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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

E se o mundo acabar amanhã

-         Oi José, me cumprimentou João.
-         Oi - devolvi.
-         Já sabe da última? – perguntei.
-         Não –respondeu.
-         O mundo acaba amanhã! -  disse eu, sem muita ênfase.
-         É mesmo? – falou João também sem muito espanto, ou incrédulo não sei – mas é só para você ou para todos?
-         Para todos – respondi.
-         Xi! – tenho que me apressar – ele retruca.
-         Eu já estou apressado – coloquei...
-         Ele: mas que pressa é essa que te deixa prosear comigo?
-         A pressa de quem não quer deixar nada pra trás, muito menos a companhia de um amigo. Sabe, o que não fiz até agora por ti, ou contigo, devemos fazer agora... ou nunca mais.
-         É verdade – João falou pensativo.
-         Mas é tanta coisa... continuou.
-         Faz mal não, pouco é mais que nada, pouco que seja será muito, melhor: será tudo!
-         Sabe – falou João – tenho umas pendengas que quero resolver contigo sim. Melhor não deixar pra depois. Vamos sentar naquele bar, pedir uma geladinha e conversar. Tirar a limpo essas besteiras!
Sentamos, pedimos a geladinha e um quebra-gelo, e disse-lhe: diga aí, quais as pendengas?
João tomou o quebra-gelo, olhou para o mar, que ficava ali em frente... sentiu a brisa a acariciar-lhe. Respirou fundo e disse: pendenga nenhuma vale esse momento, me dá um abraço e vamos tomar essa geladinha em silêncio, em homenagem ao fim do mundo.
Brindemos ao fim do mundo! 
Vamos molhar os pés no mar... – completou inebriado.
Lá, descalços, entretidos e calados junto à imensidão do mar João me diz: e se não acabar?
O que? disse-lhe.
E se o mundo não acabar amanhã? Que faremos? – me perguntou o amigo.
Agente se encontra, toma o quebra-gelo e a geladinha, tira os sapatos e vêm de novo molhar os pés nessa água morninha – eu disse – e se perdoa novamente.
Dito e feito. O Mundo não acabou no dia seguinte.
Encontrei João com Cleide, sua mulher. Levei a Isaura – amiga minha – para o quebra-gelo, a geladinha e o pé no mar.
Depois de alguns meses éramos milhares, molhando os pés no meio de uma tarde de expediente normal, depois de um quebra-gelo e de uma (ou mais) geladinhas. Todos acreditando que amanhã o mundo iria acabar, e o que hoje não for feito, amanhã não o será.
Todos perdoaram a si mesmos e aos outros.
Eram felizes e amavam-se numa grande corrente...

Foram dias de paz...

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