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sábado, 15 de novembro de 2014

O Petróleo é nosso, mas o "lucro" é deles?

Quando em 1970 entrei na faculdade, havia um certo orgulho na Poli por seu apoio na fundação da Petrobras.
Muitos ex alunos participaram dos movimentos em prol desse objetivo.
Antônio Carlos Zarattini, na escola,  e famoso na dramaturgia como Carlos Zara, foi um deles.
Cito-o agora, entre tantos outros que poderiam ser citados, pois foi defensor do "petróleo é nosso", e se foi pro andar de cima ainda quando a Petrobras era um orgulho para os brasileiros.
Não precisou passar pela vergonha que agora os brasileiros passam pelos desmandos que brotam da companhia que tanto nos orgulhou como nação.
A ideia original, de que deveríamos explorar o petróleo como bem nacional, e distribuir seus frutos para todos os brasileiros, na verdade nunca se realizou.
A empresa foi dominada pela economia de mercado, e nunca tivemos aqui uma gasolina a preços razoáveis.
No mínimo ela subsidiava o diesel e sempre pagou muitos impostos para sustentar governos ineptos em administrar e especialistas em surrupiar (até oficialmente) nosso parco dinheirinho.

Com a iniciativa do Pró Álcool, a Petrobras deu um pontapé inicial num programa de energia sustentável, algo que se bem me recordo, era inédito no mundo.
Nas décadas de 70 e 80 do século passado era comum o cheiro de álcool nas ruas. Dava até pra ficar "meio bebo" tamanho o desperdício dos motores carburados adaptados meio precariamente.

Mas avançamos meio que a trancos e barrancos.
Nosso petróleo até então foi do tipo pesado, que origina poucos produtos voláteis e muito asfalto.
Enquanto a Petrobras crescia como podia, íamos conseguindo chegar à meta da autossuficiência nos combustíveis, no que se refere à exploração dos fósseis e produção dos renováveis.
Lula até tentou fazer do nosso álcool um programa exitoso, a tecnologia havia se desenvolvido muito e os carros, modernizados, passaram a usar indiscriminadamente os dois produtos na mistura que o cliente desejasse.
O clamor pela sustentabilidade inflamou até os norte americanos que passaram a produzir álcool de milho em larga escala.

Os erros

O estado e o capital sempre tiveram essa convivência promíscua no Brasil.
Mesmo mundo afora, se assiste essa desgraça que é a corrupção.
Países mais avançados tentam combate-la, os mais atrasados são governados por corruptos sem escrúpulos e muito menos vergonha na cara.
Vemos um processo de moralização tentando crescer nos países europeus que acabou forçando a Alston e a Siemens (só para exemplificar) se auto declararem corruptoras e se disporem a pagar por isso.
Pagam multas mas os agentes corruptores ficam em liberdade.
O mau caráter na verdade não está sendo combatido, só forçamos as pessoas a agir dentro de uma moral que na verdade não a tem como valor pessoal.
É um vale tudo pelo lucro.
Se a mãe em pedaços der mais lucro vendem-na depois de passá-la nas mãos do Jack.
Sabemos que o PT não inventou a corrupção.
Mas entrou no poder porque seu discurso sempre foi pela moralidade.
Mas sua moralidade não passava de mais uma falácia, eram contra o roubo que fosse para bolsos que não os seus.
Para os seus, aí a moral é outra, afinal precisamos financiar nossas ações partidárias para nos manter no poder.
Roubo petista é revolucionário!
Pô, não há adjetivação para roubo, roubo é roubo.

Implantou-se uma ideia simples de aparelhar todos as instituições com membros confiáveis ao partido e seus aliados, para canalizar o resultado da corrupção para seus bolsos, tanto partidários como pessoais.
Afinal isso já havia sido feito em Santo André e em Campinas. Pena que tiveram que matar alguns um pouco mais patriotas para não inviabilizar a conquista do poder.

E assim foi construída a história que assistimos.
Não há novidade nenhuma.
Para os grandes fornecedores do estado brasileiro só interessa saber a quem irão pagar a propina, estão acostumados, escolados mesmo.
Não lhes interessa nada além do lucro.
E o que é melhor, se o descontrole é grande, a propina alta, o preço pode também ser alto.
Em Abreu e Lima até o verdureiro enfiava a mandioca de maneira aviltante nos contratos de fornecimento.
Se gritar "pega-ladrão" por lá todos levantam a mão, do porteiro ao diretor.
Pode não ser realmente assim, mas para nós aqui de fora, é essa a sensação que passa.

Pré Sal

A "descoberta" do pré sal não pode ser considerada realmente uma descoberta.
Já haviam pesquisas que mostravam esse potencial.
O problema era extrair petróleo naquela profundeza.
Empresas como a Cooper Cameron, a quem prestei alguns serviços há décadas, dizia que um dia conseguiriam chegar à essas profundidades com suas "árvores de natal" equipamento que produzem para extrair o petróleo.
Mas conseguimos certa auto suficiência na extração, mesmo antes do pré sal.
Não houve um bom planejamento dentro da Petrobras para se preparar para destilar o que extraímos.
A inépcia da gestão voltada a atender a demanda dos ladrões, que coloca em postos importantes da empresa pessoas não gabaritadas para as funções que não sejam as de roubar faz com que coisas absurdas sejam feitas.
Um exemplo dos descalabros é contratar uma Abreu e Lima sem projeto definitivo.
É como contratar a construção da sua casa sem saber o quanto vai custar, nem milionário faz isso.
A pressa é inimiga da perfeição e amiga da corrupção.

