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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Hipocrisia... a cotidiana.

Li outro dia uma matéria sobre a xenofobia nos EUA onde um negro citava o quanto o racismo pode estar arraigado na mente de uma pessoa exemplificando que mesmo ele, ao olhar para trás e ver alguém caminhando na sua mesma trilha, ficava mais tranquilo se a pessoa fosse branca.
Parece paradoxal um negro se sentir mais seguro sendo acompanhado por um branco ao invés de outro negro, mas era fato testemunhado por ele, que quem quer que seja não vem ao caso.
O que me espanta é como a construção de nosso imaginário social se dá fazendo seleções estapafúrdias, e de como nós acabamos seguindo essa estupidez que criamos seja individual ou coletivamente.
O pior é que ela está lá, do mesmo modo que vendo um cão pitbul na calçada, mesmo que preso pelo seu dono, arrepiamos o pelo como gatos, mas não fazemos o mesmo com o pobre vira-latas que cruzamos logo à frente.

Quero dizer que tenho então em meu imaginário certos símbolos adjetivados de modo errado, como associar negro a perigo, bicha a cantada inapropriada, pitbul à ataques, mulher usando estampa de oncinha com puta, e assim por diante.

Mas o pior é que ao julgar as coisas sob esse prisma errado caímos na cilada de acreditar por exemplo que branco não é perigoso (fui assaltado por um branco à luz do dia), fiz um stand para o Clodovil (uma bicha pública) que desde o início foi mais respeitoso profissional e pessoalmente comigo, ainda jovem, que a maioria das pessoas com quem tratei vida afora, vejo muita mulher respeitável usando hoje saia curta,bota e blusa de oncinha, e muita puta vestida normalmente, e mais, vejo muita mulher normal querendo sexo e alardeando aos 4 ventos da internet, seriam putas? Não posso julgar.

Esses equívocos devem ser suficientes para rompermos com nossas crenças, devem agir mais com a razão do que com a emoção e fazer uma revisão desse nosso imaginário para podermos balizar melhor nossas ações.

Conduta dita politicamente correta, não o será se não passar por uma profunda revisão interna nos indivíduos de suas crenças, do que se deve ou não associar a cada símbolo.
Sem isso corre-se o risco de cair numa hipocrisia maior ainda.
É mais justo explicitar o que se sente, pois isso permite o diálogo e talvez a superação de uma forma de julgamento equivocada.

Precisamos olhar para dentro, revisar nossos conceitos para podermos agir melhor e sem tanto preconceito contra raças, gêneros, ideologias, classes profissionais, e tantos outros que já se mostram prá lá de ridículos, mas que muitas vezes não os superamos realmente.
De fachada, só pra inglês ver não adianta nada.

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