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domingo, 18 de setembro de 2016

De volta à nova velha sampa

Paulistano e exilado daqui há muitos anos fiquei surpreso com a cidade.
A especulação imobiliária é, sem dúvida, um fenômeno surpreendente, para não dizer assustador.
É devastadora. Colocou um mastodonte a uma quadra daqui em uma zona R2 que é residencial de baixa ocupação só casas, o maldito prédio tem trocentos andares.

A corrupção no brazuquinha é definitivamente endêmica.
Para que uma incrustação dessas ser feita em um bairro alguém levou muita grana para permitir.
Deixa qualquer um triste pois jovem e tolo idealista fiz umas extensões na FAUUSP justamente sobre planejamento urbano.
Fora maravilhosos exemplos do pós-guerra, o que mais se fixou em mim sobre o assunto é a necessidade de se manter rígidas as regras criadas para não incorrer no caos pré-visualizado por quem planeja.
Pois é o caos em sampa está posto, e a causa é uma só.
O papel do planejamento no Brasil só serve mesmo para limpar a bunda dos corruptos.
A ideia de que o planejamento seja dinâmico, mutável só se sustenta quando as interações forem drásticas. Exemplifico:
  • se você quer adensar uma área tem obrigatoriamente que pensar na infraestrutura, como no abastecimento de água, captação de esgotos (que é uma merda metafórica também), energia e principalmente transporte público e privado (o tal do tráfego).
Esse é o primeiro mastodonte, provavelmente virão outros pois corruptos e corruptores não faltam no Brasil.
A Lava-Jato ataca somente um aspecto da corrupção nacional, mas é somente um de muitos quadros de corrupção que nos assolam.
Ela está em todas as hierarquias, nas três esferas de governo e em todos os poderes.
Será um cancro difícil de extirpar.
Faz parte da cultura, de nosso subdesenvolvimento.
Na tentativa de levar qualquer vantagem, até da mais simples como entrar em uma fila (de cinema ou de carros) o brasileiro acha que ser Gerson é que é legal.
Somos incivilizados e isso nos leva à necessidade da corrupção para atingirmos "todo o nosso merecimento".

Não sou contra que a cidade cresçam, que haja evolução urbana.
Há prédios novos lindos por aqui, houve alguma melhora no transporte público mas a tal linha do metro, aquela aérea, está parada. Ela seria importante para fazer parte do que seria o anel de interligação das várias linhas, hoje praticamente só alguns dos projetos das radio-concêntricas foram implementados.

Quando visitamos a Cia. do Metrô no início dos anos 70, o projeto era abrangente, e incluía um ou dois anéis de interligação das linhas de modo a melhorar a capilaridade do sistema, assim como as marginais e o rodoanel fazem.
Mas por aqui tudo o que se refere à gestão pública é deficiente não tem jeito.

E para completar vem o Temer novamente falar em privatização com financiamento de 80% do projeto feito pelo nosso capital.
Tão ridículo quanto foi o FHC naquela onda de privatizações que promoveu.
Privatizar é aceitar que empresas assumam determinados projetos e que além dos serviços prestados paguem impostos e royaties pela concessão de espaço público entre outras contrapartidas. Cabe ao estado regulamentar e fiscalizar a prestação do serviço e não investir nele.
Privatizar não é como pensam nossos políticos, jogar na privada. 
Alguém pode avisá-los por favor?


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