Um contrato que se multiplica por 10 ou 15 não é sério.
Será que escreveram um "mais ou menos 2 Bilhões" de "Reais ou Dlares não sabemos ainda" no contrato.

Realidade

Não conseguimos ainda sobreviver sem a compra de gasolina e diesel importados, mesmo que agora tenhamos uma aparente auto suficiência na extração.
Não conseguimos destilar o que exploramos pois a Petrobras não tem capacidade de refino ainda.
Aliada forte para a derrubada da Petrobras é a teimosia em usar controle de preços para tentar conter a inflação.
Tese burra, pois ou vivemos em um sistema de livre mercado, ou iremos ser derrubados pela economia mundial, que é o que acontece com a Venezuela e a Argentina de forma mais acentuada e com alguns outros hermanos auto proclamados Bolivarianos.
Pobre Simon, deve contorcer-se no túmulo.
Como resultado, a especialista em economia que governa o país, conseguiu quase que acabar com o programa do Álcool.
Mais da metade das indústrias sucroalcooleiras faliram, foram para o beleléu, pois a política de preços comprimidos da gasolina as inviabilizaram.
Uma pena.
Nos tempos atuais chegamos a importar álcool norte americano, produzido com milho, que é muito menos eficaz em termos de produção sustentável que o de cana, mas fazer o que?
O pré sal que seria a chance de finalmente, algo ser retornado para a nação, dentro dos objetivos iniciais da Petrobras, corre sério risco de não passar no teste de viabilidade.
Dois fatores farão muita diferença:
1. A sustentabilidade do planeta está urgenciando medidas para conter efeito estufa, com o risco de sobrevivência da humanidade. Novas fontes de energia sustentáveis podem tornar inviável a continuidade de exploração.
2. Aliada à causa acima, um produto caro e ultrapassado pode não mais se viabilizar economicamente, ainda mais com a demanda decrescente prevista para os próximos anos com a recessão que o mundo enfrenta.

Pá de cal

O triste da história toda é que mesmo com essa benvinda operação Lava Jato, que ontem conseguiu colocar as mãos em corruptores (sabe-se lá por quanto tempo ficarão engaiolados), será difícil combater a corrupção sem que se mude os paradigmas de nomeação dos gestores das companhias e autarquias estatais.
Mas isso seria esperar muito de alguém que está numa sinuca de bico como nossa presidente.
Nunca na história deste país, para parafrasear discursos ufanistas e mentirosos, um presidente foi eleito com tanta dificuldade não só no pleito, mas principalmente no início de seu mandato.
Dilma não tem apoio da base aliada e nem de seu partido, que agora mais partido que sempre é o P de um lado e o T de outro.
Lula plantou postes e o PT colhe Frankensteins.

Para continuar na sua teimosia numa gestão econômica incoerente (não agrada realmente nem os tais economistas que supostamente a apoiam), querendo ser a grande profissional na economia que faliu uma loja de R$0,99, está nos levando ao descontrole.
A queda no emprego só não é maior porque muitos desempregados não o procuram, tamanho é o descrédito do trabalhador com as suas possibilidades.
Se o desempregado não procura emprego ele não entra nas estatísticas do desemprego.
Mas a dos miseráveis está começando a aumentar, e pode ser mais significativa.

Não bastasse ser essa grande economista, nossa presidente ainda é exímia articuladora política, e mais ainda gestora de equipes.
Um brinco nessas tarefas.
Quando não tem argumentos, como qualquer incompetente, grita, bate o pau (será só metáfora?) na mesa, manda calar a boca e o desmando vira mando.
Cerca-se de capachos que a obedecem.
Fica perdida nas questões de distribuição dos (só) 39 ministérios, e sabe-se lá quantas autarquias, empresas e demais órgãos que tem a esdrúxula nomeação política e não meritória.
As velhas raposas sabem como tratar com cão raivoso, acabam ganhando sua galinha no final.

Lula x Dilma

Das velhas raposas,  talvez a mais esperta seja Lula.
Sabe que a coisa está mal, mas não sabe como controlar o  Frankenstein  que colocou na presidência.
Boa parte do PT o queria candidato neste ano, não conseguiu.
Quase perderam a eleição, ganharam pelas mentiras deslavadas que usaram numa campanha imunda, que nem esperou o baixar da cortina para fazer o que acusavam que o adversário iria fazer.

Mas agora, com o petrolão batendo à porta da presidente, que para se blindar teria que colocar a batata quente no colo do Lula, a coisa está mesmo beirando ao caos.
Lula sabe disso e não duvido que para retrucar a blindagem a Dilma não devolva a batata quente alegando que ela era a gestora maior da Petrobras quando fora ministra da pasta e como sua presidente do conselho.
Quem colocou a Sra. Foster foi Dilma, que aceitava o presidente anterior que corre o risco de ser preso em breve.

Quando o barco faz água, os ratos são os primeiros a fugir.

Se houver comprovação na justiça, que será cobrada na agilidade pela população, da participação do PT, PMDB e PP nos roubos, o impeachment poderá se tornar realidade.
Afinal foi Lula e Dilma, cada um a seu tempo e sua responsabilidade, que nomearam os corruptos. Não dá para dizer mais que não sabia, o povo não engole mais isso.

Por muito menos o Collor foi defenestrado e o PC Farias assassinado.

Hoje é dia de manifestação contra a corrupção em todo o país.
Eu vou para a rua, alias aqui, pra praça.
Vou gritar sim, Chega de corrupção!
Não gritarei Fora Dilma, pois acredito que há leis e critérios para julgá-la a contento, e essa sim quero que se aplique até onde for necessário.

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