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terça-feira, 13 de maio de 2014

Definitivamente o Brasil não é um pais sério!

Planejamento Urbano em São Paulo
O planejamento urbano foi abandonado em São Paulo, se é que realmente existiu na prática.
 Eu acompanhei a montagem da primeira Lei do Zoneamento feita para a capital quando ainda na estudava na Poli, no início da década de 1970 que, de forma simples, definia zonas de uso e características de ocupação bem definidas para elas.
O assunto me interessava, na época fazia umas cadeiras na FAUUSP exatamente sobre planejamento urbano.  
Planejamento x Especulação
Pode ser que a lei fosse rígida, mas o combate à especulação ou é rígido ou o interesse das incorporadoras acaba destruindo a cidade.
E foi isso que aconteceu, o dinheiro foi distorcendo o que poderia ser um bom plano diretor e Sampa caiu no caos que está.
Agora, por pressão popular, além de beneficiar a especulação irá implementar a destruição do que resta de sustentabilidade na cidade.  
Planejamento Técnico x Político
 Não se deveria aprovar planos baseados em pressões políticas, deveriam ser decisões técnicas discutidas com especialistas tanto do Brasil como do exterior.
Mas isso se fôssemos um país sério, mas a décadas já dizia o diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho, embaixador do Brasil na França entre 1956 e 1964, genro do presidente Artur Bernardes (parece que não foi Charles de Gaulle que a disse mesmo).
Estou absolutamente descrente da possibilidade de participação cidadã na conjuntura atual, os políticos comandados pelo poder do capital, inventaram até um mecanismo chamado "audiência pública" para validar os desmandos que desejam implantar para servir seus interesses políticos e muitas vezes pessoais. Planejamento Civilizado
Londres, após o fim da segunda guerra, resolveu se refazer e resolveu criar um cinturão verde e limitar a expansão urbana neste área central e planejou, além deste cinturão, a criação de cidades satélites, modelo copiado aqui no Brasil para planejar Brasília.
Verdadeiros estadistas sabem que os estudos técnicos garantem a imparcialidade política e podem chegar e melhores resultados.
Lembro-me bem que uma das cidades cujo planejamento estudei na FAU tinha uma proposta que poderíamos chamar de socialista, em plena Inglaterra do pós guerra.
A proposta não era política, mas técnica e vale ser lembrada.
Baseava-se no fato de que a cidade seria uma criação do estado, e que esse e só esse investiria em sua construção e que consequentemente nelas, não haveria a propriedade particular.
Todos os imóveis seriam de propriedade do estado.  
Planejamento x Propriedade Privada
É um susto para nós que vivemos almejando comprar a casa própria ou a sede própria para a empresa, por exemplo.
Mas tem uma lógica irrefutável:
A valorização dos imóveis se dá pela valorização urbana, e não pode então ser transferida para o particular, mas para o próprio estado.
Para residir ou usar espaços comerciais na cidade, o cidadão pagaria um tipo de comodato pelo imóvel, que incluiria aluguel, impostos, etc.) que satisfaria o perfil de necessidades ao longo da vida.
Jovens poderiam usar pequenas quitinetes que seriam liberadas conforme sua vida avançasse e suas necessidades ampliassem.
 A cada troca o estado se encarregaria de fazer uma manutenção total no imóvel garantindo sua qualidade e valor utilitário.
A um ponto da vida esse perspectiva de utilização de imóveis maiores se inverteria e os casais idosos ou os viúvos voltariam a ocupar pequenas unidades simplificando sua manutenção diária.
Como falei é uma proposta estarrecedora para nós que achamos que a propriedade privada e o direito hereditário devem ser a regra da vida.
Uma nova Era?
Em muitos países mais desenvolvidos estão cogitando de altas taxações no patrimônio e nas transferências hereditárias.
 Sabe no que isso resulta?
As grandes fortunas fogem destes lugares! Não quero citar nome, mas grande ator francês procurou outra cidadania.
Alguns, em um movimento mais inteligente, acabam criando fundações com finalidades sociais e transferem boa parte destas fortunas.
Afinal há limites da capacidade de um grupo familiar usufruir da riqueza, a partir da qual essa não lhes trará mais qualidade de vida.
São soluções mais complexas, mas estão na direção da distribuição voluntária da riqueza. Iniciativa de quem evoluiu acima da necessidade de acumular riqueza.

Somos ainda seres muito primitivos, regredimos muito na nossa socialização com alteridade, com consideração ao próximo e seus direitos.
Tornamo-nos muito egoístas e perdemos nossas origens tribais, onde a ajuda de um aos outros fazia a vida possível.

É interessante notar que na Londres do pós guerra é que surge uma proposta como aquela.
Eu não lembro-me do nome da cidade, não sei também como essa proposta evoluiu depois da década de 70, pode ser que a voracidade da especulação imobiliária a tenha destruído, se não física, operacionalmente.

Talvez tenhamos que passar por grandes cataclismos, que estamos provocando doidamente, para criar um tipo de pós guerra no planeta
A natureza deverá destruir tudo o que for possível de modo a fazer com que os que sobrarem passem a respeitá-la?
Teremos que pensar em uma nova era, de gente mais decente e respeitadora do planeta e de seus próximos forjadas pela violência que irá além daquela provocada pela natureza?
Penso sinceramente que esta é a única saída.
Estamos caminhando rapidamente para ela, e quem viver será testemunha desse possível renascimento planetário e civilizatório.

Caramba, fiquei verborrágico por conta de uma provocação do Ver. Gilberto Natalini, que recomendou essa matéria: http://bit.ly/1jWeVpE que vale ser lida

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