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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Pobre bilionário infeliz.

Clovis Rossi, em sua matéria de hoje na FSP faz ótima reflexão sobre a distribuição da riqueza.
Eu sempre pensei que o capitalismo terá um limite, pois ter mais dinheiro para quem tem muito, não representará mais nenhuma mudança de vida para ele.
Tudo o que consegue é investir para, não sei se feliz ou infelizmente, acumular mais riqueza.
0,004% da população detém 13% da riqueza, imaginem o que é isso.

Não devem limpar a bunda com nota de 100, podem usar até seda chinesa, sei lá, mas tem um limite para o pensado conforto a partir do qual nada pode ser acrescentado, não é triste?

Sim triste, isso mesmo, pois nossos sonhos de consumo estão todos realizados por ele, acabaram-se os sonhos.
Não se suicidam para não deixar o dinheiro para os outros!
Há uma infelicidade nessa exuberante acumulação.
Lembram-se do Tio Patinhas, naquele prédio-cofre de dinheiro?
Seu único valor de estimação era a moeda-número-um.
Ela representava o começo e o tempo dos sonhos.
Boa a metáfora do Disney né?

Mas quem já nasce nadando em dinheiro, não teve chance de ter sua número-um.

Talvez nunca tenha a chance de ter o símbolo da conquista da fortuna em seu imaginário, o que o torna muito pobre... de espírito quero dizer.

Quem dá valor à fortuna conquistada, tende a ter dúvidas reais sobre a validade do processo. Mesmo que tenha sido pouco escrupuloso no processo de conquista da riqueza, é acometido de certo rompante de generosidade, começa a pensar um pouco nos outros criando fundações de ajuda humanitária.
O Bill Gates é exemplo disso.

Outros, mesmo que tenham nascido em berço esplêndido, têm na sua formação familiar a tradição de cultuar a número-um do clã, aprendem o valor do trabalho, e por incrível que pareça, mesmo tendo fortunas muito maiores, ostentam menos, são muito mais comedidos.
Antonio Hermínio de Morais foi exemplo disso, um de seus filhos que não lembro o nome, foi calouro meu na Poli, e nas férias voltava todo queimado no rosto e nos braços, se tirasse a camisa dava pra ver as marcas do sol de Carajás ou outra mina qualquer em que era orientado a ir estagiar um pouco em cada departamento. Não só para conhecer o negócio, mas penso eu mais importante, conhecer o prazer do trabalho.

O que então será que faz mesmo a felicidade do ser humano.
É o ter? O poder?
Não acredito!
Quando no leito de morte pensaremos no patrão (bom ou ruim) ou nos entes queridos, nos bons momentos, nos aprendizados tidos?
A menos do judeu da piada (podia ser turco também tá?), que no leito cita todos da família e pergunta: quem toma conta "do lojinha ?", acho que as melhores lembranças são as dos momentos compartilhados.

É isso o que move Gates e os Moraes em suas ações.
O primeiro por algum tipo de dor na consciência acredito eu.
Os segundos porque colocam sua fortuna em serviço do desenvolvimento do país e até os da minha geração valorizavam a criação de trabalho como forma de fazer o homem crescer.

A humanidade só se dará conta da sua infelicidade quando descobrir que o compartilhar é que nos realiza.
Não adianta arrancar dos ricos seu dinheiro na força, eles se armam cada vez mais e aumentam assim seu poder.
Enquanto essa ínfima fração de poderosíssimas pessoas continuarem a ditar as regras, a humanidade toda (inclusive eles) estará fadada à infelicidade.
A crise econômica atual, sintoma da derrocada deste capitalismo de mercado selvagem e promíscuo com estados incompetentes e ditos democratas, é a crise desse homem que valoriza mais o ter que o ser.

Vai demorar muito para tudo isso mudar, a menos que se invente um tipo de vírus letal que se adquira pegando em dinheiro.

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