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domingo, 12 de outubro de 2014

Eco-nomia. Ou muda ou morre!

Li só agora uma matéria do Economista André Lara Rezende (leia aqui vale a pena) onde enfim ouço um economista falar do fim dos paradigmas atuais que regem a economia.
Há muito penso que o modelo atual do capitalismo de mercado está exaurido.
Mas como não sou economista, só um ser pensante, não tenho muito por que ser ouvido.
No texto fica claro que a solução keynesiana  que tirou o mundo da grande depressão de 1929 não está mais surtindo efeito nessa crise que ocorre 90 anos depois.

Daqui a umas décadas quando eu já tiver partido daqui, alguém vai garimpar esses hieróglifos que publico e me dará razão.

Mas vamos lá volto a afirmar a realidade em que vivemos não se sustentará e a morte do planeta será a morte do sistema  econômico atual, pior será a companhia da morte de enormes massas populacionais.
A sociedade do dinheiro deixará de respeitá-lo quando ele não tiver como comprar água, comida, e outras coisas por simples falta delas.
O consumismo não se sustentará porque não adianta comprar um celular super-estado-da-arte se o sinal da operadora não estabiliza pois as condições climáticas interferem no sistema de telecomunicações.

Muitos dirão: dane-se eu já estarei morto quando isso acontecer!
Mas seus filhos e netos talvez venham a te xingar por ter lhes dado futuro tão amargo.
Cidadãos do futuro terão todo o direito de se envergonharem de nós.
Imersos em nosso egocentrismo, para ser delicado, coisificamos tudo.

O texto do economista que cito no início deixa claro que o país não suporta mais gente com os padrões atuais de vida, e que lembremos, está longe de ser um padrão americano ou europeu, nos rincões do hemisfério sul.

Será que haverá saída para tal situação?

Sim, a morte de um monte de gente para que o restante se sustente.
Claro que o modelo atual já usa desse critério seletivo quando permite a miséria na áfrica, na América Latina, e em tantos outros cantos do planeta, onde morre gente às enxurradas.

Mas a exemplo do Ebola, quando essas mortes atingirem os países abastados e principalmente as classes mais favorecidas de todos os países a coisa muda de figura.
E não haverá vacina para um planeta e uma sociedade profundamente adoecidos.
A morte precoce, será o agente transformador.

A reconstrução passará pela prática de novos valores humanos (novos não, já são estudados a milênios) onde o menos será mais.
A coisa será menos importante que os seres.
A alface plantada em casa, meio mirradinha mas orgânica, as hortas comunitárias em praças antes somente destinadas aos gramados, e coisas assim passarão a ser prática básica para a vida.
A sobrevivência precisará de nossa atenção, criatividade e por fim nos fará voltar aos valores sociais de colaboração mútua para podermos ir em frente.
A cidadania será restaurada gradativamente e o processo anárquico que defendo será base para as praticas políticas.
A força destes estados promíscuos que temos que se amalgamam ao capital como única forma de gestão será minada pela desconstrução da força do dinheiro na economia.

Mas como pensar em economia sem dinheiro?

O referido texto mostra que como é pensar em economia sem preços.
A desmonetização da economia acabará acontecendo.

São muitos os temas antigos e modernos que preponderarão: economia solidária, mutirões, cooperativismo, centros comunitários, autogestão na educação e saúde, descentralização, etc. serão alguns deles.

Uma sociedade que se organiza em torno do desenvolvimento dos seres não tem como eixo econômico o dinheiro, pode até utilizar várias formas de representação monetária, desde que venham a somar na equação desta nova economia.

O que resta além do fatalismo?

Alguém  como eu, que ponho a mão na massa sempre que posso, sabe o valor de construir algo, de realizar qualquer coisa que seja.
Qualquer prática que envolva a produção é e será cada vez  mais valorizada.
Artesanatos, autoconstrução (não essa meia boca de agora mas organizada em mutirões e com correta orientação técnica), a volta da costura e das tecelagens manuais, a construção de mobiliários básicos, a gastronomia cotidiana (e bem aprimorada) a produção de alimentos distribuída no espaço, e tantas outras artes manuais serão muito mais proveitosas, num mundo carente de recursos, que o videogame ou a televisão.
O marketing perderá seu poder.
A instrução e a educação talvez saiam de seu espaço fechado e se tornem práticas de todos para todos, existirá em cada ação social em todo lugar.
Todos poderemos ser professores e alunos.
Há uma grande satisfação nessas realizações.

O processo será anárquico conforme as velhas (e atualíssimas) doutrinas bakunianas.
A cultura e o conhecimento derrubarão as malfadadas técnicas da publicidade e do marketing, que é o pior agente da economia atual.
A estrutura socio-política terá que se transformar.
Teremos que participar mais nas decisões que mudam nosso dia a dia.
Haverão muitos grupos que representarão nossos interesses e participaremos de alguns deles e isso formará um processo de decisão mais completo, e mais direto.

É só um delírio meu...

Seria sim, se eu não lesse na nossa realidade atual como a leio.
É só prestar atenção ao seu redor, ler as notícias, analisar um pouco as várias crises espalhadas pelo mundo para ver que o processo de destruição já se iniciou, e se acelera dia a dia.
Os velhos sistemas tentam se sustentar, tornam-se agressivos, totalitaristas, neoimperialistas, e muitas vezes desesperado mesmo, mas não conseguem resolver as mazelas em que nos colocamos.
Falam em políticas econômicas anti-ciclicas  por não entenderem que é necessário uma mudança de paradigma.
Falam e reduzir o  desmatamento quando já devíamos ter atingido o desmatamento zero e indo mais além, recomeçado o reflorestamento mundial.
Há um grande equivoco no olhar dos poderosos tanto do capital como do estado, mas é muito difícil a autocrítica e a mudança real nos costumes estabelecidos.
Toda mudança real precisa de algo de fora do controle para que possamos promovê-la.

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