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domingo, 19 de abril de 2020

Pela ciência USP & Butantan

USP & Butantã



Senta que lá vem história... mas acho legal contar.
Explico.Minha família começa com o trabalho de meu bisavô Victor Salcedo Garcia com o Dr. Vital Brasil.
Antes da virada do século 19 para o 20, Dr. Vital Brasil tinha disponível um sítio onde podia desenvolver seus estudos, área onde hoje se encontra o Cemitério da Consolação.
Cemitério da Consolação
Hoje, uma área central, mas no início do século passado era distante do então centro.

Nos idos de 1899 devido à peste bubônica, e também para continuar o desenvolvimento de seus estudos Dr. Vital Brasil  é chamado para administrar o o Laboratório da Fazenda Butantan vinculado ao Instituto Bacteriológico (atual Instituto Adolpho Lutz).

Como ele precisava de área maior para manter a criação de cavalos e outros animais que eram usados para o desenvolvimento da vacina antiofídica, entre outras necessidades, sua ida para a Fazenda foi providencial.

O laboratório foi então declarado autônomo com o nome de Instituto Serumtherápico, posteriormente Instituto Butantan

Meu bisavô acompanhou o Dr. Vital como seu técnico de laboratório.
Como a fazenda era muito distante, lhe foi oferecido a residência para sua "pequena" família, com 13 (treze) filhos que eram meus tios-avós, todos irmãos de minha avó Conceição, mãe de meu pai.

Está então entendido meu vínculo familiar com o Butantan, tantas as histórias que ouvimos de todos os parentes que lá iniciaram a vida.

Fundação da USP

Mas, entre essas histórias, contavam meus ancestrais sobre a criação do campus da USP.
Coisas de bastidores que a história pouco faz menção.
Diziam que um dia Dr. Vital Brasil foi procurado pelos diretores das 3 escolas mais importantes na época, por volta dos anos 30, Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Escola Paulista de Medicina e Escola de Engenharia Politécnica.
Pediram-lhe então um "pedacinho" da Fazenda Butantã para fundarem a Universidade de São Paulo.
Vital Brasil então pediu-lhes uns dias após os quais se fez novo encontro.

Ao mostrar a planta da proposta de Vital Brasil, os diretores estranharam que ele deixara a porção menor (que acreditavam seria cedido) perto da sede do Instituto Butantã, casa da Administração e outras construções.
Ao ser perguntado, Dr. Vital disse que não, a pequena porção continuaria sendo o Instituto Butantã, e a maior, tal qual hoje está plantado o campus, seria destinada à fundação da universidade.
Plano Original da Universidade de São Paulo

Entre pasmos e agradecidos, os diretores e Dr. Vital Brasil comemoraram aí a fundação da universidade, pois gleba não iria mais faltar para isso.

Se eu, pelos laços familiares eu já era umbilicalmente ligado ao Butantan, pelo orgulho de ter uma família que esteve perto desse evento, estendi automaticamente minha ligação afetiva para a USP.
A Escola Politécnica foi se instalar na USP gradativamente e com ela o IPT encontrou também por lá seu espaço
A medicina só nas ultimas décadas ocupou seu espaço sem abandonar sua sede na Av.Dr. Arnaldo, e o Direito não migrou, mantendo-se no histórico prédio do Largo São Francisco.

Lá estudei engenharia e minha irmã farmácia.
O prédio da Engenharia Civil, foi construído quando eu estava cursando, e por isso não tive a chance de estudar no prédio da Av. Tiradentes, sede anterior da escola.

Vivi também lá doces e duros momentos nos tempos da ditadura, na década de 1970.

Sempre achei que a USP seria motivo de orgulho para toda a população do estado, e porque não do país.
A multiplicidade de áreas que a universidade foi criando, incluindo as de humanas onde a baliza de educadores franceses foi fundamental ao seu DNA, tornando-a uma das melhores referências de ensino no país.

Dias Lúgubres

Não esperava viver um tempo onde a ciência fosse desprezada como hoje o é por parte do poder instituído.
A ignorância, o despreparo, a rudez sempre serão inimigas do conhecimento, pois por não detê-lo só concebe destruí-lo.

 Trabalho, Trabalho e mais Trabalho

Nestes tempos de pandemia deveríamos estar exaltando feitos de nossas Universidades pois elas estão colaborando diretamente no combate à doença.
Vejam algumas colaborações interessantes da USP:
  • A Poli desenvolveu um respirador quase 15 vezes mais barato que os do mercado, não estou acompanhando direito o que está acontecendo, mas em qualquer país decente esse fato iria despertar um implemento imediato na produção destes, financiados diretamente pelo Ministério da Saúde.
  • A área de Tecnologia de Informação da USP, em convênio com o Hospital Albert Einstein, desenvolveu um programa de  inteligência artificial que já está acertando cerca de 75% dos diagnósticos de contaminação pelo Covid-19, não muito distante da taxa de acerto do teste rápido comprado pelos governos. Tudo o que os pesquisadores precisam é de alguns dados do paciente e resultados de exames de sangue. Quanto mais exames realizados, mais a dita inteligência artificial irá "aprender" sobre o vírus e melhor será sua taxa de acerto. Será que estarão providenciando esses caminhos? Lembro que, antes da pandemia, o Governador J.Dória Jr não era o maior defensor da ciência e das nossas universidades paulistas.
  • O Laboratório de Psicanálise, Sociedade e Política do IPUSP criou um programa de atendimento psicológico voluntário para atender nossas cabecinhas adoecidas pelo afastamento. Para solicitar o primeiro contato, envie um e-mail para: escutato@gmail.com com nome e telefone. 
  • Foi criado um sistema para doações financeiras para quem quer ajudar no combate ao Coronavírus, com um sistema de gestão auditado e que já está apresentando ótimos resultados, para saber mais use este link.
Há muito mais sendo feito e pode ser consultado pelo site https://prp.usp.br/usp-e-covid-19/ .

Esperança

Não me encanto com ações de políticos em tempos de exceção como o de agora.
Fazem o que é obrigação ser feito, e isso não os torna melhores.
Mas é certo que com isso ganham prestígio junto à população e com isso personagens como o governador e o prefeito de São Paulo e sua capital melhoraram muito sua imagem diante da opinião pública.
Mas não nos enganemos, eles tem um viés que em nada estava ajudando nosso ensino público, são privatistas e depois dos maus ventos não penso que mudem muito de opinião.
Mas é o que temos por hora por aqui.

Desesperança

Na esfera federal não é necessário comentar os desmandos realizados cotidianamente pelo nosso algoz de plantão.
Os demais poderes, que tem as possibilidades de interditá-lo por impedimento, pela simples constatação de que se trata de um psicopata a instigar os incautos e apaixonados pela violência.
Penso que a classe política o colocou em uma quarentena até que o impeachment não elimine junto os mandatos dos senadores, deputados federais e do vice-presidente, afinal ninguém quer perder a boquinha.
Tão logo for da conveniência desses agentes políticos, rezo para que a iniciativa vá em frente e nos vejamos livres desse pústula e de sua pregação violenta.
Nosso atual Sinistro da Doença e seu pai (ou seria irmão?)

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