadã mais efetiva em todos os aspectos da vida, da saúde e educação ao transporte e meio ambiente,
  • um respeito ao trabalho remunerando-o com justeza dentro do contexto em que se realiza,
  • e muitos outros que não é o caso de ficar citando aqui.
Aí nasce, quase que naturalmente, um novo sistema social, político e econômico, muito mais perto dos conceitos originais de democracia, com princípios anárquicos e muito mais interessante.
É uma revolução que nasce de dentro de cada participante, se irradia e tem força muito maior do que se imagina.
E se os jovens desempregados da Espanha deixassem de tomar refrigerantes o que fariam as indústrias para tentar retê-los no consumo? Dariam de graça? Forçariam os governos a manter planos assistenciais para que pudessem ter dinheiro para comprar? Isso tudo já foi feito, mas e se ainda assim por princípios internos os jovens deixassem de tomar esses venenos?

O sofrimento também pode levar ao esclarecimento da população fazendo-a repensar os paradigmas e neste caso a força desta nova realidade se impõe.
Se estou desempregado e não tenho ganho, posso fazer algo que conheça para trocar por algo que preciso. Em termos econômicos parece primitivo, mas é na verdade fruto de uma evolução da sociedade que está vendo que todos os processos econômicos até aqui tentados falharam. Talvez não por falta de consistência teórica, mas por falha dos aplicadores do sistema que sempre são os mais espertos da sociedade e quase que sempre os menos éticos.

Esta surgindo então essa nova economia da qual sei muito pouco e não é isso que importa para mim agora, mas sei tudo o que vi sobre ela mostra que os indivíduos passam a acreditar em uma moeda que a representa, não pela moeda, mas por princípios pessoais, de convivência social respeitosa e principalmente da lisura ética onde se empresta a juros ínfimos ou mesmo sem os juros, e sem garantias a não ser da dignidade das partes envolvidas.

Claro que é um processo demorado, talvez séculos sejam necessários para que se imponha, mas com a minha forte crença na auto-destruição que veremos do sistema econômico atual, talvez acabemos por chegar mais cedo a um estágio civilizatório minimamente decente e que inclua todos os povos e não somente os que se pretendem ungidos.

Não sei se esses vários focos desta nova economia são orquestrados ou não. Acredito que não. Podem ter sim um ideário comum, mas o importante que ele seja uma forma de auto-organização com forte participação de cada um sem delegações de poderes a terceiros.

Isso é Anarquia da boa, não o Caos, é a ordem aleatória da natureza, é a verdadeira democracia onde mais que poder é dever participar.

É um começo, quem quer colaborar?

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